Quer relaxar? Pergunte-me como

Buscar a tranquilidade em São Paulo pode ser uma tarefa difícil, mas não impossível
por
Victória Toral de Oliveira
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08/04/2022 - 12h

 

Foto: Divulgação / Mundo Conectado
Foto: Divulgação / Mundo Conectado

Pensar em um momento nestes seis meses, em que estou em São Paulo, quando consegui realmente relaxar foi uma tarefa muito difícil. Nesse período consegui um estágio, descobri que minhas aulas voltariam presenciais e busquei por quartos na região da faculdade, para que minha rotina melhorasse um pouco. Uma mudança radical e conturbada em minha vida, que eu não tinha noção do tamanho. 

São Paulo, também conhecida como a cidade que não para, transformou essa mulher, que já era ligada no 110 volts, em uma jovem, louca, ligada no 220 volts. A bagunça dessa cidade não me permitiu, por um tempo, encontrar momentos que me trouxessem paz interior. 

Quando fui desafiada a encontrar algo aqui na capital que me tranquilizasse, a primeira coisa que veio na minha cabeça era ir embora daqui. Sair de São Paulo, pegar um ônibus que me levasse para minha cidade. Não porque a cidade onde eu morava era calma, porque não é, mas porque o caminho, a trajetória até lá permitia eu alcançar um silêncio no meu corpo fora do comum. 

Dizer que apenas fora de São Paulo eu encontro paz foi meio que exagero né? Mas pensa comigo, estou a  pouco tempo tentando me adaptar a essa diferente, estranha e movimentada cidade, que é difícil pensar em algo que me fez ter um momento tranquilo. 

Quando tentei me acalmar andando por uma das avenidas mais famosas de São Paulo, que é a avenida Paulista, o sentimento de euforia dominou meu corpo. Fiquei  hipnotizada, até que perdi a concentração para tentar relaxar. 

Tentei tirar um tempo para apenas caminhar e tomar café, coisas que sempre gostei de fazer nos momentos que me via estressada. Mas não consegui realizar as duas tarefas ao mesmo tempo. Pessoas trombaram em mim, o medo de ser assaltada, enquanto tentava me distrair, pois sempre escutei para ficar muito atenta quando andasse por São Paulo, e o tempo todo olhando os nomes das ruas para não me perder, transformou essas simples atividades em desafios complexos para minha mente. 

Essa tentativa, naquele momento, da minha vida realmente falhou, então fui tentar buscar outra. Fui até bibliotecas, sentei e tentei ler livros que achava interessante, mas realmente não sei o que aconteceu, eu não parava de pensar nos trajetos que faria depois que saísse do local, o trânsito da cidade fazia minha mente ser dominada pela dúvida de quanto tempo levaria para chegar na casa da minha irmã e, mais uma vez me perdi completamente entre as palavras do escritor Haemin Sunim. O livro “As coisas que você só vê quando desacelera”, apenas serviu como paisagem para a minha mente. 

Todos esses momentos que tive na tentativa de ficar mais relaxada, me deixou realmente preocupada.Como uma cidade não me deu lugares, ou atividades que me fizesse relaxar? Será que São Paulo seria a cafeína em meu corpo? Não conseguiria relaxar em por cinco minutos nessa cidade?Todas essas perguntas vieram na minha cabeça, a procura pela tranquilidade falhou e mais uma vez não conseguia ficar relaxada.

Mas, depois de um tempo com todos esses questionamentos que ficaram lá no fundo da minha mente, enquanto vivia uma vida agitada fui questionada por um professor a encontrar algo que me deixasse tranquilia em São Paulo. A pergunta vinda de fora provocou uma rebobinada nos últimos seis meses que vivi aqui e mostrou que não é apenas a cidade que precisava encontrar meu eixo. Eu também precisava buscar entender o eixo de São Paulo.

Então, refiz todas as caminhadas que dei no começo, tomei novamente os cafés que tinha experimentado quando cheguei, me aventurei novamente em bibliotecas que não lembrava o trajeto e andei pela Paulista olhando apenas para frente, com foco total no meu futuro. E finalmente percebi, eu estava tranquila, com foco apenas na minha respiração. A minha mente não tinha a menor noção do que estava acontecendo. Foi quando entendi, que para achar algo que te acalme em São Paulo é necessário saber unir o seu eixo com o da cidade que nunca dorme.

Buscar lugares que te acalmam, não precisamente é saber encontrar um lugar calmo em São Paulo. A tranquilidade vem de dentro. Os parques cheio de pessoas fazendo coisas diferentes, podem ser uma ótima oportunidade de buscar a calmaria. Ou, se você é do tipo que senti o silêncio como uma característica para ter paz as bibliotecas são uma boa opção. Mas o que realmente importa, nessa caminhada é entender que para encontrar um lugar que te transmita paz, você precisa estar buscando por ela.  

 

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