O impacto da pandemia na vida das crianças

por
Eduardo Moura
|
13/05/2021 - 12h

Após mais de um ano de pandemia, diversas mudanças aconteceram na rotina das pessoas. As crianças não ficaram de fora dessas mudanças, pelo contrário, elas pertencem ao grupo dos que mais sentiram com as mudanças na rotina durante essa quarentena estendida.

São diversos fatores que levam a essa piora no comportamento e na saúde mental das crianças. Entre eles, o principal é não ter mais aulas presenciais, o que acaba por afastar os colegas e elimina as atividades físicas em grupo. Agora elas não têm mais onde brincar, a não ser dentro de casa. 

E como fica essa brincadeira tendo que dividir a casa com os pais que foram obrigados de uma hora para outra a aderir o home office como meio de trabalho? Segundo a Roberta Cristina de Moura, mãe do pequeno Lucca de apenas um ano, a nova rotina foi de início desesperadora, mas agora já estão vivendo uma melhor adaptação.

"Não teve jeito, ele teve que voltar para a creche. Eu trabalho em home office, já meu marido trabalha fora. Como o Lucca ainda é muito pequeno, fica impossível conciliar a rotina dele durante o meu expediente. A idade dele ainda exige uma supervisão constante, não dá pra deixar ele vendo TV e ir trabalhar, ele vai chorar, subir nos móveis, correr risco de se machucar etc. A solução infelizmente foi o retorno para a creche mesmo sabendo dos riscos. Era isso ou deixar de trabalhar para cuidar dele, o que seria totalmente inviável em um momento de crise como o que estamos vivendo", declara Roberta.  

A professora de educação infantil Renata Lima, também nos conta as dificuldades e diferenças de comportamento nas crianças durante a pandemia. "Dou aula na periferia da Zona Leste, no bairro de Sapopemba, então a princípio a adaptação das crianças foi muito difícil por diversas razões. A principal foi a falta de equipamentos e internet para que eles pudessem assistir às aulas", diz Lima. Outro fator apontado por ela foi a diferença no comportamento dos alunos. "Eles têm dificuldade em se concentrar na aula e demoram mais para entender e fazer as atividades propostas em aula. Isso se deve por vários motivos, muitos deles têm aula em um horário que a casa está cheia, muito barulho e muita distração.

"Quando o aluno tem dificuldade em aprender, a tendência é que aos poucos ele deixe a disciplina de lado, por isso é essencial a participação dos pais na monitoria das atividades escolares dos filhos. Só o professor não consegue garantir que as tarefas atribuídas a eles serão feitas", desabafa.

Para combater essa situação, a prefeitura de São Paulo adotou um programa chamado Psicólogos na Educação. O programa conta com pelo menos mil profissionais para atender 3,5 milhões de estudantes e 250 mil professores e servidores da rede estadual paulista. 

O atendimento remoto é feito em mais de 5 mil escolas. Os psicólogos vão apoiar o desenvolvimento das ações do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva-SP) e orientar profissionais sobre possíveis sinais passíveis de identificação de traumas e abusos entre os alunos, além de conduzir testes e ferramentas psicológicas, conforme planejamento de cada escola. Todas as mais de 5 mil unidades da rede estadual serão beneficiadas. 

Cada escola terá à disposição, no mínimo, 5 horas semanais de atendimento por um psicólogo. Quanto maior o número de alunos atendidos pela unidade, maior será a carga horária semanal disponibilizada pelos profissionais segundo o site da secretaria de educação.

 

 

Tags: