Atualmente evidencia-se que a problemática da fake news assola não só o nosso país, mas o mundo inteiro. Ao decorrer dos últimos anos, com a imediatização da informação, e as redes sociais, ficou muito mais fácil disseminar esse tipo de 'notícia’, algo que se tornou não só nocivo para a população, mas também para a democracia.
Nos últimos anos, diversas figuras se aproveitaram da facilidade de propagar mentiras, uma mensagem no WhatsApp, um post no facebook ou até mesmo uma ‘twittada’ pode ter grande impacto na vida de diversas pessoas, ainda mais quando se trata de uma figura pública com muitos seguidores, pode ser um atleta, um artista, digital influencer ou, até mesmo uma das figuras mais poderosas e influentes de um país, um presidente. Fake news sempre existiram, só não era um tema tão discutido, em meados de 2016, no inicio da corrida eleitoral estadunidense, esse tópico começou a ganhar notoriedade quando o até então candidato à presidência, Donald Trump, começou a disseminar diversos relatos, um deles acusando sua concorrente Hillary Clinton e o presidente estadunidense Barack Obama de terem criado o Estado Islâmico. “Ele (Obama) foi fundador do Estado Islâmico. E ela (Hillary) também. Quer dizer, eu os chamo de cofundadores.” Disse Trump em 2016 ao canal CNBC.
Não foi só nos Estado Unidos que houve escândalos de fake news, no Brasil também houve diversos casos que o atual presidente da república Jair Messias Bolsonaro propagou notícias falsas, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus. Durante o período de quarentena, Bolsonaro defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19 com hidroxicloroquina, chegou a dizer que o remédio teria salvo mais de 100 mil vidas, sem apresentar prova alguma. Os estudos sempre apontaram que não havia eficácia alguma e seu uso contra Covid, é contra indicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em um país com a dimensão do Brasil, sempre haverá lugares que a informação não chega tão fácil, há áreas que ainda nem sequer possuem sinal de internet, TV ou qualquer tipo de mídia que traga informação de qualidade, e ainda, para agravar mais a situação, é de conhecimento geral que a educação brasileira não é tão eficaz em diversos estados e cidades, logo, qualquer declaração de alguém com tal influência, como um presidente, atletas ou qualquer outra pessoa que tenha grande alcance, vai influenciá-las de modo que alterem seus modos de vidas e atitudes.
Para combater esse problema, é necessário diversas atitudes das mídias jornalísticas e dos órgãos governamentais. Atualmente já contamos com diversas agências de checagem de notícias, algo que alguns anos atrás não era tão necessário. Essas agências têm o papel de checar as notícias que diversos veículos jornalísticos publicam e também checar a veracidade de declarações de pessoas influentes. Também diversas redes sociais têm tomado medidas para combater essa era da ‘pós-verdade’, o Twitter, vem se tornando ao longo dos anos uma das redes sociais que mais deu voz a essas figuras, entretanto, já vem tomando medidas também. Já houveram diversos casos que a própria rede apagou posts de Donald Trump e de Jair Bolsonaro e diversos outros por estarem publicando notícias falsas, em alguns casos, já até receberam ameaças por parte de Trump, todavia, o sistema ainda é falho, o algoritmo do site, em sua maioria capta casos de pessoas com longo alcance, usuários com menos seguidores e influência, já não tem o mesmo tipo de trativa.
Mesmo com tantas medidas tomadas, essas mentiras não se limitam apenas ao âmbito virtual. De acordo com um estudo feito em março de 2022 pelo Instituto Locomotiva e da consultoria PwC, cerca de 33,9 milhões de brasileiro estão desconectados da internet, o que equivale a aproximadamente 15% da população brasileira, nesse caso, os órgãos governamentais devem tomar medidas para que informação de qualidade e verídica chegue a este público.
O papel dos jornalistas nunca foi tão importante quanto nesta era chamada de ‘pós-verdade’, cabe a nós conscientizar familiares e amigos a checarem as informações de algo antes compartilhá-las em suas redes, e lutar para expandir o alcance dessas notícias, para que deste modo, todos tenham de fato direito à informação, algo que é direito de todos, algo que deveria ser, na minha opinião, de domínio público, assim quem sabe , poderemos acabar com essa pandemia de fake news.