Oscar 2025: Sean Baker recebe prêmio de Melhor Direção por “Anora”

Diretor vence em sua primeira participação do Oscar e leva 5 estatuetas
por
Maria Eduarda Cepeda
Clara Dell’Armelina
|
07/03/2025 - 12h

 

Neste domingo (02), durante o Oscar 2025, em Los Angeles, Sean Baker levou a estatueta de “Melhor Direção” por seu novo longa-metragem “Anora”. O grande vencedor da noite leva mais outras 4 estatuetas, incluindo de melhor atriz, melhor roteiro original, melhor montagem e melhor filme. 

Sean S. Baker, cineasta estadunidense e formado pela Universidade de Nova Iorque (NYU), tem seu nome marcado pelo cinema independente contemporâneo dos Estados Unidos em filmes como Tangerine (2015) e Projeto Flórida (2017).

Na foto temos Anora sentada no colo do seu interesse amoroso no filme.
A atriz Mikey Madison, que interpreta a protagonista Anora, levou a estatueta de “Melhor Atriz” pela sua atuação no longa-metragem. Foto: Divulgação/Universal Pictures Brasil

O filme premiado por melhor direção nesta 97° edição do Oscar conta a história da stripper Ani, (Mikey Madison) que se envolve com Ivan (Mark Eydelshteyn), um filho da aristocracia russa. Depois de casados, Anora passa a aproveitar uma vida repleta de riquezas e luxúria. Mas, a oportunidade da fuga de sua vida na margem da sociedade escorre por seus dedos a partir da desaprovação por parte dos pais de seu marido.

Em 2021, o cineasta produziu o filme “Red Rocket”, estrelado pelo ator e ex-modelo Simon Rex, conhecido pelos seus trabalhos na franquia “Todo Mundo em Pânico” e estrela do videoclipe “Tik Tok” da cantora Kesha. Na época, o filme recebeu prestígio e acumulou prêmios de festivais, e era uma das apostas para o Oscar de 2022, principalmente pela atuação de Simon, mas o filme não obteve nenhuma indicação.

O longa aborda, em grande parte, o cotidiano de personagens que levam suas vidas de maneira árdua, à margem da sociedade, retrato também abordado em “Anora”. 

Mikey e Strawberry estão se encarando frente a frente na loja em que a garota trabalha.
“Red Rocket” teve sua estreia no Festival de Cannes em julho de 2021. Foto: Divulgação/A24

 

Após receber o prêmio, Baker enfatizou a importância dos cinemas, a experiência de frequentá-los é uma resistência à existência desses espaços.  “Assistir a um filme no cinema com uma plateia é uma experiência [..] É uma experiência comunitária que você simplesmente não tem em casa. E agora, a experiência de ir ao cinema está ameaçada. Os cinemas, especialmente os independentes, estão lutando, e cabe a nós apoiá-los [..] Este é o meu grito de guerra. Cineastas, continuem fazendo filmes para a tela grande. Eu sei que eu vou”. No fim, dedicou sua vitória a sua mãe que o levava ao cinema desde pequeno.

Cibele Amaral, diretora de “Por Que Você Chora” (2021), caracteriza “Anora” como um “filme perigoso” e criticou a premiação do longa, argumentando que o filme dirigido por Sean Baker reforça estereótipos femininos e representa um retrocesso para as conquistas das mulheres na indústria cinematográfica. “As personagens femininas se resumem a estereótipos: as ingênuas prostitutas em busca do príncipe encantado, a ‘recalcada’ que disputa o macho da protagonista e a velha bruxa que tenta impedir sua felicidade”, diz a cineasta em duas redes sociais.

No texto para a editora Boi Tempo, Alysson Oliveira e Patrícia de Aquino criticam o estigma criado dentro da realidade da prostituição, “cujo objetivo único na vida seria deixar o trabalho e ser salva, de preferência por um homem branco e rico.”. No mesmo texto, apontam que, se por um lado, Sean Baker mostra-se como um diretor interessado na temática da prostituição, tabu para muitos, por outro, suas obras trazem à tona é uma inesperada visão de mundo conservadora e estereotipada.

“O filme é, além disso, todo marcado pela representação caricata de estrangeiros — especialmente do leste europeu, como Ivan, sua família e seus capangas.”, complementam Alysson e Patricia. 

 

 

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