“As redes sociais são fundamentais para determinar o sucesso de certas músicas”, destaca o doutor em Musicologia pela Universidade de São Paulo, Thiago Souza, conhecido popularmente por Thiagson, ressaltando a mudança que o mundo digital provocou na maneira de fazer e consumir música. "As redes sociais devolveram o lado social e imagético da música, algo que foi um tanto esquecido no século XX”, e acrescenta, com "o surgimento do Spotify, a imaterialidade finalmente dominou a indústria musical, dando adeus para os discos e CDs, “com a era do streaming tudo está nas nuvens”, diz o musicólogo .
O nascimento do digital popularizou o consumo e produção de músicas mundialmente. No século XX, o que parecia impossível, agora torna-se mais viável: antes, eram poucas as pessoas capazes de lançar-se no mercado musical, o processo era longo e exigia até mesmo sorte. Envolvendo participação em festivais, produção de disco, etc.. Isto é, o jeito de produzir música era caro e complexo. Mas o de consumir também, dependendo da compra de discos e CDs, que rodavam em aparelhos específicos, como vitrolas e rádios.
Atualmente, a situação se reconstruiu. Com as redes sociais, todos podem lançar uma música. O YouTube, por exemplo, tornou o processo mais fácil e popular. Assim como também a própria maneira de ouvir música tornou-se mais simples, é preciso um toque para abrir um aplicativo. Porém, o controle por algoritmos também fez parte desta reconstrução do meio musical.
“Muito se fala sobre como os algoritmos funcionam. Mas, o grande problema é que não existe uma transparência. As empresas não compartilham dados reais de como a coisa funciona. Podemos aprender a observar como o algoritmo se comporta, mas não há certeza. No fundo tá todo mundo dando um tiro no escuro”, expõe Thiagson Souza. “Antes a música era uma experiência muito mais social, isso tornava a música uma experiência mais rara".
"Com o surgimento das gravações e reproduções, a música foi se separando cada vez mais do ser humano e foi virando um produto comercializado em discos, fitas e depois MP3 e streaming”, comenta Thiago a respeito de um indústria musical que busca a venda e a massificação do objeto musical em detrimento de sua aura e originalidade. "A música ainda parece ser uma espécie de aposta que permite uma considerável ascensão social. Mas, há muitos artistas que se preocupam mais com o produto do que com os lucros”, diz.
A rede social apresenta um papel de relevância na indústria da música moderna, pois tornou-se a principal vitrine dos cantores. Se uma música viraliza no Tik Tok, os produtores atingem, então, sua principal meta, fazer dinheiro. Todos os artistas se veem cada vez mais entregues ao mercado, porque as redes e os algoritmos são quem define a popularidade “merecida” para aquela música.