Por Miguel Jabur
Acompanhado de seu velho caderno de economia do Estadão, Klaus não abre mão do jornal impresso, até por uma questão de costume e praticidade. Acredita que o jornal ainda possui seu espaço na sociedade contemporânea, principalmente pela força de seu conteúdo. Alerta sobre a maleabilidade das informações nas redes sociais, que são mais vulneráveis a manipulações, provocando a disseminação de informações falsas, as famosas “fake-news”. Ele lembra que esse mecanismo é utilizado por diversos políticos para manipular informações de acordo com seus interesses, como faz Jair Bolsonaro desde as eleições em 2018.
Antigo editor-chefe da Gazeta Mercantil e jornalista de economia desde 1959, Klaus viveu grandes mudanças no setor. Assistiu uma nova dinâmica na distribuição e veiculação da informação, observou a obsolescência de diversos aparatos antes fundamentais e viu de perto como o desenvolvimento da internet se transformou em uma nova ferramenta para a construção do jornalismo.
Foi-se o tempo dos telégrafos, fax, máquinas de escrever, câmeras pesadas e com flash, ou de esperar no aeroporto de Congonhas as informações que vinham do Rio ou de Brasília, via malote aéreo; o que certamente dinamizou o jornalismo. As dificuldades para escrever uma matéria, tirar uma foto ou gravar uma entrevista eram muito maiores, assim como para acessar e distribuir as informações de outras regiões do país ou do mundo.
No entanto, Klaus acredita que as mídias sociais possuem, em geral, um compromisso menor com o profissionalismo e com a ética do jornalismo. Segundo ele, existem sim importantes veículos de informação nas redes digitais, mas a regulação e a fiscalização são muito menores. Isso não significa que o jornalista descredita da importância dos meios digitais para o jornalismo contemporâneo. Pelo contrário, reconhece as melhorias tecnológicas e admira alguns aspectos da nova dinâmica, mas é enfático ao alertar sobre o perigo da distribuição de informações falsas nos meios digitais.