O impacto da pandemia nos clubes de futebol do interior

Clubes de menor expressão no cenário nacional enfrentam desafios causados pela pandemia
por
Gabriel Soria de Almeida e Pedro Alcantara da Silva Neto
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18/09/2020 - 12h

A pandemia do novo coronavirus, que teve seu primeiro caso na China, ainda em 2019, trouxe consequências a todas as áreas da sociedade. Desde o comércio até a área da saúde e da educação, ninguém estava preparado para o desafio que seria encarar esse vírus, e com os clubes de futebol não foi diferente. Estamos acostumados a ver e a acompanhar as grandes potências do futebol nacional e internacional; mas estes, apesar de terem enfrentado certa dificuldade, ainda conseguiram se manter em alto nível e, assim, puderam dar aos atletas uma condição ideal de trabalho, além de terem  a capacidade de se manterem financeiramente sem que nenhum contrato fosse suspenso.

Infelizmente, não são todos que têm dinheiro suficiente no caixa. A paralisação dos campeonatos nacionais e internacionais fez com que, os clubes que não tivessem condições, parassem de lucrar. O futebol é uma fonte de renda muito grande, porém os clubes dependem de contratos com canais de televisão e com patrocinadores, de torcida comprando ingresso e indo ao estádio, e também precisam de dinheiros das premiações dos campeonatos. Com essa pausa, tudo parou de repente e abruptamente, e os clubes que já não têm muitas condições por não ser da capital, se prejudicaram ainda mais.

 Foto/Instagram: @oficialnovorizontino
Foto/Instagram: @oficialnovorizontino

Grêmio Novorizontino volta aos treinos após a paralisação das atividades

Os clubes de interior tem uma projeção baixa em relação ao monopólio do futebol brasileiro. Um exemplo são as questões contratuais, onde os times contratam jogadores por 6 meses, apenas para a disputa dos campeonato estaduais.

“A interrupção do trabalho, que já vem sendo realizado durante anos, foi a situação mais difícil. Tanto o trabalho com o elenco profissional, quanto com as categorias de base.” — Disse o Presidente do Grêmio Novorizontino, clube da cidade de Novo Horizonte, no interior de São Paulo. “Os atletas que viessem a fazer parte do elenco que estaria disputando o Campeonato Brasileiro da Série D, nós prorrogamos esse contrato. O atleta que não ficaria para a Série D, o contrato foi cumprido, na sua totalidade, porém foi encerrado no tempo em que havia sido programado”, completou. 

Em um esporte que o entrosamento entre os atletas é extremamente importante, a falta de treinos e de relacionamento interpessoal prejudica toda a projeção que aquela instituição planeja para a temporada.                                                                                                                                                                                                                                                                                          

Alguns clube, para não arcar com custos “desnecessários”, afastaram vários jogadores e funcionários de base, como por exemplo o Flamengo, que já mostrou ter uma postura pífia em relação aos seus funcionários (exceto jogadores). Por mais que a situação financeira de clubes do interior não esteja a boa, o Novorizontino não deixou de lidar com suas responsabilidades, cumprindo todos os contratos de atletas, e mantendo os jogadores de base, que são mais afetados que os profissionais nesse tipo de situação. O clube deu uma aula!

A volta do futebol, durante a pandemia é claramente um desespero coletivo para gerar dinheiro para os clubes grandes, já que sem torcida apenas eles lucram com ‘pay-per-view’. As medidas tomadas para o campeonato Brasileiro da Série A voltar, são extremamente desiguais com o Brasileiro Feminino e as outras divisões do país (Séries B,C e D). No Brasil, infelizmente vivemos em uma bolha na qual só o futebol masculino que vemos na televisão importa, porém não é assim, clubes de menor expressão são clubes, jogadores de base são atletas e futebol feminino também é futebol!

 

Foto capa: Instagram @oficialnovorizontino