Uma das noites mais esperadas pelos fãs de cinema está chegando. O Oscar 2025 será celebrado no próximo domingo, dia 2 de março, e está trazendo uma grande disputa na categoria de Melhor Filme, a principal da premiação, com produções aclamadas pelo público geral e pela crítica cinematográfica. A cerimônia será transmitida pela emissora Globo, a partir das 21h55.
Entre os dez concorrentes, há desde grandes épicos históricos até dramas intimistas e inovações no cinema de gênero. Conheça um pouco mais de cada produção que está protagonizando o evento deste ano.
A Substância
Estreado no Festival de Cannes de 2024, o filme “A Substância” conta a história de Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma grande apresentadora que foi surpreendida com sua demissão, tendo a justificativa de que sua idade avançada prejudicava a atração do público.. Mais tarde, em um check-up, um enfermeiro lhe oferece um soro que trará a sua melhor versão - mais jovem e perfeita. Fragilizada, Elisabeth utiliza o soro em si, que resulta no surgimento da Sue (Margaret Qualley), sua versão alternativa. A trama se complica quando ambas as versões precisam coexistir, levando a conflitos de identidade e poder.
Desde seu lançamento, o filme acumulou diversos prêmios e indicações. No Festival de Cannes 2024, o diretor Corali Fargeat recebeu o prêmio de Melhor Roteiro. Demi Moore foi reconhecida com o Globo de Ouro de Melhor Atriz por sua atuação intensa e vulnerável. Além disso, "A Substância" foi eleito o melhor filme de terror de 2024 pela revista Rolling Stone, que o descreveu como "um clássico instantâneo de terror corporal".
A obra de Coralie Fargeat ganhou popularidade pelas referências do universo do terror e pelo seu audiovisual, que foi produzido majoritariamente com efeitos práticos. Com performances marcantes e uma direção ousada, "A Substância" não apenas provoca reflexões profundas sobre envelhecimento e autoimagem, mas também desafia o público a confrontar as normas culturais que perpetuam a valorização da juventude em detrimento da experiência e maturidade.
O filme está disponível para ser assistido no streaming da Amazon, Prime Vídeo.

Ainda Estou Aqui
Após 26 anos longe do Oscar , o filme marca a volta do Brasil a grandes premiações. Dirigido por Walter Salles e inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, a obra se passa na década de 70, durante a ditadura militar, onde Eunice e Rubens Paiva (Fernanda Torres e Selton Mello) vivem uma vida tranquila com seus cinco filhos no Rio de Janeiro, até serem alvo da opressão do regime político.
As ferramentas visuais e sonoras tiveram um papel espetacular no longa. Walter prezou por efeitos práticos e utilizou locais importantes do Rio de Janeiro, como Urca, Copacabana e Arpoador, como palco dessa história. O filme foi lançado no Festival de Veneza de 2024 e continua em cartaz nos cinemas brasileiros.
O longa é aclamado pela crítica internacional, acumulando uma lista de prêmios de grande prestígio, sendo um no Festival de Veneza de Melhor Roteiro e um Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático com a gigante Fernanda Torres. Além da categoria de Melhor Filme, a produção também está concorrendo a Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda, na premiação deste domingo.

Anora
“Anora” vem à temporada de premiações como uma das produções mais originais do ano. O longa conta a história de Ani (Mikey Madison), uma garota de programa do Brooklyn que, em meio à uma noite de trabalho, conhece o jovem filho de um casal de oligarcas russos, com quem se apaixona. Após semanas de uma vida de princesa, os dois decidem, por impulso, se casar e viverem juntos, o que não agrada a família do jovem russo, que decide acabar com o relacionamento.
Apesar de polêmico e excêntrico, o filme de Sean Baker traz uma profunda reflexão diante dos poderes sociais e da realidade do mito do sonho americano, enquanto a montagem frenética brinca com as emoções do espectador, que se espanta, diverte, ri e emociona ao longo das 2 horas e 15 minutos de filme. A obra começou a campanha chamando a atenção ao vencer a Palma de Ouro no festival de Cannes, um dos mais importantes da indústria, além de colecionar indicações e prêmios a seu roteiro e à atriz principal, Mikey Madison.
Dentro do Oscar, o filme ainda concorre às estatuetas de: Melhor Montagem, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator Coadjuvante pelo papel de Yura Borisov (Igor) e Melhor Atriz pela interpretação de Mikey Madison (Ani). Em outras premiações como Globo de Ouro e o SAG Awards, Anora também marcou presença mas não levou nenhum prêmio, à exceção do Critics Choice Award, onde o filme levou o troféu de Melhor Filme e se consolidou como forte candidato à estatueta do Oscar. Anora pode ser visto nos cinemas.

Conclave
A obra traz uma história pouco usual para as telonas, dando um mergulho em um dos eventos mais confidenciais e misteriosos da humanidade, a eleição de um novo papa. Na trama, após o falecimento do papa, o cardeal Lawrence (Ralph Fiennes), homem de maior confiança do pontífice, se torna o responsável por reunir sacerdotes do mundo inteiro no Vaticano para que então ocorra a votação. Em meio a cardeais de diferentes ordens, o protagonista se encontra perdido em uma corrente de segredos e escândalos que poderiam arruinar a reputação da igreja católica.
O filme dirigido por Edward Berger tem se destacado em meio à temporada de premiações graças a seu grande investimento técnico e elenco de peso. A produção recria os cenários clássicos do Vaticano com perfeição, além de trazer outros grandes atores, como Stanley Tucci (Cardeal Bellini) e Isabella Rossellini (Irmã Agnes). O roteiro, assinado por Peter Straughan, é dinâmico e apresenta os mistérios e reviravoltas da trama como um suspense que não permite o espectador tirar os olhos da tela.
Além de melhor filme, a Academia também reconheceu a obra em mais 7 categorias. O filme também deu as caras em outras importantes premiações, como no BAFTA, onde levou o prêmio de Melhor Filme, Melhor Filme Britânico e Melhor Roteiro Adaptado, além do Globo de Ouro, onde levou Melhor Roteiro de Cinema, e mais recentemente no SAG Awards, vencendo o prêmio de Melhor Elenco. Conclave está disponível para ser assistido nos cinemas.

Duna: Parte 2
Sucesso de bilheterias em 2021, Timothée Chalamet e Zendaya retornaram em 2024 para a segunda parte do filme “Duna”. A adaptação conta a história do protagonista Paul (Timothée), um jovem que possui poderes que lhe permitem sentir o futuro. Após uma invasão em seu território, Paul se une a Chani (Zendaya) e com os Fremen em sua busca por vingança contra os Harkonnen. Com o desenvolvimento da história, o personagem terá que realizar escolhas difíceis que impactam em um futuro que só o próprio conhece.
Com o orçamento de U$190 milhões, o longa foi gravado em IMAX, uma tecnologia que permite a alta resolução de imagens e vídeos. Foi utilizado o máximo de locações reais possíveis, deixando o uso de CGI (Imagens geradas por computador) apenas em momentos cruciais. No BAFTA 2025, o filme foi reconhecido com o prêmio de Melhores Efeitos Visuais. A trilha sonora, desenvolvida por Hans Zimmer, é aclamada pelo público e destaque em premiações.
Desde seu lançamento, o filme recebeu aclamação da crítica e do público, alcançando 93% de aprovação no Rotten Tomatoes. Além disso, "Duna: Parte 2" conquistou diversos prêmios, incluindo Melhor Filme no Las Vegas Film Critics Society Awards 2024, onde também levou outras cinco categorias, como Melhor Direção para Denis Villeneuve e Melhor Fotografia.
O longa também está sendo indicado em outras 4 categorias no Oscar 2025: Melhor Design de Produção, Melhor Som, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia. O filme está disponível na MAX ou no Prime Vídeo.

Emilia Pérez
“Emília Perez” é um musical que segue a vida de Rita (Zoe Saldaña), uma advogada mexicana que se envolve com o cartel ao ser chamada pessoalmente por Manitas del Monte (Karla Sofía Gascón), o líder do crime na cidade, para representá-lo judicialmente. Dentre seus interesses, o principal desejo do chefe do cartel é, na verdade, poder realizar a transição de gênero, por ser uma mulher trans, e assim, abandonar a vida no crime e adotar uma nova identidade, Emilia Perez. Apesar das recentes polêmicas que envolveram a obra em relação à sua produção e à atriz principal, Karla Sofía Gascón, Emília Perez faz uma grande campanha na temporada de premiações desde o início de suas sessões em festivais internacionais. Dirigido pelo francês, Jacques Audiard, o filme conquistou espaço na atenção do público, tendo ganho o prêmio de Melhor Atriz em Cannes, e batido o recorde de indicações à estatuetas do Oscar, com um total de 13 indicações.
Apesar de sua forte campanha desde o início da temporada, com premiações nos principais festivais internacionais, a obra do francês Jacques Audiard tem se envolvido em fortes polêmicas ao longo de suas exibições ao público. Umas das principais questões envolvendo o filme é o fato de ser uma produção que trata sobre o povo mexicano de forma estereotipada, com todas as cenas filmadas nos EUA, direção e roteiro franceses, e elenco majoritariamente estadunidense (com exceção da atriz principal, Karla Sofía Gascón, nascida na Espanha). Em adição, o filme também foi pauta negativa entre a comunidade transexual, que avaliou a representação da protagonista, Emília Perez, como preconceituosa e incorreta. A atriz principal da obra também se envolveu recentemente em polêmicas, ao serem descobertos antigas públicas na rede social “X”, onde a espanhola tecia comentários de cunho racista e xenofóbico, resultando na remoção de sua imagem na campanha realizada pela Netflix ao Oscar.
Emília Perez vem em uma temporada de renovação dos indicados às grandes premiações, enquanto um gênero raro de ser visto em tal posição (musical) como em outros anos. A produção vem como uma das grandes favoritas à estatueta de Melhor Filme Internacional, já tendo levado o prêmio em outras ocasiões, como no Globo de Ouro e no BAFTA, além de colecionar prêmios como de Melhor Atriz Coadjuvante pela performance de Zoe Saldaña (Rita), e Melhor Canção Original com a composição “El Mal”, nestas mesmas premiações. No Oscar, o filme ainda concorre à Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção, Melhor Fotografia, duas composições em Melhor Canção Original (“El Mal” e “Mi Camino”), entre outras categorias. O filme pode ser visto nos cinemas.

Nickel Boys
Dirigido por RaMell Ross, o longa é uma adaptação cinematográfica do romance vencedor do Prêmio Pulitzer de Colson Whitehead. O filme narra a poderosa amizade entre dois jovens afro-americanos, Elwood Curtis (Ethan Herisse) e Jack Turner (Brandon Wilson), que enfrentam juntos as duras realidades da Nickel Academy, um reformatório na Flórida durante a era Jim Crow. A trama explora as injustiças e abusos sistêmicos sofridos pelos internos, destacando a resiliência e a esperança mantidas diante da adversidade.
Desde sua estreia no 51º Festival de Cinema de Telluride em agosto de 2024, "Nickel Boys" recebeu aclamação da crítica. O filme foi nomeado um dos 10 melhores de 2024 pelo American Film Institute e recebeu indicações ao Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama e ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.
A obra levanta uma crítica contundente sobre a segregação racial e os abusos cometidos em instituições destinadas à reabilitação de jovens. Ao retratar as experiências traumáticas dos protagonistas, o filme evidencia as falhas sistêmicas e a desumanização presentes nesses estabelecimentos, convidando o público a refletir sobre as cicatrizes deixadas por tais práticas na sociedade americana. Para quem deseja assistir, o filme está disponível no Prime Vídeo.

O Brutalista
Em "O Brutalista", dirigido por Brady Corbet, acompanhamos a trajetória de László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto judeu húngaro que, após sobreviver ao Holocausto, imigra para os Estados Unidos em 1947 em busca de reconstruir sua vida e carreira. Ao chegar na Pensilvânia, László enfrenta dificuldades para se estabelecer até que conhece Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), um industrial abastado que o contrata para projetos ambiciosos, incluindo a construção de um centro comunitário em homenagem à sua falecida mãe. A narrativa explora os desafios de László ao equilibrar sua visão artística com as demandas de seu patrono e as complexidades do sonho americano.
Desde sua estreia no Festival de Veneza em setembro de 2024, onde Corbet recebeu o Leão de Prata de Melhor Direção, "O Brutalista" tem sido amplamente reconhecido. O filme conquistou três prêmios no Globo de Ouro 2025: Melhor Filme de Drama, Melhor Diretor para Brady Corbet e Melhor Ator em Filme de Drama para Adrien Brody. Além disso, recebeu dez indicações ao Oscar 2025, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e categorias técnicas como Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção.
Com uma duração de 3 horas e 35 minutos, incluindo um intervalo de 15 minutos, "O Brutalista" inova com uma narrativa cinematográfica imersiva que convida o público a refletir sobre os sacrifícios pessoais e profissionais na busca pelo sucesso e realização artística.

Um Completo Desconhecido
O longa é uma cinebiografia, dirigida por James Mangold, que retrata a ascensão de Bob Dylan (Timothée Chalamet) na cena musical de Nova York no início dos anos 60. O filme acompanha o jovem de 19 anos desde sua chegada à cidade, passando por encontros com ícones como Woody Guthrie (Scoot McNairy) e Pete Seeger (Edward Norton), até sua controversa transição para o rock elétrico no Festival Newport Folk de 1965. Além de Chalamet, que concorre na mesma categoria protagonizando Duna: parte 2, o elenco conta com Elle Fanning como Sylvie Russo, uma representação fictícia de Suze Rotolo, e Monica Barbaro no papel de Joan Baez.
O filme recebeu aclamação da crítica e do público, acumulando oito indicações ao Oscar 2025, incluindo Melhor Diretor para James Mangold e Melhor Ator para Timothée Chalamet. A atuação de Chalamet foi especialmente destacada, com elogios por sua capacidade de capturar a essência enigmática de Dylan, equilibrando carisma e introspecção.
"Um Completo Desconhecido" levanta discussões sobre a tensão entre autenticidade artística e expectativas do público. A decisão de Dylan de eletrificar seu som, vista por muitos como uma traição ao movimento folk, é central na narrativa e serve como metáfora para os desafios enfrentados por artistas que buscam evoluir enquanto lidam com a pressão dos fãs e da indústria. O filme também explora as complexidades das relações pessoais de Dylan, destacando como suas escolhas profissionais impactaram seus vínculos afetivos.

Wicked
O filme trouxe um dos maiores clássicos musicais da Broadway para as telonas. Wicked conta a verdadeira história da Bruxa Má do Oeste, de Mágico de Oz. O longa vai explorar a complexa relação entre Elphaba (Cynthia Erivo), uma jovem de pele verde, e Glinda (Ariana Grande), uma garota popular e ambiciosa. Ambientado na Terra de Oz antes da chegada de Dorothy, a narrativa acompanha as protagonistas desde seus dias na Universidade de Shiz até os eventos que as transformam nas icônicas Bruxa Má e Bruxa Boa do Norte, respectivamente.

Wicked tem sido aclamado pelo público, principalmente os que já eram fãs do musical original, exaltando a atuação de Ariana e Cynthia, que deram vida à suas personagens com louvor. A principal particularidade do longa é a direção de Jon M. Chu, que priorizou manter a narrativa teatral característica dos palcos, mantendo toda a magia da história e o apego afetivo dos fãs. A maioria dos cenários foi construído para a gravação, diminuindo o uso de CGI, mais de 9 mil tulipas foram plantadas para dar vida a cena do vasto campo de tulipas. “Uma boa parte [do cenário] é real. São cenários físicos, tangíveis”, comenta Ariana Grande, atriz que dá vida a Glinda.
O filme recebeu elogios por sua direção de arte, performances e fidelidade ao material original. No National Board of Review de 2024, "Wicked" foi eleito o Melhor Filme, com Jon M. Chu recebendo o prêmio de Melhor Diretor. A colaboração criativa entre Cynthia Erivo e Ariana Grande também foi destacada com o NBR Spotlight Award.
Uma das principais críticas levantadas por "Wicked" é a desconstrução da vilania e a exploração das nuances entre o bem e o mal. Ao recontar a história da Bruxa Má do Oeste sob uma nova perspectiva, o filme desafia as percepções tradicionais de heroísmo e maldade, convidando o público a refletir sobre preconceitos, discriminação e as complexidades das relações humanas. A narrativa aborda temas como bullying, corrupção e a busca por identidade, tornando-se uma alegoria relevante para questões contemporâneas.