No ritmo da Paulista

Há quinze anos no ramo da música, o violinista Fernando Souza segue levando por São Paulo a herança deixada pelo pai
por
Dayres Vitoria
Victoria Nogueira
|
07/06/2022 - 12h

Fernando Souza da Silva, de 42 anos, fez da música a sua profissão. Tocando cinco tipos de instrumentos - violão, saxofone, clarinete, gaita e violino - ele não esconde a paixão que tem pela arte dos sons e ritmos.  Vindo de uma família de músicos, o pai foi a grande inspiração para seguir no ramo musical. "Meu pai trabalhava com eventos. O acompanhando nas festas, surgiu a paixão e aprendi a tocar junto com o meu maior ídolo", relatou Fernando.

Mesmo após a morte dele, fatalidade na qual teve que lidar,  o sentimento de gratidão permanece. Segundo o músico, as canções que costuma tocar para o público são para homenagear o seu maior herói. Seguindo os passos dele, chegou aonde está hoje. 

Atualmente, tocando especialmente em eventos e ocasionalmente em metrôs, Fernando fez da Paulista  seu palco de ensaios, uma espécie de pré-aquecimento antes de partir para os locais em que se apresenta. Assim, durante o dia toca na avenida, e, à noite, nos compromissos musicais em que tira a fonte de renda. O músico atesta que não falta público na avenida Paulista e, por isso, faz questão de divulgar o trabalho na via mais famosa de São Paulo. 

Fernando tocando na Avenida Paulista.
Fernando tocando na Avenida Paulista.

 

Além de músico também é artesão.  Chegou a ser segurança, mas foi quando ingressou no meio musical que se encontrou. Nessa caminhada, Souza  já está há 15 anos. Ele afirma que pretende ir até o fim nesta missão. Para o paulista, a música é um compromisso para a vida. Além disso, aprendeu o seu valor e  a diferença que a persistência faz quando, em um período de sua vida, deu aulas para  jovens aspirantes a também tocarem instrumentos.  Chegou a ter  cerca de  30 alunos, no entanto, o artista viu os aprendizes desistirem rápido do objetivo. "Os [estudantes] querem aprender logo, em um, dois meses. Já querem pegar na parte mais adiantada, não querem só os exercícios, querem mais. Aí chega uma hora que saem. Os que permaneceram - até o fim - foram só dois alunos", contou.

Ainda que a carreira como professor não tenha dado certo, Fernando se sente bem realizado com as experiências que a música já lhe proporcionou. Com os mais de dez anos em que se apresenta ao público aprendeu a diversificar as músicas, e a  atender a todos os tipos de gostos, demonstrando que deixar seus ouvintes à vontade com o que gostam também é uma preocupação. "Nós que trabalhamos com arte temos que tocar vários estilos para agradar a um e ao outro também. Eu procuro alegrar a todos", garante o artista. 

Com o início da pandemia da Covid-19, o instrumentista teve as atividades interrompidas pela quarentena imposta pela crise sanitária. Apesar das restrições, o sonho, agora em um cenário de flexibilizações, continua. O desejo de, no futuro, abrir uma escola de música nunca morreu, mesmo com as turbulências no caminho. Quanto à capital paulista, Fernando, que já tocou em cidades como Rio de Janeiro, não esconde o apreço pela metrópole. "O Rio é bom porque o povo é mais carismático, mas prefiro São Paulo. Aqui é o meu lugar", afirmou Souza, que, ao fim da entrevista, guardou o violino, indo ao encontro da esposa após o fim de mais um dia de apresentações. 
 

OUÇA UM TRECHO DO FERNANDO TOCANDO NA PAULISTA.

 

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