Em um mundo em que as pessoas tentam, cada vez mais, ser conscientes sobre questões sociais e raciais, o Vasco da Gama foi um dos pilares na luta antirracista, mas não o primeiro – em 1905, o Bangu escalou um atleta negro em uma partida.
OS CAMISAS NEGRAS
Em 1923, o Vasco foi campeão carioca pela primeira vez, com os apelidados “Camisas Negras”, – por causa da cor do uniforme utilizado – equipe que tinha jogadores negros e brancos em sua formação, indo na contramão dos rivais Botafogo, Flamengo e Fluminense, que possuíam times formados apenas por brancos.
Em entrevista para a AGEMT, o professor José Paulo Florenzano afirma que “a presença significativa de atletas negros no Vasco foi um marco na quebra de uma barreira racial no futebol dos grandes clubes. Posteriormente, o Flamengo no Rio de Janeiro, e o Corinthians em São Paulo, não por acaso, foram conhecidos por ‘times do povo’.”
A RESPOSTA HISTÓRICA
No dia 7 de abril de 1924, José Augusto Prestes, presidente do clube da época, assinou um manifesto que afirmava que o Vasco não disputaria a 1ª divisão do campeonato estadual do Rio de Janeiro sem seus jogadores negros, exigência imposta aos dirigentes no período. A carta do clube cruzmaltino foi batizada de Resposta Histórica.
“São esses doze jogadores, jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glorias.”, escreveu Prestes, ex-presidente do Vasco da Gama.
Sem a luta do cruzmaltino e de outros clubes no início do século, o futebol brasileiro poderia não ter a honra de vivenciar jogadores como Didi, Pelé, Leônidas da Silva, e tantos outros que atuaram nos campos de futebol do país e pela Seleção Brasileira
Na tentativa de não esquecer suas raízes, o Vasco ainda é um dos clubes mais engajados em pautas sobre racismo e outras questões sociais nos tempos atuais.