Após o caso de assédio contra Jenni Hermoso e as manifestações das jogadoras campeãs mundiais, o técnico Jorge Vilda foi demitido pela RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol) da seleção espanhola feminina. Montse Tome, antiga auxiliar-técnica da equipe, assumirá seu lugar.
O ex-treinador estava no cargo desde 2015, com uma trajetória conturbada. Em 2022, após a queda da seleção nas quartas de final da Eurocopa, 15 jogadoras assinaram uma carta onde pedem sua demissão, denunciando seu comportamento tóxico, reclamações de métodos de trabalho, além de assédio moral. A federação ignorou o protesto e continuou com Vilda no comando.
Em entrevista à AGEMT, o portal Dibradoras comenta sobre o caso, “o título da Espanha está ajudando a escancarar os inúmeros problemas e abusos que já eram relatados pelas jogadoras, que protestaram em forma de abaixo-assinado e não foram ouvidas.”
Em repressão, o ex-presidente Rubiales manteve o treinador no comando do time e chegou a repreender o protesto publicamente. Além disso, devido aos rumores do não desejo das atletas de serem convocadas, em um trecho da nota, a Federação disse as seguintes palavras: “A RFEF não vai permitir que as jogadoras questionem a continuidade do treinador e de sua comissão técnica, pois tomar essas decisões não está dentro de suas responsabilidades. A Federação não vai permitir nenhum tipo de pressão por parte de nenhuma jogadora na hora de tomar medidas no âmbito esportivo”.
Entre as jogadoras estavam Patri Guijarro e Mapi León, ambas do Barcelona que se recusaram a participar do Mundial, alegando falta de mudanças adequadas. Em entrevista à rádio espanhola Esports Rac1, Mapi deu uma declaração que não jogaria a competição: “A partir de hoje não estarei na Copa do Mundo e me entristece, ganhei e merecia estar lá. Não é uma decisão tomada levianamente, mas Mapi León tem uma forma de vida e valores… Não posso voltar se não vir mudanças, e o que houve hoje é insuficiente, não as vejo”.
Pedro Rocha, atual presidente da RFEF, optou pela demissão de Jorge Vilda, causando indignação do mesmo afirmando em entrevista à rádio “El Larguero” que sua demissão foi injusta. “Depois de tudo o que eu conquistei, depois de dar tudo de mim, estou com minha consciência tranquila. Não entendi minha demissão. Eu não esperava, acho que não merecia ", afirma o ex-técnico.
Vale ressaltar, que Rocha assumiu a presidência após o afastamento de 90 dias, pela Fifa, de Luis Rubiales, condenado por assédio após beijar Jenni Hermoso durante a cerimônia da Final da Copa.
Rubiales antes de ser afastado pela FIFA, deu um discurso dizendo que não iria renunciar, além de dizer que o “beijo foi consentido” e um “falso feminismo”. Após seu discurso, Vilda e outros da comissão técnica aplaudiram o ex-presidente. “Os aplausos no auditório da assembleia da Federação Espanhola são uma tentativa de silenciar as campeãs do mundo. De mostrar quem de fato manda no jogo. Mas Rubiales não vai ficar impune.” afirmou o portal Dibradoras.
- Sob nova direção:
Sob nova diretoria, grandes mudanças foram feitas na comissão técnica. A começar com Montse Tomé no comando, ex- jogadora e primeira mulher a dirigir a seleção campeã, a Espanha deve enfrentar a Suécia, no jogo de ida na Liga das Nações da UEFA, com novas caras e alguns desfalques como o da campeã do mundo Jenni Hermoso.
Em justificativa sobre o desfalque, a nova técnica argumenta: “Estamos com Jenni em tudo e, com todas as jogadoras, a melhor forma de ajudar é estar com elas e escutá-las. A melhor maneira de protegê-la é assim (não escalando), já trabalhei muito com ela.”.
As jogadoras se apresentaram nesta terça-feira, 19, perante protesto por estarem com medo de sofrerem punição, de até dois anos, caso não se apresentem.