Por Marcela Foresti
A paixão por games abre museus, restaura jogos, cria novas versões, coleciona. O Pinball, que era encontrado apenas em fliperamas, hoje é artigo de decoração e coleção, em suas versões mais antigas até as mais tecnológicas. O famoso jogo teve sua primeira versão criada pelo britânico Montague Redgrave, em 1869 nos Estados Unidos, e originalmente se chamava Bagatelle.
As máquinas no estilo conhecido hoje e com o nome Pinball, surgiram em 1930 e fizeram da cidade de Chicago, nos EUA, até então, o centro das produções. Durante a grande depressão no país norte-americano, o jogo virou uma das fontes de entretenimento mais procuradas, já que era barato. Foi nessa época que houve o boom das máquinas.
O pioneiro dos games, porém, teve que aprender a se reinventar ao longo dos anos para acompanhar as novas tendências e se manter entre os favoritos. Com o surgimento dos videogames, por volta dos anos 70, o jogo perdeu um pouco da popularidade e muitas fábricas acabaram fechando. As máquinas começaram a incorporar novas tecnologias e trazer como tema do jogo personagens e filmes do momento, tudo com o intuito de continuar chamando a atenção do público.
O jogo amado desde os anos 30 teve grande influência na cultura pop desde sua criação. Foi tema, em 1969, do álbum “Tommy” de Ópera Rock (história narrada por músicas), do quarteto britânico “The Who”.
O álbum conta a história de um menino traumatizado que não fala, não enxerga e não ouve, mas é o gênio do Pinball. “Tommy” virou um filme estrelado pela própria banda, em pequenos clipes, com participação de nomes como Elton John. Também foi transformado em musical pela Broadway nos anos 90 e, novamente, em 2019.
No Brasil as máquinas chegaram por volta dos anos 30, mas ficaram proibidas por muito tempo por serem consideradas jogo de azar. O empresário Paulo Esteban, da fábrica Matic, explica que no início da empresa criada em 1972, por seu pai Inocêncio Esteban Rodrigues, a importação era proibida no País e a fábrica surgiu da necessidade das operadoras de fliperama.
No começo a fábrica produzia Pinballs eletromecânicos. “Antigamente as máquinas eram produzidas de forma artesanal e quase não tinham elétricos embarcados no produto", conta Esteban.
O antecessor dos games passou por inúmeras mudanças. “No início eram apenas bolinhas sendo lançadas para cima, os “flipers” que rebatem as bolas para cima só foram acrescentados depois, assim como os sons com sirene de cobre”, explica.
Hoje as máquinas possuem microcontroladores e monitores e ainda esse ano há um projeto onde elas serão interligadas pela Internet. “Os jogadores poderão disputar partidas online, independente do local onde se encontram", prevê Esteban.
O jogo voltou a crescer em meados de 2015. “Alguns entusiastas estavam pegando máquinas antigas e novas para criar seus próprios Game Rooms”, conta o empresário.
Luis Francisco Culik, por exemplo, dono do Museu do Pinball de Itu, começou com uma coleção pessoal e hoje abre para que amantes do jogo, assim como ele, possam se divertir. “Em 2015 resolvi fazer um aniversário aqui e todos falavam que parecia um museu do Pinball. E aí todo ano nós abrimos no meu aniversário, conforme o tempo foi passando e a procura aumentando começamos a abrir frequentemente”, conta Culik.
Atualmente o museu conta com 112 máquinas funcionando e 40 em processo de restauração e o dono do museu conta que sua paixão pelo jogo vem de anos. “O Pinball faz parte da minha vida desde sempre, quando comecei a jogar tinha 13 anos”, explica.
Para ele o jogo é importante porque ir aos fliperamas era mais do que só para jogar, era uma forma de conhecer e interagir com mais pessoas.
O Museu tem uma conta no Instagram onde mostram e explicam mais sobre cada máquina e um canal no Youtube onde fazem game play dos jogos.
Com o interesse de colecionadores nas máquinas novas e antigas, o empresário da Matic explica que muitos operadores estão voltando a adquirir as versões antigas do Pinball. “O retrô está na moda”. Esta paixão pelo jogo é algo de escala mundial, existem diversos clubes de colecionadores, restaurantes e bares temáticos em diversos países.