Diferente das modalidades esportivas de natação tradicionais, que acontecem em piscinas, a maratona aquática ocorre em um ambiente natural, como rios, lagos e oceanos. No circuito olímpico, o percurso tem uma distância de 10km, o que leva quase duas horas para a sua conclusão. Para os competidores, os principais desafios desta modalidade são as diferentes temperaturas climáticas, ambientais e as variações das correntes de água e do ar, o que exige muita resistência e esforço físico e mental.
Provas de maratona aquática aconteceram, pela primeira vez, em 1991, na cidade de Perth, na Austrália, quando a modalidade foi inserida no quadro do Campeonato Mundial de Natação, organizado pela Federação Internacional de Esportes Aquáticos, a World Aquatics. Na ocasião, o percurso da prova foi de 25 km, o que levou cerca de cinco horas para a finalização da etapa.
Nos campeonatos mundiais da World Aquatics, o percurso de 10 km, que foi adotado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para os Jogos Olímpicos, estreou em 2001, na edição de Fukuoka, cidade japonesa.
Nas Olimpíadas, a maratona aquática foi incluída, pela primeira vez, no cronograma dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Desde então, foram distribuídas 24 medalhas – sendo 12 no feminino e 12 no masculino – no recente histórico do esporte.
Como funcionará nos Jogos de Paris-2024
A maratona aquática ocorre em apenas uma prova, tanto no masculino quanto no feminino, e vencerá o nadador que tocar primeiro na placa de chegada do percurso, demarcado por boias, de 10 km. Durante o trajeto, há áreas e barcos onde os atletas poderão se alimentar e se hidratar sem que toquem ou se segurem em algum objeto de apoio. Caiaques, salva-vidas e barcos com juízes acompanham os competidores para oferecerem suporte e garantir a segurança dos atletas.
Em Paris-2024, a maratona aquática está prevista para acontecer em agosto, nos dias 08 (feminino) e 09 (masculino) e, ao todo, serão 22 competidores no feminino e masculino, seis vagas a menos comparado aos últimos Jogos Olímpicos, em Tóquio-2020. Cada país representante terá um limite de dois atletas em cada gênero e para medir o tempo de prova, os competidores utilizarão um chip em seus pulsos.
Na quinta edição da modalidade,, a largada acontecerá embaixo da Ponte Alexandre III, o coração da cidade francesa que conecta o Grand Palais e o Les Invalides, os locais que receberão outros eventos olímpicos. O percurso da prova será no Rio Sena, que foi definido em abril deste ano, após resultados fiscais indicarem níveis de poluição acima dos autorizados pelo COI.
No dia 13 de julho, a duas semanas do início dos Jogos Olímpicos de Paris, a Ministra do Esporte, Amélie Oudéa-Castéra, com um maiô e touca, mergulhou no Sena para uma demonstração simbólica de que a última análise feita pelas autoridades locais confirmaram que há condições seguras para a realização das provas olímpicas no rio. Nos próximos dias, antes do início dos Jogos, há a expectativa de que Emmanuel Macron, presidente da França, também mergulhe para simbolizar a boa qualidade da água.
Preparação brasileira
Nos Jogos de Tóquio, em 2020, Ana Marcela Cunha conquistou a medalha de ouro na maratona aquática feminina. De acordo com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), ela é considerada uma das maiores atletas na modalidade de águas abertas da história. Em todas as competições, foram quinze pódios acumulados e sua conquista mais recente foi no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2022, onde Ana venceu a medalha de ouro nas provas de 5 km e 25 km, além do bronze na de 10 km. Ela chegará como uma das favoritas na busca por medalhas.
Para a prova feminina, o Brasil também contará com Viviane Jungblut, atleta que reforçará a busca por mais medalhas brasileiras. O COB, nesta modalidade, soma duas medalhas: O ouro de Ana, em Tóquio-2020 e Poliana Okimoto, que conquistou o bronze, na estreia brasileira na modalidade, nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.
A princípio, o Brasil não teria representante no masculino, mas o nadador Guilherme Costa, o ‘Cachorrão’, conquistou uma vaga para as águas abertas a partir de uma nova regra da World Aquatics e do COI. Nela, diz que atletas que forem competir nas provas olímpicas de 800m e 1500m livres da natação, também poderão disputar os 10km da maratona aquática, caso não existam representantes de seu país. Classificado nas provas de piscina, Guilherme aproveitou a ocasião e formalizou, junto ao COB, sua inscrição para competir na modalidade.
Candidatos ao ouro
Sharon van Rouwendaal (Países Baixos)
Nadadores dos Países Baixos são dominantes na maratona aquática. Foram quatro medalhas, sendo três de ouro e uma de prata. Van Rouwendaal, de 30 anos de idade, conquistou o ouro no Rio-2016 e a prata em Tóquio-2020, além de ser campeã no Campeonato Mundial de 2022.
Aurélie Muller (França)
Muller, de 34 anos de idade, não disputou os últimos Jogos em Tóquio-2020 após perder a vaga nas classificatórias, por menos de um segundo, mas a nadadora francesa conquistou prata em Rio-2016 e no Campeonato Mundial de 2022. Em casa, ela estará entre as favoritas pela disputa por medalhas.
Florian Wellbrock (Alemanha)
O atual campeão olímpico da modalidade, Florian Wellbrock, de 26 anos de idade, conquistou o ouro nos Jogos em Tóquio-2020. Ainda que com um desempenho ruim no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2024, ficando na 29ª posição na maratona de 10 km, Florian foi campeão nesta modalidade nos campeonatos de 2022 e 2023.
Kristóf Rasovszky (Hungria)
Kristóf, de 27 anos de idade, é o atual campeão do Campeonato Mundial de 2024 na disputa em águas abertas de 10 km. O atleta segue em uma sequência de pódios, pois foi prata nos Jogos em Tóquio-2020 e no Mundial de 2023.
Gregorio Paltrinieri e Domenico Acerenza (Itália)
Ambos com 29 anos de idade, tentarão a dobradinha italiana em Paris-2024. Gregorio é o principal rival do alemão Florian Wellbrock, foi bronze nos Jogos em Tóquio-2020, ouro nos 10 km do Campeonato Mundial de 2022 e prata nos 5 km dos mundiais de 2022 e 2023. Domenico, junto com o seu companheiro em 2022, foi prata nos 10 km do Mundial.