NAS RUAS NOVAMENTE: 45  anos depois pelos que já se  foram e pelos que virão

Ato nesta quinta-feira (11) na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), reafirma compromisso do povo em defesa e luta pela democracia.
por
Dayres Vitoria
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12/08/2022 - 12h

"É uma oportunidade única. Não estive na de 77, eu estava na USP, estava estudando, mas não tive a oportunidade de ver. Então, eu tinha que estar aqui de qualquer jeito", este é um relato pessoal de Jassin Machado Barreta, formada  em História pela mesma universidade pública durante a ditadura militar. Hoje, a atual professora da Unicamp tem entre seus arrependimentos o fato de não ter conseguido acompanhar, na época, a leitura da carta que inspirou a de 2022.

Assim como Barreta, muitos que não puderam acompanhar o marco histórico em defesa da democracia de 1977 compareceram nesta quinta-feira no mesmo local que foi protagonizado o ato democrático elaborado pelo jurista e professor Goffredo da Silva Telles Júnior (1915 - 2009). O documento escrito na década de 70 denunciava a "ilegitimidade" do regime militar responsável pelos  chamados “anos de chumbo” do país. 

Já a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros pela defesa do Estado Democrático de Direito,  aberta ao público em 26 de julho deste ano, é uma reação aos inúmeros ataques que a democracia brasileira e o sistema eleitoral têm sofrido pelo atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL). Em resposta, brasileiros se reuniram no Largo de São Francisco para defenderem as urnas. A população exige que seus votos eleitorais, direito garantido pela Constituição federal de 1988, sejam respeitados. 

 

Manifestantes no Largo de São Francisco nesta quinta-feira (11)
Créditos: Bruno Santos / Folhapress

 

A Carta foi lida em partes por Eunice de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara, professoras da Faculdade de Direito da USP, e pelo jurista Flávio Flores da Cunha Bierrenbach, ex-ministro do STM (Superior Tribunal Militar), aos milhares de brasileiros presentes no ato, compostos em sua maioria  por estudantes, jornalistas, presidentes de movimentos sociais e  personalidades políticas.

Ao final, foi exibido aos presentes vídeo em que mais de 40 artistas brasileiros leem um trecho da carta. Entre eles, Fernanda Montenegro, Chico Buarque, Caetano Veloso e Anitta. Ainda na noite desta quinta-feira, o documento simbólico ultrapassou a  marca de 1 milhão de assinaturas.