O que é o metaverso e como ele se tornou o novo foco do Facebook

Entenda o que está por trás do termo que se tornou tendência entre as grandes empresas de tecnologia
por
João Kerr
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09/11/2021 - 12h

Por João Kerr Guimarães Bidetti

Durante a tarde da última quinta -feira (28), o CEO do Facebook Mark Zuckerberg anunciou que a empresa será rebatizada com o nome Meta. A famosa rede social continuará existindo com o mesmo nome. Apenas o nome da holding, que também contempla Whatsapp, Instagram e outros produtos, será alterado.

Segundo Mark, o novo nome foi definido em alusão ao conceito de metaverso, novo foco da empresa.

“Minha expectativa é de que, em cerca de cinco anos, as pessoas nos vejam, antes de tudo, como uma empresa de metaverso”, disse o CEO ao The Verge. No recente mês de setembro, o Facebook anunciou que investirá U$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) nessa tecnologia nos próximos 2 anos.

O conceito está em alta — além da empresa de Zuckerberg, a Microsoft e a Nike também anunciaram nos últimos dias que farão investimentos nessa tecnologia. Segundo o portal Cointelegraph, criptoativos ligados a ele valorizaram 13,4% na última semana.

Mas afinal, o que é o metaverso?

O termo tem sido utilizado no contexto atual como uma ideia de um mundo virtual, criado a partir do que temos de mais avançado em tecnologia. Para isso, seriam combinados recursos de realidade virtual, realidade aumentada e Internet.

Esse “universo digital” tem o objetivo de reproduzir experiências reais a partir do uso de tecnologias como óculos de realidade virtual e roupas com sensores táteis. Tudo isso deve ocorrer dentro de um espaço virtual coletivo , no qual é possível interagir com pessoas de qualquer lugar do mundo através da internet.

 

Isso permitirá desde assistir a shows de forma virtual com uma experiência muito mais imersiva e divertida até acompanhar aulas e reuniões de trabalho usufruindo de uma interação muito mais próxima.

De acordo com o Facebook, a criação do metaverso será semelhante à criação da própria Internet e ocorrerá de forma descentralizada, não através de uma ou duas empresas:

“Este não é um produto que uma companhia poderá desenvolver sozinha. Assim como a Internet, o metaverso existe independentemente de o Facebook estar lá ou não”, disse a empresa em comunicado.

Mais de 90 companhias estão atuando no desenvolvimento dessa tecnologia, de acordo com dados da CB Insights.

No entanto, um metaverso acessível e com experiências imersivas como as citadas anteriormente ainda está muito longe de nossa realidade. Isso porque os óculos de realidade virtual ainda são muito caros, desconfortáveis e pouco discretos.

 

Oculus Rift, do Facebook, é vendido a partir de 3280,00

Porque o Facebook está tão focado nisso?

Mark Zuckerberg e os executivos do Facebook estão cientes de que o metaverso idealizado pela empresa não deve se concretizar tão cedo. No comunicado em que anunciou o investimento nessa tecnologia, a empresa admitiu que muitos dos produtos que estão sendo desenvolvidos só serão realidade em 10 ou 15 anos.

No entanto, eles já querem começar a investir naquilo que consideram promissor.

O Facebook demorou para investir em aplicativos móveis. 10 anos atrás, o mercado de apps para celular estava crescendo. Enquanto eram desenvolvidos aplicativos cada vez melhores para os dispositivos móveis, o investimento do Facebook nesse setor não era tão significativo e o app da rede social era cheio de crashes e bugs.

Em 2012, Mark Zuckerberg e seus companheiros perceberam que apps tinham potencial e voltaram todos os esforços da empresa a essa frente, apesar do atraso. Eles não querem cometer o mesmo erro duas vezes, por isso buscam antecipar quais serão os melhores investimentos para os próximos anos.

Victor Dias, especialista em tecnologia, acredita que é um bom momento para apostar: "Se nos apps móveis eles atrasaram, agora eles querem garantir que, caso o metaverso venha a ser a próxima tendência na tecnologia, eles sejam os pioneiros, os maiores nesse universo".

 

Mark Zuckerberg apresenta o novo nome e a nova logomarca de sua holding. (Foto Reprodução/Facebook)

Esse posicionamento começou ficou claro em 2014, quando o Facebook adquiriu a Oculus, empresa de óculos de realidade virtual, por U$ 2 bi, e entrou para o ramo da realidade virtual.

No evento em que comunicou a mudança de nome, a empresa anunciou uma série de novidades para essa tecnologia. Entre elas, estão:

  • Horizon Home: a atualização permitirá “festas” entre amigos, através do uso de óculos de realidade virtual. A festa utilizará os avatares dos usuários e dentro do espaço será possível conversar, assistir vídeos juntos, jogar jogos e utilizar apps.
  • Supernatural Boxing: o aplicativo, desenvolvido para óculos de realidade virtual, ganhará novos exercícios utilizados por atletas profissionais.
  • Novidades no uso para trabalho: no Quest, um dos modelos de óculos de RV, será possível fazer login com uma conta de trabalho em vez da conta pessoal do Facebook. As salas de trabalho do Horizon Home poderão ser personalizadas com o logotipo, pôsteres e toda a identidade visual da empresa.

Já é possível experimentar o metaverso?

Apesar do metaverso idealizado pelo Facebook ainda estar longe de acontecer, alguns softwares já flertam com o conceito.

Fortnite, popular videogame de ação e tiro, inovou ao oferecer a seus jogadores apresentações virtuais de grandes artistas, como Travis Scott. Nesse tipo de evento, os jogadores podiam circular pelo espaço virtual com seus avatares, dançar e interagir com outras pessoas que assistiam ao show simultaneamente.

O conceito se aproxima do que o Facebook busca para o metaverso ao permitir que o usuário experiencie um show ao vivo enquanto interage com pessoas que estão em diferentes partes do mundo.

Mais de 27 milhões de jogadores assistiram ao show “Astronomical”, segundo a Epic Games (Imagem: Reprodução/Twitter)

O jogo de mundo aberto Roblox também se aproxima desse conceito ao proporcionar a seus usuários experiências além dos games. Na plataforma, o usuário pode circular livremente e não se envolver com os “joguinhos” disponíveis.

No último mês de maio, a Gucci criou, dentro do jogo, a Gucci Garden, espaço virtual onde os usuários poderiam circular e interagir com outros jogadores. Nele, era possível observar as novas coleções da marca, bem como experimentar as peças em seus avatares e comprá-las. Uma bolsa virtual foi vendida por mais de R$ 22 mil.

 

 

Jogadores de Roblox podiam passear e interagir com outros usuários dentro da Gucci Garden (Imagens: Roblox)

Como vimos acima, alguns produtos do próprio Facebook (que agora chama-se Meta) vislumbrando o metaverso também estão em desenvolvimento e devem estar disponíveis para o grande público em breve.

Horizon Workrooms, ambiente pensado para simular reuniões presenciais, ainda está em fase de teste, mas já é usado para reuniões internas da empresa há mais de seis meses.

Nele, os usuários podem criar um avatar e interagir com seus colegas de trabalho em um ambiente virtual que conta com lousa, blocos de anotações e tela de apresentação. Confira: