Todo brasileiro que acompanha o esporte é ciente da nossa maior rivalidade: os Argentinos. Não é um consenso o início dessa rivalidade, mas muitos historiadores afirmam que começou antes mesmo dos esportes, no período colonial, herdando um sentimento de confronto da época entre Espanha e Portugal. Provavelmente tendo início em confrontos geopolíticos, a rivalidade foi transferida para os Esportes.
O cenário de Brasil contra Argentina em qualquer esporte é mergulhado na rivalidade, mas vamos nos manter no futebol. Não somente nos confrontos entre as seleções, mas também entre seus clubes, na Libertadores. Brasileiros não gostam de perder para Argentinos, e vice-versa. O gol de Adriano Imperador nos acréscimos da final da Copa América de 2004, que empatou, levou o jogo aos pênaltis e terminou com o triunfo da seleção brasileira é um exemplo.
O sentimento da rivalidade também toma conta dos jogadores, a comemoração do Adriano após o gol mostra isso. O gosto amargo após a derrota da Copa América de 2021 - Brasil derrotado em plena final no Maracanã, jogo em que Neymar teve o calção rasgado após entrada violenta.
Apesar de na seleção levarmos a melhor no retrospecto, nos clubes ainda não é assim. Na história da Libertadores, 25 títulos foram pra Argentina, enquanto para o Brasil 22, graças ao recente domínio brasileiro do campeonato. Infelizmente, os confrontos são marcados pela violência extra e intra campo - que também existe no confronto entre seleções. Constantemente os clubes brasileiros são vítimas de racismo quando vão a Argentina, dentro de campo, os jogos são marcados por entradas duras e confusões.
Também temos no passado recente os erros crassos de arbitragem, principalmente a favor dos Argentinos. Como bom corinthiano, me lembro bem da atuação do arbitro Carlos Amarilla no jogo contra o Boca Juniors, pelas oitavas de Libertadores de 2013. São muitos os motivos que alimentam a rivalidade entre os brasileiros e argentinos, e o ressentimento de momentos como os citados fortalecem ainda mais esse sentimento.
No domingo (18), teremos a final da Copa do Mundo de 2022. Existiu a imensa possibilidade do maior confronto entre Brasil e Argentina da história, pelas semifinais de uma Copa do Mundo. Mas, com a eliminação precoce contra a Croácia, isso não foi possível, e veremos nossos hermanos jogarem a final contra a França.
Dito tudo isso, torcerei pela Argentina na final da Copa do Mundo de 2022.
Acompanhei a França durante a Copa de 2018 e venho acompanhando também em 2022 pelos meus compromissos com a AGEMT, e graças a isso, percebi uma ameaça muito maior nos franceses.
Nas últimas sete edições de Copa do Mundo, os franceses chegaram à final em quatro: 1998 (primeiro título mundial), 2006, 2018 (segundo título mundial) e agora, em 2022. E fica em um dos maiores “se” da história, o que aconteceria caso Zidane não tivesse cabeceado Materazzi. A final de domingo poderia ser a disputa pelo tetra francês. E nas três finais já realizadas, não perdeu no tempo regulamentar, 2006 foi para os pênaltis.
Outro ponto é a troca de geração, a seleção de 2018 e de 2022 da França tem quase a mesma média de idade, ambas em 26 anos. Entre os titulares, a média é de 27. A estrela do time, Kylian Mbappé, tem apenas 23 anos e pode ser bicampeão do mundo. Jogadores essenciais como Theo Hernández, Upamecano, Tchouameni, Kounde, terão menos de 30 anos na próxima Copa.
Muito provavelmente a copa de 2022 será um encerramento de ciclo apenas para Giroud e Lloris, que tem 36 e 35 anos. Todos os jovens jogadores da seleção francesa jogam nos maiores clubes da Europa e estão entre os titulares. Sem contar os jovens entre 18 e 22 que não foram convocados.
Caso ganhe a Copa de 2022, se juntará à seleção brasileira e à italiana como as únicas seleções a ganhar dois títulos seguidos. Um dos importantes detalhes da campanha foram os problemas com lesões sofridas. Faltando apenas um mês para a competição, a lista de lesionados somava 13 jogadores. Jogadores titulares foram cortados, como Benzema, Paul Pogba e Kanté. Além de outros cortes como Nkunku e Kimpembe.
Esses cortes junto com a má atuação francesa na Liga das Nações fizeram com que muitos comentaristas duvidassem da capacidade da França de chegar nas fases mais avançadas do campeonato, alguns até cravando sua eliminação cedo.
As recentes atitudes de Mbappé, tanto no clube como seleção, fizeram com que muitos brasileiros perdessem a empatia com o craque. Sendo taxado como “dono do Paris-Saint Germain”, Kylian pode ser bicampeão do mundo aos 23, abrindo a possibilidade de ser tricampeão aos 27. Pelé foi tricampeão aos 29.
Desde Ronaldo Fenômeno, nenhum jogador subiu a nível mundial tão rapidamente e de maneira ameaçadora ao legado do rei. O jornal L’Equipe, da França, colocou na sua capa da edição do dia 17 a chamada de sagrada chance da seleção francesa de Mbappé, de ser a primeira bicampeã desde Pelé e a comparação do craque com o rei.
A longo prazo, a França tem muito mais capacidade para conquistar um futuro tetra do que os Argentinos. A Argentina não possui jovens talentos a nível dos franceses, e esta será a última dança do gênio Lionel Messi, melhor jogador da Copa até agora. E o até agora é mencionado pois a final entre Messi e Mbappé também envolve a disputa dos dois pelo troféu individual.
Para Messi, já com 34 anos, ganhar a Copa significaria a consolidação total como maior jogador de sua geração, e com certeza um lugar no Top 3 da história - para mim, somente atrás de Pelé. E caso ganhe o melhor jogador da Copa, seria o primeiro da história a conquistar o prêmio duas vezes, visto que ganhou em 2014.
A vitória de Messi não seria somente o tricampeonato da Argentina, mas também a história escrita pelo maior jogador que vi jogar. Os últimos confrontos corroboram cada vez mais essa visão. Antes muito criticado pela sua postura ao ser comparado com o deus argentino Diego Maradona, pode se dizer que em sua última Copa do Mundo, Messi teve uma atuação Maradoniana, dentro e fora de campo.