No dia 19 de junho, aconteceu a volta da Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo. O evento deste ano foi ainda mais marcante que os anteriores porque representou a volta do formato presencial após a pandemia de Covid-19. Em 2020 e 2021, a celebração seguiu a forma online, com lives no canal oficial do YouTube. Porém, este ano a 26ª edição lotou a Paulista e, mais uma vez, fez jus ao título de maior parada do mundo. Conforme divulgado pelo Observatório do Turismo da Prefeitura de São Paulo e pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT-SP), o evento reuniu 4 milhões de pessoas, o dobro do público de 2019.
Segundo o site oficial da celebração, "[...] a Parada SP é uma manifestação social que reivindica direitos, promove a visibilidade e celebra a diversidade, com ações políticas e afirmativas". A primeira edição foi em 1997, com um público de aproximadamente 2 mil pessoas.
O tema da Parada do Orgulho deste ano foi "Vote com Orgulho - por uma política que representa", visando engajar o público nas eleições de outubro e incentivar a busca por políticas voltadas para a comunidade LGBT+. Não faltaram gritos de "Fora, Bolsonaro" e cartazes com manifestações e discursos como esse. Por outro lado, alguns participantes do evento também aproveitaram a oportunidade para demonstrar apoio ao ex-presidente Lula, com bandeiras e cartazes que referenciam o político.
"Esse ano, nossa motivação não é apenas comemorar o mês do orgulho, mas também falar da importância do nosso voto consciente, que é o que vai definir muita coisa para o Brasil nos próximos anos. Não queremos ser 'aceitos', como muitos dizem: queremos ser respeitados. Queremos ter nossos direitos. E a forma de concretizar isso é nas urnas", afirmou a manifestante Bruna, de 23 anos.
A celebração contou com uma programação com 19 trios elétricos e apresentações de vários artistas, como Pabllo Vittar, Ludmilla, Liniker, Lexa, Luísa Sonza e Jojo Todynho. Os convidados fizeram shows com discursos voltados ao público em geral, emocionando diversos espectadores. "É muito legal ver tanta gente unida com um mesmo propósito. [...] A gente consegue ver a diversidade do nosso povo, que não é uma coisa só, como muita gente pensa. Estamos em todos os lugares, cada um com sua etnia, sexualidade, cultura. É um sentimento gigante de pertencimento", comentou, às lágrimas, um jovem da comunidade LGBT+ que não quis ser identificado. Segundo ele, essa foi sua primeira participação no evento após se descobrir como alguém pertencente à comunidade.
Além da função política e social, a parada ainda tem uma grande importância econômica para a capital paulista. A ação organizada pela APOGLBT-SP teve parceria com diversas marcas, como Burger King – que, inclusive, distribuiu as tradicionais coroas com as cores do tema LGBT+ –, Smirnoff, Amstel, Doritos e Mercado Livre. A própria cantora Luísa Sonza doou cachê para contribuir com a causa social. O evento é um dos mais relevantes economicamente para a cidade de São Paulo. Na sua última edição presencial, em 2019, o valor movimentado foi superior a 400 milhões de reais.
Em 2022, o turismo representou uma parcela notável na economia do evento. Segundo o Observatório do Turismo da Prefeitura de São Paulo, que ouviu 1.223 pessoas, cerca de 41% do público veio de fora da cidade paulista. A pesquisa incluiu ainda a categoria Perfil e Satisfação de Público Parada LGBT+ 2022, que concluiu que o gasto médio do turista na cidade foi de R$ 1.881,84 por pessoa. Esse número representa 15% a mais que os R$ 1.634,20 de 2019.
Na quinta-feira (16) anterior à parada, aconteceu, no Lago do Arouche, a Feira Cultural da Diversidade LGBT+, que promove anualmente a economia criativa e cultural voltada para a comunidade. Lá, o público pôde desfrutar da gastronomia, além dos artigos de artesanato, workshops e produtos temáticos. Já no dia da parada, a avenida atraiu também vendedores ambulantes que arrecadaram dinheiro vendendo copos, bandeiras e outros produtos personalizados.