Em meio a pandemia de Covid-19 que o mundo está vivendo desde março de 2020, “voltar a vida normal” passa uma impressão praticamente utópica. Enquanto no Brasil, no seu pior momento da pandemia, usar máscara e passar álcool gel já viraram hábito, bem como acordar cedo para estudar ou trabalhar sem sair de casa, o sentimento de desilusão e falta de esperança não é comum em outros países.
Além de existir uma série de países que estão controlando a pandemia de forma vantajosa e eficaz - dando cada dia mais esperanças para a população - existem também aqueles que já venceram os desastres do coronavírus, e a “vida normal” voltou. Surpreendentemente não são apenas países ricos ou isolados que conseguiram rebater a pandemia, bastou o governo e a população fazerem sua parte. Como é o caso do Vietnã, por exemplo, que apesar de ser um país pouco desenvolvido - com quantidade de habitantes equivalente a metade da população do Brasil - e pobre (renda per capita equivale a um terço da brasileira), trabalhou rapidamente no combate a pandemia de Covid-19. O país só teve 35 mortes, e hoje em dia o Vietnã vive uma vida normal.
Mesmo sendo um país pobre, agiu muito rápido com muita testagem, rastreamento de contatos, isolamento social rigoroso e uma campanha de conscientização da população que entendeu a gravidade do momento. Já no Brasil as pessoas fizeram ao contrário, decidiram passar o carnaval para agir contra o vírus e mesmo quando foi feito um isolamento imediato poucos se importaram. O maior responsável pelo caos sanitário instalado no Brasil, que está vivendo os piores momentos da pandemia é o presidente Jair Bolsonaro, assim também dos governadores, prefeitos e os deputados federais.
O presidente deixou claro que achava tudo isso uma “gripezinha”, após usar essa expressão duas vezes em rede nacional. "No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão".
Em um país onde o próprio presidente não leva a sério uma das maiores pandemias que levaram a vida 500 mil brasileiros, não podemos esperar resultados positivos. O brasileiro Diego Lopes, de 22 anos, que atualmente mora e estuda em Sidney, na Austrália, um dos países que já voltaram com a vida ativa normal, não precisa usar máscara e não se tem mais nenhum caso de coronavírus no país. Diego conta como tem se sentido aliviado.
“O sentimento é totalmente de alívio e gratidão por termos vencido a pandemia, poder voltar a viver normalmente sem nenhuma restrição é bom demais, não ter nenhuma vida mais sendo perdida por esse vírus me conforta.” afirma. Apesar de estar sem riscos de se contaminar, o brasileiro está bem aflito com a situação atual do Brasil.
“Minha família toda está no Brasil, e ver toda essa luta para conseguir tomar uma vacina, que é direito da população, e ainda acompanhar todo esse desgoverno é demais. Se eu pudesse traria todo mundo para ca”, diz Lopes, que também conta como foi o processo de se mudar de país e como tem sido a diferença de realidade.
“Há 3 anos me mudei para Sidney, justamente por querer viver em um país onde o governo funciona de fato, conhecer uma nova cultura, e viver essa realidade durante a pandemia foi onde senti intensamente a sensação de viver em um país de primeiro mundo e ficar triste e agoniado ao acompanhar as notícias do meu país de origem”, afirma. “Espero que o Brasil saia dessa logo, estou mandando muita força para todas as famílias que perderam alguém, e espero rever a minha em breve”, diz.
É muito forte ver países voltando à normalidade enquanto o Brasil fica tão atrasado em relação às vacinas, um país tão grande que carrega um número assustador de mortes pela Covid-19. O que o brasileiro mais quer é ver o país como esses que foram citados, porém é possível enxergar um Brasil muito distante do que tínhamos alcançado até 2019, antes da pandemia.