Reabertura dos cinemas causa divergências de opiniões

Festival com filmes antigos é criado por produtoras para incentivar a volta das pessoas para os cinemas
por
Paula Moraes
|
11/09/2020 - 12h

A reabertura das salas de cinema em setembro com o festival “De Volta para o Cinema”, criado por produtoras nacionais de audiovisual, vem causando discordâncias de ideias. “Precisa haver muita sensibilidade para compreender os vários lados numa questão como essa”, diz o cineasta formado pela FAAP, Hugo Harris.

            Para estimular a volta do publico ao cinema, produtoras nacionais se juntaram para reexibir filmes antigos de sucesso de bilheteria por um preço mais acessível. “Acho uma boa ideia, sim, contanto que haja muita responsabilidade na prevenção e fiscalização na conduta das pessoas que participarem”. Diz Harris sobre a iniciativa.

            Harris acrescenta que o setor de entretenimento não é importante só para quem esta consumindo. “Devemos entender que se trata de um setor de atividades em que há muita gente trabalhando e que estes dependem disso”.

            Mesmo com a baixa renda gerada nesse ano com a indústria do audiovisual nacional, devido ao fechamento dos cinemas e pausa das produções. Entretanto, Harris não considera este como um fator que vai diminuir o investimento financeiro. “O cinema brasileiro depende de investimento estatal para poder ser realizado, a resposta nas salas exibidoras nunca foi o principal foco”.

O cineasta ainda acrescentou que talvez algumas produtoras reduzam a quantidade de investimento, mas que isso não será regra para todas as produtoras, visto que: “há muitos filmes que não vão para as salas de cinema, muitos vão para plataformas de streaming, e o sucesso dos que vão não vira parâmetro para definir o número de produções”.

Com os cinemas fechados desde março os cinemas Drive-In voltaram à tona como um substituto temporário das salas de cinema. Todavia, Harris não considera este como o melhor substituto para as salas. “Ver o filme de dentro do carro, num ambiente que não permite total imersão, com um vidro na sua frente e o som limitado que é escutado no rádio é diferente”.

O mesmo não pode ser dito pela médica Denise Ballester, coordenadora do curso de medicina da UNICID. “Creio que essa é uma medida a ser incentivada.”

Em relação ao festival “De Volta para o Cinema”, Ballester se diz incerta se este é o momento ideal para a reabertura das salas de cinema. “Acho precoce o retorno às salas de cinema”.

Atualmente com uma media de 80 mortes por dia no Estado de São Paulo, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, Ballester diz que o Estado esta tendo uma estabilização da pandemia, porém para ela isso não é o suficiente para a reabertura.

Para garantir a segurança da população, o festival conta com uma imensa quantidade de prevenções para a contaminação e proliferação do COVID-19, dentre eles o distanciamento de duas poltronas por pessoa, uso obrigatório de mascaras, maior higienização das salas, monitoramento de temperatura e álcool em gel disponível nas áreas de circulação.

 Mesmo com tudo isso, Ballester não acredita que isso será o suficiente para proteger a população. “Se conseguirmos seguir as normas de distanciamento e higienização frequente do local e os usuários seguissem as regras, o risco de contaminação seria mínimo. O problema é que muitas pessoas não seguem todos os protocolos de cuidados e ai é que se encontra o perigo”.

A médica inclusive cogita que com a reabertura de todo o comercio, e agora com o cinema, as pessoas vão passar a relaxar com as prevenções. “É possível que tenhamos um aumento de casos com o aumento da flexibilização”.

Ao ser questionada se frequentaria o festival, a medica diz: “Eu não iria ao cinema nesse momento.” E acrescenta que só considera um momento adequado para a volta dos cinemas quando a população já estiver vacinada ou já estivermos na zona verde de perigo.

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