Depois de assistir ao desfile militar, na Esplanada dos Ministérios, pela manhã, em homenagem ao Bicentenário da Independência, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um um discurso de campanha, nesta quarta-feira (07). Candidato à reeleição, Bolsonaro discursou em uma manifestação organizada por seus apoiadores, na outra faixa da Esplanada.
“A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro. Vamos todos votar, vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil” - Jair Bolsonaro em discurso nas comemorações do Bicentenário da Independência
Ao lado do presidente durante o discurso estavam a esposa, Michelle Bolsonaro, o candidato a vice-presidente, Braga Netto, o atual vice-presidente e candidato ao senado pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão, além de alguns empresários como Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Diferente de outros desfiles de comemoração do dia da Independência, neste ano os chefes do Legislativo e do Judiciário não compareceram ao evento.
O presidente voltou a usar sua fala para afirmar que o país trava uma batalha do “bem contra o mal”. Bolsonaro utiliza essa expressão para se referir a disputa entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto até aqui na corrida presidencial.
“Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal, um mal que perdurou por 14 anos em nosso país, que quase quebrou a nossa pátria e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão. O povo está do nosso lado. O povo está do nosso lado do bem. O povo sabe o que quer” - Jair Bolsonaro em discurso nas comemorações do Bicentenário da Independência
Em um tom mais baixo do que usou no ano passado, quando atacou diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e ministros da Corte, Bolsonaro disse que levará “para dentro das quatro linhas” da Constituição os que “ousam ficar fora delas”. “Podem ter certeza, é obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Com uma reeleição, nós traremos para dentro dessas quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora delas”, afirmou o presidente.
Apesar da fala de Bolsonaro, dizendo prezar pela Constituição Federal, na manifestação de seus apoiadores foi possível encontrar faixas e cartazes, alguns em inglês, com pedidos que contrariam a Constituição, como a destituição ou remoção dos Ministros do STF. Outros cartazes pediam uma intervenção militar no governo.
Acredite se quiser
Em determinado momento do discurso, Bolsonaro sugeriu que os eleitores comparassem as primeiras-damas para escolher em quem votar. “Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha família. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está na minha frente”, afirmou o presidente.
Após aconselhar os homens solteiros a procurarem uma “princesa” para se casar, o presidente beijou a primeira-dama e, em seguida, puxou um coro de “imbrochável”, para se referir a ele mesmo.
Repercussão
As candidatas à presidência da República reagiram às falas machistas de Bolsonaro no dia da Independência. Em uma conta na rede social, Simone Tebet (MDB) criticou o presidente e disse que “o Brasil não merece o governo que tem”.
“Além de pária internacional devido à falta de segurança e estabilidade política, agora o país também vira motivo de chacota pelas falas machistas do seu líder, que deveria dar exemplo. O Brasil não merece o governo que tem” - Simone Tebet
Também por meio das redes sociais, Soraya Thronicke (União Brasil) disse que o país precisa de um presidente “incorruptível”. “O presidente insiste em propagar que é imbrochável - informação que, sinceramente, não interessa ao povo brasileiro. O que o Brasil precisa, mesmo, é de um presidente incorruptível”, afirmou a candidata.