A canoagem é um dos principais esportes aquáticos da Olimpíadas e que, cada vez mais, ganha destaque no Brasil. Com a revelação de atletas, a expectativa cresce na conquista de medalhas. Em Paris, as disputas acontecerão a partir do dia 27 de julho.
O surgimento da canoagem
A canoagem surgiu a partir dos nativos da Groenlândia, como um meio de locomoção, pesca e atividades bélicas. É considerado o meio de transporte náutico mais antigo, uma vez que em 3.000 a.C já existiam registros da prática. Porém, apenas no século XIX, que o interesse começou a ser esportivo, tornando-se uma atividade recreativa para a aristocracia europeia.
A canoagem surgiu nos Jogos Olímpicos pela primeira vez em 1924, em Paris, como esporte de demonstração, mas foi em Berlim em 1936 que recebeu oficialmente o título de esporte olímpico.

As regras
Para a canoagem de velocidade, existem dois tipos de embarcações: a canoa, onde o atleta se apoia com o joelho em um ângulo de 90° graus e o caiaque, em que o percurso é feito sentado.
O trajeto no masculino é de 200m ou 1000m, e no feminino a distância é de 200m ou 500m. Ao todo são em média oito provas para ambos e, o objetivo principal é chegar no menor tempo possível, dentro da respectiva raia.
As provas podem ser em caiaques ou canoas individuais, duplas ou quádruplas, e elas seguem a nomenclatura:
K-1 – caiaque para uma pessoa
K-2 – caiaque para duas pessoas
K-4 – caiaque para quatro pessoas
C-1 – canoa para uma pessoa
C-2 – canoa para duas pessoas
C-4 – canoa para quatro pessoas
Já na modalidade slalom, o que difere, é a presença de obstáculos, como portões e bastões, que, se forem atingidos, os participantes recebem a punição de dois segundos de acréscimo em seu tempo final. No caso dos atletas não passarem por eles, o adicional é de 50 segundos.
O percurso varia de 250 a 400 m, e com 18 a 25 bastões. As cores dos obstáculos são essenciais, com linhas verdes que devem ser ultrapassadas no sentido da corrente, e com linhas vermelhas, para sentido contrário.
O principal objetivo na canoagem slalom é descer, o mais rápido possível, em um rio com corredeira e passar por bastões, sem tocá-los, usando uma canoa ou caiaque.
Onde e como acontecerá?
As provas de canoagem de velocidade e slalom, acontecerão no Estádio Náutico de Vaires-Sur- Marne.

O slalom acontecerá de 27 de julho a 5 de agosto. Serão 82 atletas, com no máximo seis classificados por país, distribuídos da seguinte maneira:
Feminino
Caiaque (K1): 21 atletas
Canoa (C1): 17 atletas
Extremo (X1): 3 atletas
Masculino
Caiaque (K1): 21 atletas
Canoa (C1): 17 atletas
Extremo (X1): 3 atletas
Como novidade em Paris, foi incluído a canoagem extremo, ou também conhecida como caiaque cross.
Enquanto a de velocidade terá a etapa eliminatória, entre os dias 06 e 08 de agosto, e, em seguida, as semifinais e finais, dos dias 08 a 10 de agosto.
As provas são divididas em:
K1 1000 – masculino
K1 500 – feminino
K2 500 – feminino/masculino
K4 500 – feminino/masculino
C1 1000 – masculino
C1 200 – feminino
C2 500 – feminino/masculino
As nações e suas medalhas
A Alemanha é a primeira no ranking de medalhas olímpicas na canoagem, com 77 no total (34 ouros, 19 pratas e 24 bronzes). Uma das maiores campeãs da modalidade é a atleta Birgit Fischer, que acumula 10 medalhas. Outra nação que se destaca é a Hungria, que conquistou 86 medalhas na canoagem em Jogos Olímpicos, são 28 ouros, 31 pratas e 27 bronzes.
O Brasil está em 31° lugar no ranking, com 4 medalhas. O único atleta brasileiro que alcançou o lugar mais alto do pódio foi Isaquias Queiroz.

Favoritos ao pódio em Paris 2024
Alemanha e Hungria revezam o topo das tabelas de canoagem, porém, em Paris 2024, poderá ser a primeira desde 1984 que nenhum desses dois países terminará na posição mais alta.
Slalom
No Slalom C-1 Masculino, o esloveno Benjamin Savšek é o atual campeão mundial, tendo conquistado seu segundo título na carreira no ano passado, o primeiro individual C-1 desde 2017. Os maiores adversários nessa categoria poderão ser os britânicos, italianos ou franceses.
Já no caiaque para uma pessoa (K-1) do slalom, o favoritismo fica com Jiří Prskavec. O tcheco de 31 anos é o atual vencedor da medalha de ouro das Olimpíadas de Tóquio nesta categoria, além de ter ficado em segundo lugar no campeonato mundial, e por equipes conquistou seu terceiro título mundial no ano passado.
O principal nome da canoagem slalom global é a australiana Jessica Fox, medalhista de ouro nas Olimpíadas de 2021 no C-1 e bronze no K-1. Com ela, a Austrália tem altas chances de ser ouro em todas as modalidades femininas de slalom, tendo como maior concorrente a britânica Mallory Franklin, no C-1. Entre as brasileiras, Ana Sátila é o principal nome na categoria – ela foi ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2023.
O caiaque cross é uma categoria nova nessas Olimpíadas. O masculino tem favoritismo do britânico Joe Clarke, atual tricampeão mundial. Já no feminino, a também britânica Kimberly Woods, é o principal nome ao ouro, sendo atual bicampeã mundial, mas tendo duas adversárias à altura: a neozelandesa Luuka Jones e a italiana Stefanie Horn.
Canoagem de velocidade
No masculino de velocidade K-4 o ouro deve novamente ser decidido entre Espanha e Alemanha. O coletivo alemão em si é mais forte nessa categoria, mas os espanhois podem contar com a experiência do tetracampeão mundial, – um deles nessa categoria – Saúl Craviotto. Outra nação que chega como terceira via, é a Ucrânia, cada vez mais forte na canoagem de velocidade.
Ainda no masculino, no K-2 o favoritismo é português. A dupla João Ribeiro e Messias Baptista são os atuais campeões mundiais de 2023, com 0,15 segundos de diferença em relação aos húngaros Bence Nádas e Bálint Kopasz. O cenário em Paris aparenta ser completamente diferente do de Tóquio, em 2021, podendo ter um pódio completamente novo.
Se na dupla dos caiaques, Portugal é mais forte do que a Hungria, no individual acontece o oposto. Adam Vargas, vice-campeão mundial e atual campeão europeu, é o principal nome ao ouro nessa categoria, e o candidato à prata também é húngaro: o já citado Bálint Kopasz. O português Fernando Pimenta poderá incomodar, mas a expectativa é de dobradinha húngara.
Nas canoas masculinas o Brasil entra forte, com o atual medalhista de ouro olímpico das Olimpíadas de Tóquio no C-1, e duas vezes prata no Rio de Janeiro, Isaquias Queiroz. Mesmo sem uma medalha em campeonatos mundiais desde 2019, por sua experiência, ele ainda é cotado como um dos candidatos ao primeiro lugar, ainda mais depois de sua boa performance no Pan-Americano do ano passado, onde conquistou a medalha de prata. Seus principais adversários na categoria C-1 serão o romeno Cătălin Chirilă e o tcheco Martin Fuksa. As canoas duplas também tem o Brasil como um dos candidatos à medalha, mas o favoritismo fica entre Alemanha, Itália e China.
Entrando no feminino, nos caiaques Lisa Carrington deve levar o ouro para a Nova Zelândia no K-1, K-2 e K-4, praticamente sem competitividade. Ela é vista como a maior canoísta do século, sendo ouro em todas as Olimpíadas que participou, menos no K-1 de 2016, no Rio de Janeiro, quando foi bronze.
A competitividade na modalidade feminina entra nas canoas, sendo palco de disputa geopolítica: Estados Unidos e Cuba têm as melhores atletas na categoria. Em condições normais, a estadunidense Nevin Harrison deve ser a favorita ao ouro no C-1, mas devido às diversas lesões que enfrentou no ano passado, a rival cubana Yarisleidis Cirilo Duboys entra no páreo.
No C-2, as chinesas dominam o cenário, são as grandes favoritas ao ouro. Pelo menos uma dupla chinesa é campeã mundial desde 2022, mas se alguém tem força para tirar esse primeiro lugar da China, será Cuba, contando com o talento de Duboys.