Salão de beleza recém reformado em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, sofre prejuízo e fica com a conta quase zerada com o fechamento por conta da pandemia. “Ficamos dois meses (março há maio) sem nenhum cliente entrar no salão, foi muito triste”, disse o dono do salão, Alexandre.
Desde dezembro de 2019 até fevereiro desse ano, o salão ALXStudio começou uma reforma gigante para mudar de endereço, e trazer o maior conforto para seus clientes. A troca de estabelecimento ocorreu durante o feriado de carnaval, e para isto tiveram que ficar fechados durante duas semanas para terminar de levar o que ainda estava no antigo salão.
O salão voltou no dia 3 de março com a agenda lotada, com novos e velhos clientes, e o trabalho estava tão intenso que houve discussão entre os donos de contratar mais um funcionário para auxiliar, devido à alta demanda que estavam tendo. Com uma semana de abertura e com um faturamento muito bom, veio à pandemia.
Nos dois meses que seguiram todos os clientes desmarcaram os horários e o salão ficou fechado. “Quando começamos a trabalhar em março estávamos praticamente zerados no banco (por causa da reforma), ficar sem trabalhar foi realmente assustador”.
A partir do final de maio que as coisas começaram a melhorar, com a aparição de um ou outro cliente por semana que não conseguia viver sem os cuidados que se tem no salão. “Estávamos dependendo de poucos clientes que às vezes apareciam para ter dinheiro para comprar alguma coisa para comer”.
Porém foi em julho que as coisas realmente começaram a mudar. Com o isolamento social acontecendo há três meses na cidade, as pessoas já não aguentavam mais ficar em casa e não estavam mais com tanto medo do vírus, mesmo com as mortes estando em media com mil mortos por dia, e por isso o salão começou a voltar a ter demanda. “O mais interessante é que quando as pessoas chegavam ao salão, chegou a um ponto que a diversão e a alegria delas eram estar com a gente”.
Desde então o salão vem tendo cada vez mais clientes por semana, estes clientes com o estado estético de quem não cuida propriamente do cabelo a meses. Ele percebe que a preocupação das pessoas com a própria aparência mudou, antes da pandemia com a primeira aparição da raiz no cabelo as clientes iam correndo para o salão, e hoje ele vê que isso não esta sendo a prioridade, que o mais importante é estar saudável e vivo, mesmo que para isso precise ficar com uma raiz enorme sem pintar.
O salão também precisou se adequar as normas de segurança, já que o vírus é um perigo tanto para os clientes quanto para os funcionários. “Eu tenho asma, sou hipertenso e estou gordo, eu já sou um belo grupo de risco, a nossa segurança e a segurança do próximo tinha que ser mutua”.
Atualmente, mesmo com o aumento de clientes, os números ainda não chegaram ao normal. A média de clientes esta de 40% do que seria o normal para esta época do ano, que era a época mais agitada.
A pandemia não afetou apenas os salões de beleza da capital de São Paulo, uma situação não muito diferente aconteceu em Atibaia, interior de São Paulo, com o salão Edison Di-Lou.
Em Atibaia o surto da pandemia começou em 15 de março, porém para evitar prejuízos e o contagio de algum cliente ou funcionário, Edison optou por fazer revezamentos diários de funcionários e atender apenas três clientes no máximo por hora marcada, visto que o salão possui cinco salas de atendimento. Além disso, também esta tendo uma limpeza reforçada entre as trocas de clientes e o uso obrigatório de luvas e mascaras.
O salão não cogitou fechar, visto que para atrair clientes e continuar com lucro mensal Edison optou por investir em propagandas sobre o salão, descontos que antes não tinham e aumentar o numero de parcelamentos.
Devido ao número de clientes ter caído, assim como o lucro dos funcionários, uma parte dos funcionários optou por sair do salão e começar a atender em domicilio para não ter prejuízo. “Isso foi um dos pontos doloridos, a equipe com nove pessoas precisou diminuir”.
Atualmente, mesmo com o salão não tendo fechado, o numero reduzido de pessoas atendidas por dia e o receio que muitas clientes ainda têm de voltar a ir ao salão de beleza fez com que o rendimento do salão passasse a ser apenas 40% a 60% do que seria normalmente nessa época do ano.