A natação, um dos esportes mais tradicionais das Olimpíadas, começa suas primeiras baterias nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 no dia 27 de julho e a Arena Paris La Défense será estreada com os eventos nas piscinas. O Brasil também está preparado, com 18 atletas, incluindo destaques como Guilherme Costa e Maria Fernanda Costa. Grandes nomes como Katie Ledecky dos Estados Unidos e novas revelações prometem acirrar a disputa nas águas parisienses.
Surgimento da natação
A natação é praticada desde muitos anos antes de Cristo, e isso pode ser comprovado por meio de pinturas rupestres e relatos que demonstram uma relação de longa data dos humanos com a atividade.
A origem se relaciona à teoria da observação dos animais aquáticos por grupos antigos de humanos, o que possibilitou a observação de como se dava o deslocamento do corpo na água. Assim, a natação começou a ser consolidada enquanto uma prática que permite a movimentação corporal de maneira fluida no ambiente aquático.
A capacidade de nadar possibilitou avanços em questões relacionadas à sobrevivência e ao desenvolvimento humano, pois os antigos precisavam atravessar rios e lagos para obter alimento. Na Grécia antiga, a natação assumiu uma relação com a saúde e educação. E no Império Romano, a natação fazia parte do sistema de treinamento e condicionamento físico dos soldados.
As primeiras competições organizadas de natação aconteceram em Londres, em 1837. E em 1874 é redigido o primeiro livro de regras da natação.
Trajetória Olímpica do esporte
Nos Jogos Olímpicos, a natação marcou presença em todas as edições da era moderna, mas os atletas começaram a praticar o esporte em piscinas apenas em 1908, em Londres. Na primeira edição dos jogos, a disputa aconteceu em um ambiente natural, sediado na baía de Zea, em Atenas (1896) – onde apenas os eventos de estilo livre foram disputados. Os estilos costas e peito foram adicionados às Olimpíadas de 1904, em St. Louis e o nado borboleta, apenas 52 anos depois, nos jogos de Melbourne, em 1956. Já as mulheres, entraram para a programação Olímpica somente em 1912. Atualmente, tanto a categoria feminina, quanto a masculina são idênticas.
Os Estados Unidos lideram o ranking de países com mais medalhas na modalidade, são 579 no total, já tendo conquistado 258 ouros, 178 pratas e 143 bronzes. Michael Phelps, o nadador norte-americano, é o atleta olímpico que mais vezes subiu ao pódio e na carreira conquistou 23 ouros, 8 pratas e 2 bronzes. A Austrália é o segundo destaque, com 188 medalhas, sendo 60 ouros, 64 pratas e 64 bronzes. O Brasil ocupa o 30° lugar da lista, com um ouro de Cesar Cielo, 4 pratas e 10 bronzes.
Diferentes estilos
Existem quatro estilos das provas Olímpicas da natação, tanto individuais quanto de revezamento. São elas: peito, borboleta, costas e crawl.
O crawl é usado predominantemente em provas de estilo livre e, dessa forma, o termo “livre” é frequentemente usado como sinônimo. É o estilo mais conhecido, mais praticado e simples de natação. Nele, o nadador alterna movimentos do braço para cima e para baixo com os braços de forma a puxar a água à sua frente, enquanto os pés estendidos se movimentam em golpes curtos.
O nado de costas é o único em que o nadador fica com o peito voltado para cima. O movimento é bem semelhante ao do crawl: os pés batem de forma constante, e os braços alternam movimentos ora dentro, ora fora d'água. Como não está virado para a mesma direção em que nada, o atleta se orienta pelo número de braçadas ou pelas bandeiras que são penduradas sobre a piscina, a 5 metros de cada borda.
No nado de peito, o mais lento entre estilos, os atletas realizam o movimento que se assemelha ao de uma rã. As mãos, juntas na altura do peito, são levadas para a frente e empurradas para trás horizontalmente, com a palma voltada para fora. Ao mesmo tempo, as pernas, dobradas junto ao tronco, devem ser impelidas para trás, resultando em um corpo completamente estendido sob a água
No nado borboleta, também conhecido como "nado golfinho", o nadador gira os braços e flexiona o corpo para cima e para baixo formando uma ondulação, em um movimento que lembra o nado do animal. As pernas que devem estar alongadas e juntas, se movimentam como se fossem uma grande cauda. É conhecido como o mais difícil da natação, por ser o "mais pesado", exigindo maior movimentação e força do atleta.
Uma quinta prova, o medley, envolve os quatro estilos, com os nadadores alternando entre eles. Em competições individuais, cada quarto da prova é disputado sob determinado estilo, elas podem ser de 200m, (50m para cada estilo) ou de 400m (100m para cada estilo). Nos revezamentos, que contam com quatro atletas, cada nadador realiza um nado específico (exclusivamente 4x100m).
Regras
O esporte deve ser praticado em piscinas com padrões olímpicos, exigindo certa profundidade e tamanho, com área de 50x25 metros e três de profundidade. Além das oito raias divididas para os atletas, onde cada competidor deve permanecer no seu espaço. Além disso, em qualquer estilo de nado, é proibido saltar na piscina antes do sinal. A famosa expressão “queimar largada”.
É necessário que os atletas usem obrigatoriamente óculos e touca, além das roupas como maiô para as mulheres e sunga para os homens.
Dentre os quatro tipos de nado praticados, cada um deles recebe regras diferentes a serem aplicadas. Mas, no geral, o esporte consiste no posicionamento correto do tórax e dos movimentos de pernas e braços.
Nado Crawl: São feitas provas que seguem padrões de 50m, 100m, 200m, 400m 800m (exclusiva para mulheres), 1500m (exclusivo para homens) ou revezamento de quatro atletas.
Nado Costas: Existem provas de 100m e 200m, a largada deve ser realizada dentro da piscina, com os competidores batendo as duas mãos na parede no movimento de virada.
Nado Peito: Provas de 100m e 200m, é obrigatório bater as duas mãos na parede no momento da virada.
Nado Borboleta: O atleta pode permanecer submerso por no máximo 15 metros após a partida ou virada, também é necessário que a braçada tenha obrigatoriamente uma fase fora da água. As provas do estilo são de 100m e 200m.
Onde serão as competições?
As diferentes provas de natação acontecerão na Arena Paris La Défense em Nanterre, próximo ao distrito comercial de La Défense e do Grande Arco. Em 2024, a arena que normalmente sedia jogos de Rugby, acolherá eventos aquáticos pela primeira vez, graças a sua estrutura modular e polivalente.
Time Brasil
O time brasileiro foi definido na Seletiva Olímpica para Paris 2024, o Troféu Brasil de Natação, disputado na piscina da Comissão de Desportos da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, no mês de maio. A lista de classificados conta com 18 atletas: Guilherme Costa, Maria Fernanda Costa, Gabrielle Roncatto, Beatriz Dizotti, Guilherme Caribé, Kayky Mota, Nicolas Albiero, Stephanie Balduccini, Maria Paula Heitmann, Marcelo Chierighini, Gabriel Santos, Breno Correia, Murilo Sartori, Fernando Scheffer, Eduardo Moraes, Ana Carolina Vieira, Giovana Reis e Guilherme Basseto.
Guilherme Costa, conhecido como o Cachorrão, e Maria Fernanda Costa, a Mafê, são os nomes brasileiros que podem ser destaque na França. Cachorrão é cotado à medalha olímpica nos 400m livres, prova em que é, atualmente, o 4° colocado no ranking Mundial. Mafê é uma das revelações brasileiras, ao lado de Stephanie Balduccini e Guilherme Caribé, que pode surpreender nas águas, ela irá disputar os 400m e 200m livres, além dos revezamentos 4x100m e 4x200m livres.
Quem chega favorito?
Caeleb Dressel (EUA), campeão dos 100m livres em Tóquio 2020, era esperado para defender seu título olímpico, mas o norte-americano não se classificou para a prova. Chris Guiliano e Jack Alexy ficaram com as vagas pelos Estados Unidos. Após ter ficado em 3° lugar na seletiva pré-olímpica, Dressel se garantiu no revezamento 4x100m livre, e nas seletivas americanas também conseguiu a vaga nos 50m livres e nos 100m borboleta.
Na disputa feminina, Katie Ledecky (EUA) chega forte na França para os nados livres, a norte-americana venceu a prova dos 400m na Seletiva Olímpica Americana, batendo abaixo dos 4 minutos pela pela 30° vez. Em meio a polêmica do doping, a chinesa Zhang Yufei, especialista no nado borboleta e duas vezes medalhista de ouro em Tóquio, também foi selecionada para Paris. E pela Austrália, Kaylee Mckeown terá que defender seu título olímpico nos 100m costa, com Regan Smith, dos Estados Unidos, tendo batido seu recorde mundial na seletiva pré-olímpica.