O começo de anos de Orgulho

A Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ aconteceu no dia 2 de Junho e celebra o orgulho da luta da comunidade mundial e do Brasil.
por
Wanessa Celina
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03/06/2024 - 12h

A primeira Parada LGBTQIAPN+ ocorreu em 28 de junho de 1970, nos Estados Unidos. O evento pioneiro aconteceu  um ano depois da Revolta de Stonewall, em um bar conhecido na região de Nova York como um “bar gay”, sofrendo uma violenta repressão  da polícia nova-iorquina. 

Com isso, a população LGBTQIAPN+ organizou manifestações em defesa aos direitos da comunidade e da libertação gay. Um ano depois, em memória daqueles que foram agredidos e presos no bar Stonewall Inn, 10 mil pessoas se juntaram para relembrar do acontecimento. Desde então, todo ano a comunidade LGBTQIAPN+ se reúne em diversas partes do Estados Unidos.

 

Homem segurando placa escrito ‘Dia da Libertação Gay de Christopher Street 1970’ na ruas de Nova York em 28 de junho de 1970. (Foto: Diana Davies / New York Public Library)
Homem segurando placa escrito ‘Dia da Libertação Gay de Christopher Street 1970’ na ruas de Nova York em 28 de junho de 1970. (Foto: Diana Davies / New York Public Library)

 

Já no Brasil, a história da Parada se inicia bem depois da norte-americana. Oficialmente em 28 de junho de 1997, o evento surge após anos de luta do Movimento Homossexual, como era chamado. Outras marchas com menor público já haviam acontecido anteriormente, demonstrando a resistência da Comunidade desde o início. 

Nos últimos anos da ditadura militar, no início da década de 80, ativistas da causa homossexual se juntaram para confrontar a censura imposta e a discriminação praticada contra a orientação sexual. 

O primeiro grupo militante foi criado em São Paulo, em 1978, o SOMOS. Com a presença de mulheres no movimento, ele foi importante para discussões sobre gênero e sexualidade no Brasil, como a luta contra a depreciação do termo “bichas” e “lésbicas”, as diferentes formas de relações entre os gêneros (a ideia de passivas/ativas, afeminados/masculinos), a monogamia,  e dentre outros. A partir de 1980, encontros entre grupos homossexuais são organizados e chegam a 200 pessoas reunidas só na primeira edição.

 

Grupo SOMOS na passeata contra a violência policial da Ditadura em 1978 (Foto: Reprodução/A História do Movimento LGBT Brasileiro)
Grupo SOMOS na passeata contra a violência policial da Ditadura em 1978 (Foto: Reprodução/A História do Movimento LGBT Brasileiro)

 

Entretanto, com a forte e preocupante epidemia da Aids e a mistificação de que essa era uma “doença gay”, a força do Movimento Homossexual enfraqueceu. Foram anos de luta contra o preconceito vindo de uma sociedade homofóbica, que tentava de formas infundadas relacionar a questão da saúde pública com a orientação sexual dos indivíduos. 

Além disso, é apenas em 1990 que a Organização Mundial da Saúde, retira a homossexualidade da Classificação Estatística de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), possibilitando que alguns passos à frente fossem dados pela comunidade LGBTQIAPN+.

Finalmente, em 1997,  no mesmo dia em que ocorreu a Parada do Orgulho nos Estados Unidos, 2 mil pessoas, entre eles gays, lésbicas e transsexuais, marcharam na Avenida Paulista lutando pelo direito de viver e na luta contra a Aids. 

A festividade política esteve repleta de maquiagens no estilo da arte drag, casais andando de mãos dadas e diversas bandeiras do Orgulho.

Primeira Parada do Orgulho na Avenida Paulista em 1997 (Foto: Reprodução/Gayblog)
Primeira Parada do Orgulho na Avenida Paulista em 1997 (Foto: Reprodução/Gayblog)

Essa data corrobora em memória de todos os principais militantes LGBTQIAPN+, como o jornal O Lampião da Esquina (1978-1981),Grupo Gay da Bahia (GGB) e o Grupo Dialogay em Sergipe,  que lutaram contra a repressão da ditadura, do ódio nos dias da redemocratização e contra o preconceito e mortes que continuam agindo sobre a população LGBTQIAPN+ ainda em 2024.