A despeito de todos os problemas pandêmicos, o ano de 2020 foi muito lucrativo para a empresa de varejo Amazon. De acordo com o portal “e-invest”, vinculado ao grupo Estadão, não só o número de acessos ao portal de vendas cresceu assustadoramente, como nos primeiros nove meses os rendimentos da companhia subiram cerca de 70% em comparação com o mesmo período no ano passado; investindo em tecnologia, logística e fundos, ela se tornou a líder disparada do setor, passando a deter cerca de 45% do comércio eletrônico dos Estados Unidos.
Com o aumento dos serviços, o Magnata Jeff Bezos – homem mais rico do mundo e dono de uma fortuna de U$200 bilhões – resolveu promover uma grande contratação, além de aumentar os salários de seus funcionários. Foram 100 mil vagas de empregos e um acréscimo de U$ 2 dólares a hora de trabalho, medida que animaria pessoas sofrendo com o desemprego e baixa renda na pandemia; contudo, passado algum tempo, os trabalhadores viram esse valor ser reduzido a zero, o que causaria inúmeros protestos.
Ao que parece, a alta demanda da empresa exigia que os trabalhadores realizassem mais de 260 empacotamentos por dia, uma tarefa que os obrigava a caminhar mais de 30km cotidianamente dentro dos grandes depósitos. Além disso, muitos deles diziam viver sobre alta pressão, chegavam a precisar urinar em garrafas plásticas durante o expediente e executar trabalhos difíceis num tempo determinado: quando não atendiam as exigências costumavam ser demitidos de maneira fria, “tratados como robôs”, segundo depoimento de uma ex-funcionária.
Recentemente, como relatou uma matéria do portal “Tecnoblog,” um grupo de ativistas, sindicatos e trabalhadores demitidos organizou um movimento internacional de protesto, chamado “Make Amazon Pay”, que mostrou as caras pela primeira vez numa ação que ocorreu na última “Black Friday.” Foram quinze países, incluindo o Brasil, a colaborar com o boicote, que contou também com a participação de algumas potências como Estados Unidos, Reino Unido e Índia. Na Alemanha sete centros de distribuição foram paralisados, em Bangladesh, houve protestos em frente às dependência da empresa – e em muitas localidades a frase “Make Amazon Pay” foi projetada em prédios da companhia.
Na última quinta-feira, o grupo enviaria uma carta com diversas reivindicações ao bilionário da Amazon assinada por 401 parlamentares e funcionários públicos de 34 países pedindo não só que a empresa pague seus impostos, mas que melhore as condições de trabalho e repare qualquer dano que tenha causado ao meio-ambiente. Mesmo com um fundo de U$ 10 bilhões de dólares, destinado a combate o aquecimento global, o CEO recebe críticas por conta de sua empresa ter uma emissão de carbono maior que a de dois terços dos países da ONU – fato que ocorre principalmente pela alta demanda de transportadoras.
No documento oficial – disponível em seu site – constam pedidos que vão desde o recrudescimento dos salários – conforme o lucro da empresa – até a readmissão daqueles que contestaram as políticas trabalhistas da Amazon. Também exigem que ela se comprometa a não monitorar quaisquer grupos ou sindicatos ensaiando protestos e reinvindicações. Na crise mundial, a Amazon foi uma das empresas que mais lucrou, e graças ao sua política de incentivo e abono fiscal, deixou de pagar 11bilhões de dólares de imposto aos cofres americanos.
Em resposta, a Amazon criticou o grupo. Disse que faziam uma série de afirmações enganosas e ainda que seus líderes estavam interessados em se autopromover às custas da marca. O título da nota publicada no jornal Business Reader a favor da empresa, deixa clara a mensagem: “Trabalhadores e Ativistas estão convocando protesto ao redor do mundo enquanto a companhia tenta abonar os trabalhadores com um bônus de férias no valor de U$ 300,00.” Mesmo que a notícia seja verdadeira, o histórico de descaso e indiferença com trabalhadores causa desconfiança, e os protesto, que chegam hoje a proporções globais, devem continuar por um bom tempo.