Queda de avião na Rússia mata líder do Grupo Wagner

De acordo com autoridades, entre as vítimas está Yevgney Prigozhin, líder do grupo paramilitar russo Wagner.
por
Francisco Barreto Dalla Vecchia
|
24/08/2023 - 12h

Na noite desta quarta-feira (23), um jato particular com dez tripulantes caiu nas proximidades da vila de Kuzhenkino, região de Tver, a aproximadamente 310 quilômetros de Moscou. A Agência Nacional para o Transporte Aéreo russo confirmou que Yevgney Prigozhin, de 62 anos, conhecido por chefiar o grupo mercenário Wagner, estava na lista de passageiros e a bordo da aeronave. O número 2 do grupo paramilitar, Dmitri Utkin, também estava a bordo segundo as autoridades. Ao todo, outras oito pessoas morreram.

Por meio de comunicado, o órgão informou que criou uma comissão especial para investigar o acidente. "Uma investigação foi lançada sobre a queda de um avião Embraer que ocorreu esta noite na região de Tver. Conforme a lista de passageiros, o nome de Yevgeny Prigozhin está entre eles”, disse a agência.

O monitor de voos online Flight Radar 24 registrou que o Embraer Legacy 600 (aeronave identificada como RA-02795) deixou de ser detectado em seus registros às 18h11, horário local da Rússia. Ainda de acordo com o Ministério de Situações de Emergência, o voo ligava Moscou a São Petersburgo.

Avião que transportava Prigozhin em chamas. Fonte: Ostorozhno Novosti via Reuters.
Avião que transportava Prigozhin em chamas. Fonte: Ostorozhno Novosti via Reuters.

 

Ascensão e queda de Prigozhin
Yevgeny Prigozhin, o líder do Grupo Wagner. fonte: AFP/AFP
Yevgeny Prigozhin, o líder do Grupo Wagner. fonte: AFP/AFP

Até conhecer Vladimie Putin, Prigozhin era um cidadão comum. Ambos começaram a se relacionar na década de 1990, quando Prigozhin inaugurou um restaurante em Moscou, que naquele tempo tinha como vice-prefeito o atual presidente russo. 

Algum tempo depois, o líder do grupo Wagner desenvolveu uma rede de buffets, por meio da qual estabeleceu contratos com o governo russo. Graças a essa conexão, a mídia ocidental começou a chamá-lo de "chefe de Putin".

Em 2016, Prigozhin supostamente orquestrou uma grande campanha online para influenciar as eleições dos EUA. A campanha foi executada pela empresa Internet Research Agency, que tem sua sede localizada em São Petersburgo. Conquistando o coração da ala conservadora da política russa, pesquisas sugeriram que ele já foi a quinta figura mais popular dentro do aparato estatal russo depois de Putin. 

Entre 23 e 24 de junho de 2023, Prigozhin liderou uma revolta fracassada contra o Estado Maior russo, incitando a "marcha da justiça sobre Moscou". O motim protestava contra supostos casos de corrupção no ministério da Defesa russo.

 

A revolta foi encerrada por negociações entre o Grupo Wagner e o Kremlin, sendo decidido que seu líder e os revoltosos seriam exilados para Belarus. Em um discurso televisionado, o presidente Putin chamou o levante de traição, e acusou seu líder de tentar incitar uma guerra civil.

Contrariando o esperado, o líder da organização paramilitar foi visto andando livremente na Rússia depois do acordo, inclusive estando presente na cúpula Rússia-África, ocorrida em São Petersburgo no final de julho deste ano.

O Grupo Wagner

O grupo foi batizado de Wagner em homenagem a Dmitry Utkin, um tenente-coronel aposentado das forças especiais russas, sendo o primeiro comandante da organização. Por ser considerado uma empresa militar privada, a organização chama menos a atenção e desfruta de mais liberdade de atuação ao ser comparada com tropas regulares do exército russo. Sendo assim, a empresa é uma peça fundamental para a defesa dos interesses estratégicos de Putin.

O exército mercenário foi avistado publicamente pela primeira vez em 2014, no contexto da anexação russa da península ucraniana da Crimeia. Entretanto, a organização ganhou fama por sua atuação no atual conflito na Ucrânia. Se destacando na batalha de Bakhmut, na qual exerceram um importante papel. O confronto foi apelidado de "moedor de carne" pelos soldados de ambos os lados. As baixas e a intensidade do conflito lembraram a batalha de Verdun, ocorrida em 1916, na Primeira Guerra Mundial.

Até agora, a organização já atuou em países como Síria, Líbia, Mali, Burkina-Fasso, República Centro-Africana e Sudão.

Emblema adotado pelo Grupo Wagner. Fonte: wargonzo/Telegram
Emblema adotado pelo Grupo Wagner. Fonte: wargonzo/Telegram

 

Tags: