As paredes também falam!

A história de centenas de pessoas congelada em um memorial, mostrando suas lutas, seus medos e seus nomes.
por
Nicole Domingos
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25/04/2024 - 12h

 

O Memorial da Resistência é um museu do estado de São Paulo que preserva as repressões políticas, mas além disso esclarece a força e coragem das pessoas que resistiram aos acontecimentos. Contudo, não serve apenas para ensinar como a história ocorreu, em conjunto mostra o que aconteceu, como as marcas nas paredes não ficaram apenas lá, mas foram carregadas por tantas gerações e por todas as pessoas que sofreram naqueles anos. A exposição de longa duração permite esclarecer um pouco sobre como foram os tempos para os que permaneceram em suas celas durante a ditadura.

Localizado no centro de São Paulo, o museu proporciona uma experiência chocante e realista que mexe com todas suas emoções, esclarecendo como as atrocidades cometidas eram de fato um ferimento aos direitos humanos, segundo o Relatório da Comissão da Verdade da Prefeitura de São Paulo, “Pelo menos 50 pessoas foram mortas, sob tortura, entre 1969 e 1975, na sede da Oban e do DOI-Codi de São Paulo, local edificado com a colaboração do então prefeito de São Paulo e apelidado de “sucursal do inferno”. Mas apesar de ser uma energia dolorida, também é possível sentir cada parte das atitudes de resistência e coragem. 

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Foto mostrando como eram as celas e como os nomes eram marcados na parede.
Foto: Nicole Domingos.

É possível notar que todos os nomes que foram escritos nas celas serviam para mostrar que seres humanos estavam lá, lembrar que as marcas que eles deixaram no mundo é tão permanente como as marcas que foram deixadas em cada um deles. A aluna de jornalismo, Nathalia de Moura ficou realmente mexida com a realidade que aparenta ser tão distante para sua geração, “A situação em si é forte e pesada, mas ver aqueles registros nas paredes e estar ali no local em que tudo ocorreu me fez imaginar a realidade daquelas pessoas”.

Com a quantidade de documentos e informações acessíveis no memorial é possível saber que aqueles que estavam presos eram extremamente mal tratados e machucados, recebiam comida uma vez por dia e eram os únicos que se preocupavam com o mínimo de higiene. No banheiro de cada cela havia apenas uma luz bem fraca, em um dos relatos disponíveis nas paredes das celas, foi deixado claro as condições precárias às quais eram submetidos, “Tinha uma piazinha que era pra gente escovar os dentes, banhar o rosto… O chuveiro, na verdade, era um cano que saia água gelada”.

Com isso é possível ver, aquelas pessoas sofreram e passaram por muitas coisas para os dias de hoje serem como são, por mais que as escolas ensinam muito sobre o tópico, nunca vai ser suficiente para mostrar tudo o que realmente foi passado, a história ensina o que não pode ser feito, basta as pessoas quererem entender e fazer uma nova história.

Essa matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.

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