A reabertura das exposições em São Paulo

As alternativas encontradas pelas mostras para comportar o público em meio à crise sanitária
por
Carlos Kelm, Fernando Fígaro e Rafaela Reis Serra
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27/11/2020 - 12h

As exposições na capital paulista voltaram em meados de outubro com restrições, após seu fechamento temporário em março. O movimento em alguns locais no coração da cidade ainda é pequeno, no entanto, é uma opção cultural para quem visa o relaxamento, além de aproveitar essa opção de lazer sem grandes problemas com tumulto. Um pouco diferente da movimentada Avenida Paulista, cujo movimento não parece ter cessado.

O projeto Japan House, localizado no começo da avenida, promove o “intercâmbio intelectual entre o Japão e o resto do mundo”, possui outras três unidades em Tóquio, Londres e Los Angeles com sua diferenciada e moderna arquitetura, é uma opção para quem não quer passar muito tempo em uma exposição.

duas exposições: “Japonésia” e “O Fabuloso Universo de Tomo Koizumi”. A primeira consiste em um ensaio fotográfico do japonês Naoki Ishikawa com sua câmera analógica, no qual retrata a cultura japonesa, como a dança tradicional e seus pontos turísticos tal qual o Monte Fuji, reforçando a ideia de que o Japão é um arquipélago com bastante diversidade. São 74 fotos no período de 2009 a 2018. Exposição feita exclusivamente para a instituição.

A outra exposição consiste em uma mostra das vestimentas extravagantes e multicoloridas do mundo fashion feitas pelo designer japonês Tomo Koizumi. São treze peças e algumas feitas especialmente para a Japan House. O designer veste celebridades e expôs suas peças na semana de moda de Nova Iorque de 2019. Para conferir as duas exibições gratuitas, é preciso fazer uma reserva antecipada.

 

Japonésia
A exposição "Japonésia" no Japan House. Foto: Carlos Kelm



Porém, até o fechamento desta reportagem, não foi informado sobre a mudança na frequência do estabelecimento.

Em um dos prédios mais famosos da Paulista, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) há três exposições: “Conexões Urbanas”, “Destinos, o Homem Inventa o Homem” e “Retratos de Mulheres por Mulheres”.

 

A primeira exposição traz ao público obras que representam a vida urbana do século XXI e toda sua diversidade cultural. A parceria de dez artistas, traz manifestações culturais misturadas com elementos cotidianos da cidade, como placas de trânsito e pedaços de ônibus interagindo com grafittis, adesivos, skates, HQs, animes, e outros elementos que expressam a sintonia do caos de uma metrópole. A organização decidiu limitar a interação do público com as instalações móveis, no entanto, não impedem que os frequentadores tenham a experiência interativa, apenas recomendam que se evite diante do risco de infecção.

 

Conexões Urbanas
Visitante interagindo com obras da exposição "Conexões Urbanas" na Fiesp. Foto: Rafaela Reis Serra



Nessa exposição, um dos guias de visitação que trabalha há 5 anos na Fiesp, informou que “tinha mais elementos que distraíam a atenção do detalhe, agora a pessoa acaba focando na imagem do detalhezinho.” Por se tratar de uma mostra multilinguística, as pessoas estão mais atentas aos detalhes e não apenas restritas a interação com as obras.

A exposição de José Roberto Aguilar, “Destinos, o Homem Inventa o Homem”  foi outra que marcou a reabertura do Centro Cultural Fiesp. Em suas pinturas Aguilar reúne personagens da matemática, da filosofia, do meio artístico e outras âncoras da  cultura ocidental com arquétipos carnavalescos criticando as ações do homem e alertando suas consequências.

A última exposição conferida pela a reportagem foi a “Retratos de Mulheres por Mulheres”. Uma coletânea de ensaios feitos por importantes fotógrafas contemporâneas, que traz à tona temas como o empoderamento feminino, corpo, padrões estéticos, feminismo, direitos igualitários. A amostra serve como uma ferramenta importante para um diálogo aberto a todas as mulheres.

Saindo um pouco do circuito da Avenida Paulista e adentrando a região dos jardins, há a exposição “John Lennon em Nova York por Bob Gruen”, no Museu da Imagem e do Som (MIS), o qual foi responsável por grandes exposições, como do Castelo Rá-Tim-Bum e do cineasta Alfred Hitchcock. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site Sympla.

A mostra traz uma série de 130 fotografias tiradas pelo fotógrafo nova-iorquino Bob Gruen na década de 1970, período em que foi amigo íntimo de John Lennon e Yoko Ono. O consagrado fotógrafo já fotografou diversos astros do rock, como Eric Clapton, Led Zeppelin, Jerry Garcia, Patti Smith, David Bowie, Tina Turner, entre outros. Nesta exposição única, podemos conhecer de perto a vida do casal de artistas, desde a sua mudança para Nova York, até a morte de Lennon. 

 

John Lennon
Reprodução da praça Strawberry Fields do Central Park, em homenagem a John Lennon, no MIS. Foto: Carlos Kelm



Logo na entrada, podemos ouvir alguns clássicos solo do músico permeando o ambiente. Somos apresentados a exposição através de breves biografias e algumas fotos de Lennon e Yoko; a música ambiente nos acompanha durante todo o percurso. As fotos são diversas e cobrem muitas ocasiões: aventuras noturnas, passeios pela cidade, entrevistas e momentos de intimidade com o filho. Como Gruen era próximo ao casal, as fotos trazem uma ótica detalhada para quem quer um conhecimento mais completo da trajetória dos dois músicos.

Para a curadora Stephanie Guarido, as exposições continuarão seguindo de forma presencial mesmo depois da pandemia e também terá outra abordagem online, visando novos meios, “existe uma grande dificuldade por parte das instituições de se atualizarem para também atender de maneira eficiente um novo público, que acaba sendo muito mais amplo, já que em qualquer lugar do mundo você pode ver as exposições.”

Para a curadora e um dos guias da Fiesp, é consenso que o público deveria voltar às exposições, pois as medidas de segurança são mais que eficientes, além de existir um controle do número de pessoas e medidas sanitárias para o recebimento dos visitantes.

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