O alívio e as preocupações de quem já foi vacinado.

A vacinação contra a Covid-19 em SP, começou no dia 17 de janeiro de 2021, com a vacina CoronaVac fabricada pelo Instituto Butantã.
por
Marcela Foresti e Paula Moraes
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09/04/2021 - 12h

 

   Com quase três meses de vacinação em São Paulo, e inicialmente sendo aplicada em profissionais da saúde, indígenas e quilombolas. Percebe-se que há novas preocupações nestes grupos já vacinados  e que as experiências não são as mesmas.

    A assistente social da Secretaria Municipal da Habitação de São Paulo, Suelma de Deus tomou recentemente em uma UBS a primeira dose da vacina AstraZeneca, que foi produzida pela universidade de Oxford e começou a ser distribuída em fevereiro no Brasil. 

    Ela não teve  nenhum tipo de  efeito colateral após a aplicação da vacina, e não enfrentou problemas no dia da vacinação “A UBS estava vazia, cheguei e já fui vacinada em uma sala própria para vacinas.” Além disso conta que se sente aliviada de já ter chegado a sua vez na ordem de vacinação, entretanto não se sente totalmente segura, pois só tomou uma dose e está ciente que mesmo com as duas doses ainda está sujeita a pegar e transmitir o vírus

    Para ela, o  momento em que vivemos é muito difícil, tanto pela gravidade da doença e da situação sanitária quanto pelo desgoverno “É doloroso observar que o governo federal não assumiu a direção correta para salvar vidas, com a compra antecipada de vacinas, testes em massa e o reforço referente às orientações dadas pelos cientistas para evitar a propagação do vírus.”

    A assistente social ainda acrescenta: “Vivenciamos um festival de horror, com a troca de ministros da saúde, indicação para tomar medicamento sem comprovação científica de cura e a indução ao comportamento coletivo favorável à propagação do vírus. Todas essas questões somadas aos problemas econômicos com a interrupção do auxílio emergencial em meio a pandemia, entre tantos outros problemas.” 

    Ela acredita que vacinar a população é a única salvação que temos para diminuir o número de mortes e voltar a ter uma vida normal.

    A enfermeira Nadia Lopes, está trabalhando há um ano na ala especial para pacientes com Covid-19 no Hospital Metropolitano da Lapa. Lopes foi vacinada com as duas doses da vacina CoronaVac logo na primeira semana de vacinação em São Paulo, não sofreu nenhum tipo de sintoma depois da aplicação.

   Durante o último ano perdeu vários colegas de profissão para a doença. Logo no início da pandemia, sentiu alguns sintomas da Covid-19, como febre e dores no corpo, porém o resultado dos testes acabou sendo negativo. Com medo de acabar transmitindo em algum momento o vírus, resolveu sair da casa do pai logo no início da pandemia.

   Para Lopes o medo de se infectar agora é maior do que no início da pandemia “No início ninguém sabia o que era e nem sabia o que fazer.” A enfermeira cuida de uma ala com quarenta pacientes de Covid-19, e com os altos números tem que conviver com a realidade do hospital, que precisou  contratou um contêiner para levar os mortos por Covid-19 “Isso me abala muito”.

    “O que dói muito, além de ver os óbitos, é ver as pessoas descrentes com a doença indo em bailes funk, nas tabacarias fumar e beber com aglomeração e depois levar a doença para casa e contaminar um parente. Estou fazendo plantões extras pois não tem pessoas suficientes para cuidar da ala, esse é o pior momento da minha vida, estou me sentindo em uma terceira guerra mundial”.

     Lopes também se considera mais segura agora que tomou as duas doses da vacina, entretanto tem consciência que ainda pode ser contaminada, mas acha que os sintomas não seriam tão cruéis como antes da vacinação.



 

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