Os Esportes Eletrônicos ou apenas eSports, como é mundialmente conhecido, vêm dominando o mundo gamer e tecnológico. Num contexto mais simples, os eSports giram em torno de competições de jogos eletrônicos em que atletas profissionais disputam partidas, seja presencial ou on-line. Na maioria delas, os espectadores estão presentes no local do evento ou em plataformas de streaming.
O que muitos não sabem, é que a primeira competição dos jogos eletrônicos ocorreu nos Estados Unidos, em 1972, entre estudantes de Stanford que se duelaram com o jogo "Spacewar". Claro que para a época, sendo a primeira competição, e ainda fora de cogitação um grande investimento, o prêmio foi simbólico: 1 ano de assinatura da revista Rolling Stone. Conversamos com Murilo Moraes, designer, fotógrafo e hoje sócio da "Liga Goat", liga que promove eventos tanto em esportes convencionais, como em esportes eletrônicos, fazendo inscrições de equipes que se destacam no meio dos esportes eletrônicos e procuram um ambiente que apostam nas suas jogadas. Quando questionado o principal motivo de jovens estarem buscando nos esportes eletrônicos um lugar de abrigo, Murilo relata que de um pequeno jogo para diversão, existem jovens com talento para isso. "[...] o menino, o jovem criou-se um sonho em querer ser jogador de futebol, eu já tive esse sonho de querer ser jogador de futebol, mas hoje você vê uma geração diferente que não quer ser jogador de futebol, eles querem ser jogador profissional de esporte eletrônico. Então, você está vendo que os valores estão mudando bastante, e eu acho que daqui uns anos [...] estou falando de 10, 15 anos, eu acho que o esporte eletrônico vai tomar algum rumo diferente, porque o jogo ele acompanha a tecnologia, e hoje existem muitos jogos de realidade virtual que estão vindo aí que é a nova sensação do momento, e que vai crescer muito mais e a ‘rapaziada’ está acompanhando isso, essa geração está nascendo já nesse mundo virtual.”
As competições vão muito além de jogadores batalhando e telespectadores assistindo. Profissionais de diferentes regiões tem unificado para competir mundialmente, patrocinadores com alto índice de investimento, como é o caso de bancos como Santander e Itaú, consumidores de todas as redes de artefatos da área, e até os narradores que fazem a vozes e emoção no eSports e por fim os que fazem transmissão ao vivo de um determinado jogo estão por trás de todo o trâmite para fazer um esporte ser reconhecido e mundialmente jogado hoje em dia. Obviamente que muitos anos se passaram para tal investimento ser um fenômeno hoje em dia. Fenômeno também é no Brasil, país que hoje é um dos maiores consumidores, patrocinadores e fanático por esse mundo dos eSports. Interessante pensar que Brasil, sendo o país do futebol, enxergou no e-sports uma oportunidade para crescer ainda mais. Os grandes times do mundo offline estão estabelecendo também equipes de e-sports, como Corinthians, Flamengo e Cruzeiro, que hoje possuem grandes times não apenas de uma modalidade.
Não é novidade que os países de terceiro mundo sempre acabam prejudicados e saem atrás em tudo, no e-sports não é diferente. Apesar de revelarmos grandes talentos para o mundo como “Fallen” duas vezes campeão mundial de CS-GO, temos o streamer “Gaules” que bate record atrás de records em transmissões ao vivo de jogos eletrônicos. Mas ainda assim, podemos observar uma certa desvalorização por parte do mundo diante do nosso cenário, todas as grandes empresas estão concentradas, nos EUA, Europa e China, portanto, tudo que é novo, sempre acaba chegando depois para os nossos profissionais.
Mas claro que o fato de sermos um país subdesenvolvido se compararmos a esses, a dificuldade de chegar ao mesmo nível de competitividade é muito alta, principalmente pela falta de estrutura se formos comparar, hoje temos organizações gigantes no Brasil, como a “Pain Gaming”, “Red Canids” e até mesmo o “Flamengo e-sports", que já está consolidada no cenário a algum tempo e mostra que veio para ficar. Mesmo assim, é difícil conquistarmos o mesmo nivel de estrutura e de trabalho se compararmos a um desses lugares citados.
Recentemente, houve polemica, o “major” campeonato mundial de CS-GO, decidiu que os playoffs seriam transmitidos presencialmente no Brasil, no Rio de Janeiro, porém, todos foram pegos de surpresa quando souberam que apenas 18mil ingressos seriam vendidos, curioso, sendo que somos o país com mais espectadores de campeonatos do jogo do mundo inteiro, muitos fãs do e-sport, se sentiram frustrados, pois nunca temos um evento desse porte por aqui, e quando acontece algo do tipo, as organizações do campeonato não se prezam a dar o devido valor de estrutura que o Brasil merece. Entre essas e outras, muitos reclamam e pedem mais atenção “[...]A nossa região merece muito mais atenção e reconhecimento, pois todos tem certeza de que somos apaixonados e temos muito a agregar no cenário de e-sports mundialmente [...]”, disse “Roland Theil”, um grande fã de CS-Go a 10 anos.
Mas ainda assim, com todas as dificuldades, podemos ter esperança, questionamos Murilo sobre essa questão, e respondeu de maneira positiva “[…]Hoje existem muitas empresas que investem no e-sporte principalmente no Brasil a gente tem o Santander que é patrocinador oficial da modalidade, temos vários bancos né não somente o Santander, como Banco do Brasil e Itaú que também patrocinam. Então temos uma das maiores organizações hoje no mundo do e-sporte, então hoje quem tem um talento, quem é realmente muito bom no jogo, realmente tentam viver disso, não é então existem muitas organizações, é realmente o fato de sermos um país pobre, porque se você for ver o Brasil é um dos países que mais consome dentro do esporte eletrônico dentro dos jogos no mundo do game[...]”
SK gaming, campeã do Major 2016, fonte: Google imagens.
Portanto, apesar de todas as dificuldades que encontramos por aqui, já está mais que provado que temos talentos, público e muita paixão. É possível acreditarmos que ao passar do tempo o Brasil só vai crescer no cenário, algo meio involuntário devido a grande comunidade gamer que temos. Espera-se que as grandes empresas valorizem mais o nosso cenário, pois só temos a acrescentar no e-sports mundial.