Quarentena aquece setor imobiliário em Arujá

Procura por imóveis aumentou 30% com medidas de isolamento social; paulistanos lideram as buscas
por
Adriano Madruga
|
27/06/2020 - 12h

Durante a quarentena provocada pelo novo coronavírus, a cidade de Arujá se tornou destino de muitos paulistanos, que saíram em busca de um lugar mais calmo para passar o período de isolamento social.

Com cerca de 90 mil habitantes, Arujá recebeu nos últimos meses uma forte demanda de pessoas que vieram da capital paulista à procura de casas que estariam à venda ou disponibilizadas para aluguel, tanto em bairros comuns quanto em condomínios.

Imagem tirada pela Prefeitura de Arujá
Foto: Prefeitura de Arujá

Segundo Ana Lucia dos Reis, dona da imobiliária Marc 5, desde o início da quarentena houve alta de 25% a 30% na procura por imóveis na cidade. O aumento supera a taxa de 20% registrada no mesmo período do ano passado. Pelas estimativas do setor, se o mercado continuar nesse ritmo, o crescimento pode chegar a 50% até o fim do ano. 

Para a corretora, isso tem ocorrido devido à existência de muitas pessoas que pertencem ao grupo de risco e que moram em São Paulo. Contudo, os que possuem melhores condições financeiras acabaram optando por cidades menos urbanizadas, que têm registrado pouca circulação do vírus e apresentam uma qualidade de vida melhor do que na capital.

Outro setor que pode ser favorecido com essa migração é a área de serviços. Segundo Maria Souza, integrante da Associação Comercial e Empresarial (ACE), desde o início da quarentena muitas lojas de rua sofreram com a redução de clientes e a fiscalização pesada por parte da prefeitura. Consequentemente, isso fez com que muitos estabelecimentos comerciais, inclusive do setor alimentício, fechassem as portas ou  revissem suas estratégias de vendas, apostando nas entregas em domicílio.

Maria se mostrou entusiasmada ao saber sobre esse fluxo de novos moradores, pois acredita que possa ajudar na área comercial da cidade. “Com certeza a cidade tem que movimentar a economia. Essa chegada de pessoas novas pode fazer com que isso aconteça, e fico muito feliz por estar colaborando com isto.”

Ela acrescentou  que os empresários da cidade nunca pararam de trabalhar de fato, mas que ocorreu uma nova forma de fazer negócios, justamente para assegurar os cuidados com as pessoas e para não serem advertidos pela fiscalização pública. “O setor nunca parou. O que fizemos foi só tentar adaptar nossas vendas para melhor atender nossos clientes em suas casas, e seguir à risca as recomendações da prefeitura sobre a saúde no meio de trabalho.”

Rodrigo Procidonio Ruiz, corretor de imóveis da imobiliária Leardi, diz que sentiu uma maior procura de pessoas que vieram de São Paulo em busca de residências na cidade, e que isso foi  bom para o mercado local.

“Sim, aumentou consideravelmente a procura por imóveis em Arujá tanto para compra como para locação. Pois, além de comprar um imóvel na cidade, isso também gera tributos à prefeitura e, ao mesmo tempo, faz com que os construtores de casas gerem empregos.”

Ao ser questionado sobre quais seriam os motivos para fazer com que essas pessoas saíssem da capital para vir ao interior, Rodrigo esclareceu: “Este aumento, com certeza, é devido à atual situação da pandemia. As pessoas que têm nos procurado normalmente afirmam morar em apartamento, e este confinamento é fator agravante na qualidade de vida delas. Então provavelmente elas vieram pela busca de um lugar com mais espaço e com terrenos mais verdes também”.

Sobre os benefícios da demanda por casas para a economia local, o corretor afirmou que isso pode favorecer serviços como padarias, supermercados, lojas de roupas e farmácias, pois os novos moradores serão atraídos por ofertas que esses estabelecimentos disponibilizarão, e com isso tendem a impulsionar o consumo na cidade. Ao mesmo tempo, eles próprios podem criar um negócio que ajude a desenvolver Arujá.