Pankararu é Real

Poema em homenagem ao Projeto Pindorama da PUC-SP
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
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15/12/2022 - 12h

Rio São Francisco,

Rio Pinheiros,

A aldeia de Caynã Pankararu é favela,

Real Parque, próximo ao Estádio do Morumbi.

 

Morumbi, termo tupi-guarani,

"Morro verde", mas de aspecto concretal.

A aldeia Pankararu é de Pernambuco,

Mas também é Real.

 

Os corpos que habitam essa comunidade,

De luta contínua, de geração a geração,

São mais do que cultura,

Também são tradição.

 

Leroy Merlin,

Shopping Cidade Jardim,

O que antes eram terras indígenas,

Hoje são antros do capitalismo sem fim.

 

Caynã vive, mas a burguesia lhe tirou,

O que antes era lar,

Hoje é Pão de Açúcar,

Não os morros, e sim o supermercado,

Mas ele não se abalou,

Não se sentiu derrotado.

 

A resistência indígena jovem,

Que ele defende desde que se conhece por gente,

Não fortalece apenas Pankararu,

Mas todos os primos, de norte a sul.

 

Apesar da distância, a aldeia continua viva,

Mais de duzentas famílias são periféricas,

Com invasões e truculência policial,

Retornar à aldeia nordestina é cultural,

É espiritual.

 

O ID Jovem traz conforto,

Voltar à aldeia raiz por vinte reais traz o barro sagrado,

A pintura corporal traz o encontro,

Ensinar o sagrado é elevado.

 

Que as escolas Pankararu,

De professores indígenas e não-indígenas,

Ensinem sempre ao seu povo,

Que resistência é essencial,

Ainda mais para a aldeia Pankararu, que é Pernambuco, é Real.