Amo música. Um dos momentos que mais gosto no meu dia é a hora que pego o ônibus para voltar para casa e ligo no aplicativo musical. Ao encostar a cabeça na janela com o som alto, minha mente desliga e meu espírito se renova. Marisa Monte, Akon, Beyonce, Alice in Chains, Mc Kekel, Kanye West (me cancelem) e, claro, Oasis, passam pelo bluetooth até chegar em meus ouvidos e tornam minha viagem muito melhor.
Se me perguntam, falo que sou “eclético”. Esta é, descaradamente, a resposta mais óbvia para quem não entende nada de música, ou pra quem entende pouco.
Minha banda favorita é Pink Floyd, é verdade, fez parte da minha formação como cidadão e da minha “formação musical” também, bem entre aspas. Another brick in the wall, Comfortably Numb, Wish you were here, Young Lust e One of these days são algumas das faixas que mais aprecio e tatuaria alguma passagem delas em meu corpo (mas logo esse pensamento se esvai).
Mas existem bandas e bandas, grupos e grupos, mc’s e mc’s, dj’s e dj’s, sou jovem e vou a festas e baladas, portanto, vivendo em plena década de 2020, o que escuto, majoritariamente, nesses ambientes, é funk, e eu adoro. Como não gostar? Letras intensas, algumas engraçadas, com um grave que não te deixa desanimar. Às vezes cansativas, é verdade, mas, apesar dessa minha contradição, é, inevitavelmente, um gênero presente e de peso.
Quando o assunto é “formação de repertório musical”, a minha área é o rock, mesmo que minimamente.
No meu último ano de escola, decidi formar uma banda com mais dois amigos e uma amiga. Eu era o baterista, Matheus o baixista, João o guitarrista e Malu a vocalista. João e Malu realmente dominavam seus ofícios, eu e Matheus, por outro lado, necas.
Então, decidimos começar a ter aulas, e foi ótimo. Entre o fim de 2019 e o começo de 2020 aprendemos muito, cada um com seu respectivo instrumento musical. Nós quatro conseguimos nos reunir umas cinco vezes para treinar na escola onde fazíamos as aulas antes que a pandemia viesse e varresse nossos sonhos para um universo paralelo.
Mas, até que isso ocorresse, tiramos Another one bites the dust, do Queen, Like a stone, do Audioslave e Seven Nation Army, do White Stripes. A gente se via com futuro ali, uma alternativa pras nossas frustrações envolvendo o vestibular, pelo menos. Como eu disse, a pandemia varreu nossos sonhos e cada um seguiu seu caminho. Mas, antes que isso acontecesse e fossemos seguir nossos sonhos na área da comunicação, da matemática e do serviço social, sonhamos e imaginamos muito, e, com esses sonhos, vinham as inspirações.
Como só posso responder por mim, devo dizer que meu repertório, ainda mais limitado na época, de inspiração, era Arctic Monkeys, Oasis, Red Hot Chilli Peppers, Linkin Park e Pink Floyd, além de mais algumas outras bandas de rock. As duas primeiras eu discutia com o João, as outras duas eu discutia com Matheus e a última eu só conversava com meu pai.
Malu conversava sobre todas, era a mais eclética entre nós (mas aqui especificamente, o termo “eclético” faz jus à realidade). No que diz respeito à banda Oasis, além de ser muito boa, gruda muito. A faixa Wonderwall é um hino inabalável, assim como Stand by me ou Champagne Supernova.
Rodeados de polêmicas e briga entre irmãos - por que não? -, o Oasis havia acabado em 2009, e todos pensaram que era por tempo limitado, até irem perdendo as crenças de seu retorno. Até que, no último mês, 15 anos depois, vem a bomba: eles retornarão para uma turnê no Reino Unido.
Esse fato - espero que eles não voltem a brigar até lá - me despertou uma nostalgia da época da escola, quando eu conversava com João sobre a banda e o quão “influente” ela foi não para a nossa “formação”.
No fim das contas, não sou nenhum músico. Apenas um jovem que se viu inspirado por dois irmãos brigados - Liam e Noel Gallagher - e que agora se encontra num estado de esperança de que, no ano que vem, ao realizarem sua turnê, tenham a compaixão de pisar em solos brasileiros para tocar no, provavelmente, Allianz Parque.
É difícil, mas, quem sabe, se eles não brigarem e virem que é legal ser uma banda novamente, eles não saiam do quintal inglês e compareçam por aqui, com ingressos na faixa de 60 reais, como nos velhos tempos!
É…sonhar é importante.