Com a diminuição de verbas para universidades, aprovado pela Lei Orçamentária de 2021, foi anunciado no dia 11 de maio o fechamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro para julho deste ano. A universidade foi criada em 1920 através do Decreto 14.343 pelo presidente Epitácio Pessoa e nomeada "Universidade do Rio de Janeiro". Foi reestruturada em 1937 durante o governo Vargas e passou a ser chamada de "Universidade do Brasil" para, apenas em 1965 durante o governo Castelo Branco, passar a ser chamada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O anúncio do fechamento da instituição leva também ao desfecho de 9 hospitais universitários e unidades de saúde, 45 bibliotecas, 13 museus e mais de 1450 laboratórios, e inúmeros alunos que não poderão concluir seu curso na Universidade que escolheu.
O estudante da UFRJ Jefferson Xavier estava cursando seu segundo ano de engenharia de bioprocessos quando se deparou com a notícia do fechamento. A faculdade foi bem clara com os alunos sobre o motivo, mas isso não diminuiu o descontentamento de Xavier com a situação “Eu senti bastante tristeza e raiva!”.
Para Xavier, sua maior indignação é com o governo, por permitir fechar as portas de uma universidade com tanto desenvolvimento na área de pesquisas como a UFRJ. Ele expressa sua vontade de lutar pela permanência da universidade: "Vou lutar até o final pela minha faculdade, e sei que tudo vai ser resolvido. Já lutamos uma vez e vamos lutar quantas vezes for preciso".
Além da UFRJ, outras federais também estão passando pelo mesmo problema. A aluna do segundo semestre de Sistemas de Informação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Mayara Aiko Teixeira Watanabe, diz que a universidade já vem sofrendo com a falta de verba há um bom tempo. Mayara afirma que sua universidade está sendo muito importante no enfrentamento da covid-19 em Uberlândia: “Caso as Universidades federais não sejam uma prioridade para o governo, temo que muitas cidades entrem em colapso", diz Watanabe.
A estudante acredita que as universidades federais passaram por um momento muito turbulento, mas que aos poucos elas conseguirão resistir e superar isso. Na Universidade Federal do ABC (UFABC), a aluna de engenharia de gestão, Patrícia Kimiko Matsura Kondo, conta que, devido ao recesso escolar a faculdade não teve a chance de conversar sobre a situação diretamente com os alunos e que o assunto está sendo abordado apenas nas redes sociais e no site da universidade. Ela, assim como os outros alunos, também está aflita. “É muito triste e angustiante não saber o que vai acontecer e imaginar que universidades tão grandes poderiam parar”. Kondo ainda explica que houve uma reunião com reitores de algumas universidades e foi liberado uma verba para que continuem por hora, mas o futuro ainda está incerto.
Também na UFABC, a caloura de ciências econômicas, Eduarda Vitorio de Almeida Gomes, relata que foi um grande baque receber o anúncio do fechamento da UFRJ, e ficou muito triste em pensar nos alunos que terão que interromper seus sonhos e nos profissionais que perderão sua renda.
Eduarda também declara que tem medo que sua universidade sofra o mesmo final que a UFRJ: “O reitor da UFABC já lançou um comunicado sobre a possibilidade da suspensão das atividades até o final do ano caso os bloqueios orçamentários não sejam recompostos”. A estudante também diz que não se sentiria preparada psicologicamente para enfrentar o vestibular novamente caso sua universidade feche as portas.
Segundo os dados do Ministério da Educação, mais de 2.795.369 pessoas prestaram o ENEM 2020, sendo a principal maneira de ingressar em uma universidade federal. O vestibulando Pedro Soares Romualdo, que pretendia estudar na UFRJ, ficou triste com a situação e decepcionado com o Estado.
Romualdo também relata que não pretende evitar prestar vestibulares para federais, porém, dependendo do que acontecer até o final do ano com outras federais, a possibilidade de priorizar uma universidade particular irá prevalecer.
Em suas redes sociais, a universidade faz campanhas de arrecadação para a manutenção do Edifício Jorge Machado Moreira que sofreu um incêndio em 21 de abril deste ano. As instalações elétricas precisam ser reformadas para que continuem em funcionamento enquanto houver orçamento para manter as portas da melhor universidade federal aberta.
Imagem de capa: Reprodução - UFRJ