Open Banking é oportunidade ou ameaça?

Entenda as vantagens e os riscos dessa tecnologia que chega para acelerar a inovação e competitividade no setor
por
João Kerr
|
09/11/2021 - 12h

Por João Kerr Guimarães Bidetti

Open Banking é uma estratégia de inovação e competitividade que está chegando ao Brasil através do Banco Central. Com essa infraestrutura, o cliente do banco será dono de seus dados e poderá transitar suas informações entre as instituições que desejar.

Até hoje, os bancos brasileiros sempre tiveram total controle do histórico bancário de seus clientes. Esse histórico é de enorme importância para os bancos, uma vez que a partir dele é possível fazer uma análise mais apurada do cliente, definir se ele é confiável e assim definir os produtos e taxas ofertadas a ele.

O Open Banking traz a possibilidade de compartilhamento desses dados, caso o cliente solicite. Essa tecnologia permitirá às instituições bancárias novas experiências financeiras, mas é necessário ter cuidado ao aderir, já que são informações valiosas que não podem cair nas mãos erradas.

A União Europeia já possui um sistema de Open Banking, tendo o Reino Unido como pioneiro. No Brasil, a implementação está ocorrendo em 4 fases:

1ª fase (iniciada em 01/02/21): Ainda não envolveu o cliente - bancos foram obrigados a divulgar de forma mais transparente as características de seus produtos e serviços;

2ª fase (iniciada em 15/07/21): Clientes já podem solicitar o compartilhamento de dados relacionados a serviços bancários, como contas e cartão de crédito;

3ª fase (início previsto para 29/10/2021): Clientes poderão realizar pagamentos através de aplicativos e soluções que não sejam exclusivamente de bancos, como marketplaces.

 
 


 4ª fase (início previsto para 15/12/2021): Liberado o compartilhamento de dados de serviços relacionados a outros produtos financeiros, como investimentos, seguros, previdência e conta salário.

 

Vantagens

Primeiramente, a maior praticidade na gestão do dinheiro. Se um usuário possui contas correntes em mais de um banco, poderá ver todos os saldos e movimentar seu dinheiro através de um único aplicativoque pode ser o seu gestor financeiro favorito, desde que seja regulado pelo Banco Central.

Além disso, a possibilidade de compartilhar dados bancários fará com que o cliente não fique "preso" a seu banco. Isso costuma ocorrer quando o indivíduo possui anos de relacionamento com uma instituição e já tem um bom relacionamento com seu gerente. Com a possibilidade de migrar seu histórico bancário, é possível obter a confiança de novos bancos, caso seja um bom pagador.

Com isso, o Open Banking irá incentivar a competição entre os bancos, que estarão sempre buscando oferecer os melhores preços e maiores vantagens aos seus clientes, já que a migração será mais viável.

 

Leandro Pupe Nóbrega

 

Segundo Leandro Pupe Nóbrega, professor de Open Banking na FIA Business School, outras vantagens deverão surgir. "Os bancos deverão oferecer incentivos a quem utilizar o Open Banking, como um valor em dinheiro para quem compartilhar seus dados, para atrair quem não entende sobre essa tecnologia", prevê Leandro.


Riscos

Apesar das vantagens apresentadas, é natural se atentar para os riscos à adesão ao Open Banking. Como ainda está em fase de implementação, é difícil afirmar quais serão os maiores riscos aos usuários aqui no Brasil. No entanto, o Banco Central utilizará ferramentas avançadas para garantir a segurança das informações.

 

 

 

 

 

 

 

 

O Open Banking precisa seguir regras complementares à Lei Geral de Proteção de Dados, segundo o G1. Há necessidade de autorização expressa do usuário para o compartilhamento de seus dados. A autorização deve especificar quais dados podem ser compartilhados e o período pelo qual ficarão disponíveis, que não pode exceder 12 meses.

 

Bruno Diniz

 

Especialistas acreditam que o compartilhamento de dados será seguro - Bruno Diniz, expert em inovação no mercado financeiro e professor da USP, afirma que o risco ainda estará no roubo de dados, não na intermediação feita pelo Open Banking.  “Claro que pode acontecer algum tipo de roubo ou vazamento pontual de dados depois que já estiverem na instituição, assim como já víamos antes da criação do Open Banking. Nesses casos a Lei Geral de Proteção de Dados será aplicada", adverte.

Esse risco, porém, sempre existiu, mesmo antes da chegada dessa tecnologia. Golpes que roubam dados bancários são extremamente comuns no Brasil, mas além das possíveis falhas nos sistemas, é importante ficar atento a outros tipos de golpe.

 
 


Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), cerca de 70% das fraudes estão vinculadas à engenharia social. Isso significa que os golpes consistem na manipulação psicológica do usuário para fornecer informações confidenciais, como senhas e números de cartões.

Assim, é necessário muito cuidado ao fornecer dados e fazer transações financeiras pela Internet. “Os dados pessoais do cliente jamais são solicitados ativamente pelas instituições financeiras. Na dúvida, sempre procure seu banco para obter esclarecimentos”, diz Adriano Volpini, diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban, à CNN.

É fundamental também prestar atenção à autenticidade dos sites e aplicativos utilizados. Apesar do avançado sistema de segurança utilizado pelo Open Banking Brasil, deve-se atentar para plataformas falsas se passando por instituições financeiras para obter informações.

A educação digital é, portanto, essencial para quem deseja aderir ao Open Banking. A tecnologia pode trazer diversos benefícios aos usuários, porém é necessário entender o valor dos dados e agir com cautela para operar de maneira segura.