A pandemia e o “passaporte-vacina”

Aeroportos e companhias aéreas tiveram que adotar novas medidas de segurança e inovar em seus recursos tecnológicos
por
Luiza Mazzer
|
12/05/2021 - 12h

 

Com a pandemia da COVID-19 agravada no Brasil desde março de 2020, diversos estabelecimentos foram fechados, porém não os aeroportos. Segundo nota da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no início da pandemia “a interdição de um aeroporto não é uma conduta indicada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) neste momento e pode prejudicar de forma irresponsável o deslocamento de pessoas, profissionais de saúde, vacinas, órgãos para transplante e até insumos para medicamentos para os estados brasileiros”. Dessa forma, apenas os voos foram reduzidos e as companhias aéreas, assim como os aeroportos precisaram modificar seus regulamentos de cancelamento de voos e seguir com os protocolos de higiene.

Isso não significa que os voos seguem normais. Muitos países proibiram a entrada de brasileiros em seu território com o agravamento da pandemia no país e outros apenas permitem a entrada após 15 dias de quarentena em outro lugar. Atualmente, 78 países (como México, Rússia, Argentina, Espanha e França) estão com restrições moderadas, ou seja, inclusão de teste de Covid para poder viajar ou obrigação de quarentena em outro país para poder viajar e 74 com restrições fortes, o que significa entrada suspensa ou apenas entrada de cidadãos, como é o exemplo dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, e Reino Unido) em relação a voos saindo do Brasil.

Para que as recomendações sejam seguidas, aumentando a segurança dos passageiros, a Anac publicou o guia “Protocolos Sanitários para as operações no setor da aviação civil em período de pandemia”, que traz, ações necessárias para manutenção de segurança das operações e cuidados básicos a serem adotados pelos administradores de aeroportos, assim como recomendações para os serviços aéreos.

Foram adotadas diversas inovações nos principais aeroportos brasileiros, como o check-in remoto, no qual os funcionários que antes ficavam nos balcões foram substituídos por monitores, de onde realizam o check-in dos passageiros remotamente. A Azul adotou também um tapete virtual na hora do embarque, que funciona através de  inteligência artificial e projetores, sensores e câmeras. O tapete projetado no chão se movimenta conforme as pessoas vão andando, propondo assim um maior distanciamento físico, além de mostrar os respectivos números dos assentos, o que faz com que diminua a aglomeração no momento do embarque, com menos pessoas em pé e de forma mais organizada. Além disso, todos os aeroportos reforçaram a higienização de seus ambientes com diferentes técnicas e aferição de temperatura de passageiros e funcionários.

Segundo matéria da UOL, o aeroporto de Guarulhos passou a adotar uma esterilização  automática com luz ultravioleta em locais onde há maior circulação de pessoas, como corrimãos e escadas e instalou sensores de aglomeração que conseguem monitorar, com ajuda de inteligência artificial, a movimentação em locais específicos e a necessidade de manutenção.

Contudo, as companhias aéreas não diminuíram o número de passageiros permitidos por voos e não aumentaram o espaçamento entre os assentos. As empresas justificam, afirmando que seus aviões possuem filtros que renovam o ar a cada três minutos e capturam as partículas microscópicas, como bactérias e vírus, além, é claro, de o uso de máscara ser obrigatório durante todos os momentos dentro das aeronaves.

Em março de 2021, a União Européia, apresentou o projeto do “Certificado Verde Digital”, que funcionaria como um “passaporte de vacinação”, que conteria as informações referentes à imunização dos passageiros, como número de doses, data e local de vacinação dos passageiros para que tenham liberdade de circulação dentro dos países membros. Contudo, no documento do projeto deixam claro que a vacinação não será obrigatória e passageiros que optarem por não serem vacinados ainda poderão circular, mas com ressalvas, como teste obrigatório de Covid ou quarentena em outro local.

Nick Careen, vice-presidente da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), afirmou ao New York Times que o “passaporte de vacinação” seria apenas um meio de formalizar o que já existe, pois atualmente os países, inclusive o Brasil, já tem como requisito para entrada de viajantes o resultado negativo do teste. Além de que, para a entrada em diversos países é necessário comprovante de vacinação contra a febre-amarela. Portanto, um documento unificado com todas as vacinas tornaria mais prático, além de que poderia evitar fraudes.

Alguns países como a Dinamarca e a Suécia já começaram a desenvolver esses certificados digitais sobre a imunização do cidadão, os quais servirão não apenas para viagens, mas também para a entrada em eventos com maior número de pessoas. É possível que futuramente a maioria dos países exijam tal certificado para entrada em seu território. Atualmente, diversas empresas já estão na fase avançada de testes de aplicativos, como o IATA Travel Pass, desenvolvido pela IATA, que tem bastante influência sobre novos protocolos, por representar mais de 80% das empresas aéreas do mundo, e o Digital Health Pass, criado pela empresa IBM, que também funciona como uma carteira digital, onde o viajante pode armazenar suas informações de saúde e imunização e compartilhá-las de forma segura.

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