Nigéria vence Austrália e assume a liderança do grupo B

As Super Falcons enfrentaram as Matildas pela segunda vez na história do Mundial Feminino e levaram a melhor
por
Beatriz Barboza
Isabela Koch
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28/07/2023 - 12h

Nigéria e Austrália se enfrentaram em um jogo acirrado que terminou 3 a 2 para as nigerianas, nesta quinta-feira (27), pela segunda rodada da fase de grupos. O empate com o Canadá no jogo anterior e a vitória sobre as Matildas levaram as Super Falcons a assumirem a liderança do grupo, com quatro pontos.  

Sam Kerr, craque australiana, não disputou a partida como previsto. A atacante sofreu uma lesão na panturrilha na véspera do jogo inaugural do campeonato. De acordo com a nota publicada pela Federação da Austrália, a atacante voltaria a ser examinada após o jogo contra a Nigéria. Espera-se que a estrela das Matildas retorne para o confronto contra o Canadá, que encerrará a fase de grupos na próxima segunda-feira (31). 

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Seleção nigeriana comemora o terceiro gol marcado no jogo contra a Austrália. (Imagem: @fifawomensworldcup)

PRIMEIRO TEMPO

A Nigéria entrou em campo com um esquema tático diferente do jogo anterior. O técnico Randy Waldrum optou pela formação 4-1-2-3, com Kanu, Onunomu e Ajibade no trio ofensivo. Apesar da qualidade do ataque, assim como no jogo contra o Canadá, o destaque nigeriano foi a zaga bem fechada. Waldrum escolheu Ayde para a construção das jogadas no meio do campo, como alternativa à Abiodun, expulsa na partida contra as canadenses. Estrategicamente, Oshoala, principal atacante nigeriana, permaneceu no banco durante os primeiros 45 minutos. 

As australianas mantiveram o controle do jogo durante o primeiro tempo. Escaladas em um 4-4-2, a seleção das Matildas entrou em campo com um time bem ofensivo. Com a ausência de Kerr e Mary Fowler, a Austrália teve mais ataques durante o primeiro tempo, porém nenhum convertido em gol. A linha defensiva da Nigéria manteve-se firme aos avanços do ataque das adversárias, que tiveram boas chances de abrir o placar com as cobranças de escanteio. Aos 12 minutos da partida, Catley recebeu a sobra do escanteio de Gorry, entrou na área e buscou finalização, mas a goleira Nndozie foi certeira na defesa.   

A primeira grande oportunidade das Super Falcons foi aos 17 minutos, após um contra-ataque construído por Payne, que achou Kanu próxima à grande área. A atacante escorregou antes de fazer o cruzamento para Onunomu, que estava livre da marcação e em boa posição para finalizar. A volante nigeriana Payne foi peça importante da disputa, se destacou pela criatividade na construção das jogadas, pela boa distribuição da bola e pela rápida ligação entre defesa e ataque.

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Nigéria e Austrália se enfrentaram em um jogo acirrado em Brisbane. (Imagem: @fifawomensworldcup)

Na altura dos 30 minutos, a vantagem de maior posse de bola era das australianas (67% a 24%). As nigerianas buscavam contra-ataques e impunham velocidade pelo lado esquerdo do campo quando recuperavam a bola. A Austrália, por não conseguir abrir espaço na linha defensiva da Nigéria, passou a investir nas finalizações de fora da grande área. As duas seleções não tiveram sucesso nos chutes ao gol no primeiro tempo. Quem chegou mais perto de balançar a rede foi a australiana Raso, que cabeceou para fora, após a cobrança de um escanteio. 

O jogo mudou durante os cinco minutos de acréscimo. Nnadozie cobrou mal um tiro de meta e entregou a bola para as adversárias. Foord recuperou e fez passe rasteiro para Van Egmond, que abriu o placar a favor da Austrália. Antes que pudessem ampliar a vantagem, Ajibade escapou pelo lado esquerdo, tentou finalização, mas a zaga da Austrália afastou. Kanu recuperou a sobra, bateu de dentro da grande área e marcou o primeiro gol da Nigéria nesta edição do Mundial. O primeiro tempo terminou com empate. 

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Comemorações dos gols marcados pelas seleções nos minutos de acréscimo do primeiro tempo de jogo. (Imagens: @fifawomensworldcup)

SEGUNDO TEMPO

As seleções retornaram ao campo sem alterações. Randy Waldrum renovou o ataque nigeriano somente aos 17 minutos do segundo tempo. A craque Oshoala e a volante Okoronkwo substituíram Kanu e Onumonu, respectivamente. A mudança adotada pelo técnico buscava vantagem na construção dos lances ofensivos, já que a Austrália permanecia com o controle do jogo. Onomo Ebi entrou no lugar de Payne na última substituição da Nigéria. Assim como a Rainha Marta e a canadense Christine Sinclair, Ebi joga sua sexta e última Copa do Mundo, aos 40 anos de idade.

Waldrum surpreendeu com a estratégia adotada para o duelo. Kanu, Ajibade e Onumonu garantiram velocidade e profundidade ao ataque nigeriano. A escolha de deixar Oshoala no banco mostra que o potencial ofensivo da seleção não se limita ao talento de sua artilheira. A Nigéria tem à disposição uma diversidade de nomes para o ataque. É importante que o técnico explore a variedade de jogadoras para evitar esgotamento físico e garantir qualidade ofensiva em todos os momentos, durante toda a competição. 

Osinachi Ohale foi a responsável pelo gol de virada das Falcon. Após cobrança de escanteio, Ajibade tentou finalização de cabeça, mas a bola sobrou para Ohale que empurrou para o gol aos 19 minutos da segunda etapa. A autora do segundo tento nigeriano fez um bom jogo como zagueira e soube conter o ataque da Austrália. A africana foi nomeada a melhor jogadora da partida. 

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Osinachi Ohale foi autora do gol de virada da Nigéria e foi nomeada melhor jogadora da partida pela FIFA. (Imagens: @fifawomensworldcup)

Oshoala anotou o terceiro gol da Nigéria. Payne fez um passe longo para a artilheira, que se aproximava da grande área acompanhada pela marcação australiana. Oshoala venceu a disputa com a zagueira e com a goleira que se adiantou, e mandou a bola para o fundo da rede. A Super Zee marcou o seu terceiro gol pela Nigéria em Copa do Mundo, o 31° em 43 jogos com a camisa da seleção alviverde. 

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Asisat Oshoala marcou o terceiro tento da Nigéria na disputa (Imagem: @fifawomensworldcup)

O técnico Tony Gustavsson só fez suas duas alterações, aos 82 e 85 minutos do segundo tempo, quando resolveu tirar Cortnee Vine e Hayley Raso para colocar Clare Polkinghorne e Alex Chidiac, respectivamente. O que não ajudou muito a seleção – quando ambas entraram, a vantagem das nigerianas era de 2x0. No final dos 11 minutos de acréscimo, após cobrança de escanteio, Kennedy subiu mais alto e cabeceou para diminuir a vantagem nigeriana, marcando o segundo gol da Austrália. 

O segundo jogo da seleção australiana confirmou a falta da artilheira Sam Kerr, que sentirá uma pressão enorme caso jogue a última rodada da fase de grupos. Em entrevista, Tony pareceu bem focado em utilizar as habilidades das jogadoras disponíveis e comentou sobre a situação da camisa 20: “vamos fazer uma avaliação da Sam entre o jogo da Nigéria e do Canadá. Provavelmente não poderemos dar uma resposta sobre isso até o dia anterior ao jogo contra as canadenses, porque queremos esperar até o último minuto para ver qual será a disponibilidade”.

Com o jogo de hoje, a segunda rodada da fase de grupo se encerra com Nigéria em primeiro lugar, com quatro pontos, seguida da seleção canadense também com a mesma quantidade, Austrália em terceiro com três pontos e a estreante Irlanda, que já está desclassificada.

Austrália e Canadá se enfrentam em jogo decisivo dia 31 de julho às 07h, em Melbourne. A Nigéria joga contra a Irlanda, no mesmo dia, às 07h, em Queensland. As seleções campeãs se classificam para as oitavas de final. Em caso de vitória, a Nigéria fica em primeiro lugar, com sete pontos, e a Austrália em segundo, com seis.