Que esporte é esse?: Vela

Conheça mais sobre o esporte que mais rendeu medalhas de ouro para o Brasil
por
Amanda Campos
Mateus Carrilho
Matheus Táparo
|
15/07/2024 - 12h

A vela é uma das mais antigas modalidades olímpicas, o esporte tem uma história rica que se inicia no século 17, quando surgiu, na Holanda, um tipo de embarcação chamado "Jaghtstchip". Prático e fácil de conduzir, o “barco” chamou a atenção do rei inglês Carlos II, que estava exilado no país. Ao retornar ao seu reino, Carlos II fez melhorias na embarcação e promoveu as primeiras regatas em águas britânicas. 

 

O primeiro clube de vela foi fundado na Irlanda em 1720, conhecido como Royal Cork Yacht Club. Em 1907, nasceu a União Internacional de Corridas de Iates (IYUR), hoje chamada Federação Internacional de Vela (ISAF), que administra o esporte mundialmente. A modalidade deveria ter sido disputada na primeira edição dos Jogos Olímpicos, em 1896, em Atenas, mas as condições meteorológicas desfavoráveis impediram as provas. Assim, a modalidade estreou nas Olimpíadas de Paris, em 1900.

Foto: Phil Walter/Getty Images
Competição de vela nas Olimpíadas. Foto: Phil Walter/Getty Images

 

 

Como funciona?

O objetivo principal da vela, é mover o barco aproveitando apenas a força dos ventos, com regras estipuladas pela ISAF. As competições são divididas em uma série de regatas, e os atletas acumulam pontos de acordo com a sua colocação em cada uma delas: o primeiro recebe um ponto, o segundo dois e assim por diante. Os dez melhores disputam a regata da medalha, que tem pontuação duplicada, e os vencedores são aqueles que, ao final, somarem menos pontos. 

 

A disputa de cada classe Olímpica é realizada em barcos idênticos, sendo as regatas decididas exclusivamente pelo talento individual dos atletas. O percurso é definido por dois barcos da organização que se posicionam em posições paralelas, formando uma linha imaginária, de onde é dada a largada de cada regata. Os trajetos são definidos por boias posicionadas pela área de regata. Em um esporte em que o vento é combustível para o barco, vence quem melhor se adapta às condições climáticas e de navegação.

 

 

Classes

Os Jogos em Paris contarão com 10 classes de barcos, divididas em categorias masculinas, femininas e mistas, garantindo um espetáculo para todos os gostos. Pela primeira vez, em 2024, dois eventos acontecerão nas Olimpíadas: o iQFoil – que substitui RS:X no windsurfing – e o Fórmula Kite. Confira a divisão da competição:

Skiffs: 

Laser, Laser Radial: Barcos individuais de vela com casco idêntico, mas com diferentes tamanhos de velas; Laser Radial é uma versão adaptada para velejadores mais leves.

 

Double Sculls:

49er, 49er FX: Barcos de vela rápidos para duas pessoas, sendo o 49erFX uma versão com velas menores para mulheres.

Multihull: 

Nacra 17: Multicasco de alta performance para dois velejadores, projetado para mistas competições (homens e mulheres).

 

Kitesurf:

Fórmula Kite (M/F): Competição de kitesurf onde os competidores usam kites e pranchas para navegar, divididos em categorias masculina e feminina.

 

Windsurf:

IQFoil (M/F): Windsurf com pranchas equipadas com foils, permitindo velocidades elevadas e competição em categorias masculina e feminina.

 

470: 

470 Misto: Barco de dois tripulantes, com competições mistas exigindo uma tripulação de um homem e uma mulher.

 

Brasil

Ao todo, a modalidade rendeu 19 medalhas olímpicas para o país, sendo oito medalhas de ouro, três de prata e oito de bronze. Este é o esporte em que o Brasil mais alcançou o lugar mais alto do pódio na história das Olimpíadas – porém, está longe de ser o país com mais triunfos. O quadro geral é liderado pela Grã-Bretanha, com 64 medalhas gerais somadas, e logo em seguida vem os Estados Unidos, com 61.

A vela é uma das modalidades mais vencedoras do esporte brasileiro nas Olimpíadas – Foto: Miriam Jeske / COB
A vela é uma das modalidades mais vencedoras do esporte brasileiro nas Olimpíadas – Foto: Miriam Jeske/COB

Em 2024, o Time Brasil levará 12 atletas, divididos em oito barcos. Nomes como Martine Grael e Kahena Kunze, dupla na categoria 49erFX; Marco Grael – irmão de Martine – e Gabriel Simões, na classe 49er; Matheus Isaac, no IQ Foil e Bruno Lobo na Fórmula Kite são alguns dos destaques brasileiros em Paris. 

 

 

A família Grael

Uma das mais destacadas na vela mundial, é liderada por Torben Grael, que possui cinco medalhas olímpicas, que o faz o maior medalhista da história do Brasil – dividindo o posto com Robert Scheidt, também velejador – sendo duas de ouro, duas de prata e uma de bronze, além de vitórias na Volvo Ocean Race.

Seus irmãos, Lars Grael e Axel Grael, também são velejadores de renome. Lars conquistou duas medalhas de bronze olímpicas, em Seul 1988 e Atlanta 1996, e é conhecido por suas contribuições para o esporte e para a segurança na vela. Axel, por sua vez, é velejador e político, tendo seguido os passos de seus irmãos na vela competitiva.

A família Grael soma nove medalhas olímpicas: são cinco de Torben, duas de Lars e duas de Martine – Foto: Lucas Benevides
A família Grael soma nove medalhas olímpicas: são cinco de Torben, duas de Lars e duas de Martine – Foto: Lucas Benevides

 

Além disso, a filha de Torben também é uma velejadora de destaque. Martine Grael foi medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, e de Tóquio, em 2021, na classe 49erFX, ao lado de Kahena Kunze. Ela é conhecida por suas habilidades técnicas e conquistas em regatas internacionais, sendo uma inspiração para a vela brasileira e mundial. Martine competirá nos Jogos Olímpicos de Paris novamente ao lado de Kunze, em busca de mais um ouro para o Brasil.

 

 

Em Paris

Para os eventos de vela na França em 2024, a Marina de Roucas-Blanc, ponto de partida para embarcações, será adaptada para acolher uma competição do tamanho dos Jogos Olímpicos. O programa prevê cerca de 7.000 m2 de prédios e reorganização de 17.000 m2 de espaços externos, bem como a requalificação da própria bacia, transformando-a em um palco de excelência para competições.
 

Marina de Roucas-Blanc, em Marselha. – Foto: Gabrielle Voinot/The NY Times
Marina de Roucas-Blanc, em Marselha. – Foto: Gabrielle Voinot/The NY Times

 

 

 

Candidatos ao ouro

A competição, por suas diversas classes, possuiu alguns nomes para ficar de olho:

Matt Wearn (Austrália):

Wearn foi medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, na classe Laser, após finalizar a série de treze regatas com 53 pontos.

Anne-Marie Rindom (Dinamarca):

Rindom representou seu país no Rio de Janeiro em 2016, nos quais conquistou a medalha de bronze na laser radial. Obteve o ouro na mesma classe em Tóquio 2020.

Peter Burling e Blair Tuke (Nova Zelândia):

A dupla foi porta-bandeira da Nova Zelândia nos Jogos Olímpicos de 2016, na qual conquistaram medalha de ouro na classe 49er, com uma campanha muito segura, venceram antes mesmo da regata da medalha.

Martine Grael e Kahena Kunze (Brasil):

As brasileiras formam uma das duplas mais destacadas na vela brasileira e mundial. Em 2014, Martine e Kahena conquistaram o título mundial na Espanha, sendo a primeira vez que velejadoras brasileiras alcançaram esse feito. Em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio, elas ganharam a medalha de ouro na categoria 49erFX, repetindo o feito em Tóquio 2020. 

Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram duas medalhas de ouro olímpicas, em 2016 e 2021. – Foto: Jonne Roriz/COB
Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram duas medalhas de ouro olímpicas, em 2016 e 2021. – Foto: Jonne Roriz/COB

Ruggero Tita e Caterina Banti (Itália):

Tita e Banti  participaram dos Jogos Olímpicos de Tóqui, em 2020, onde competiram na classe Nacra 17, conquistando a medalha de ouro com a totalização de 35 pontos ao final das treze regatas.

Nico Parlier (França):

Nos últimos anos, o atleta tem se destacado na Fórmula Kite. O francês foi campeão mundial por três anos consecutivos: 2017, 2018 e 2019.

Daniela Moroz (EUA):

Com apenas 23 anos, Morez foi campeã mundial de Fórmula Kite seis vezes. E foi escolhida a Velejadora Rolex do Ano dos EUA quatro vezes.

Kiran Badloe (Países Baixos):

Badloe participou dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, onde participou da classe RS:X conquistando a medalha de ouro após finalizar a série de treze regatas com 36 pontos.

Hannah Mills e Eilidh McIntyre (Reino Unido):

A dupla conquistou o ouro em Tóquio 2020, na classe 470. Além disso, Mills  tem outras duas medalhas na categoria – uma de prata, em Londres 2012, e outra de ouro, no Rio de Janeiro, em 2016.