Sendo uma das poucas mulheres comandando um programa de debate esportivo, Daniela Boaventura apresenta o Futebol 90, presente na grade da tarde da ESPN Brasil, uma das principais emissoras de esportes do país. Grande inspiração para jovens jornalistas, a apresentadora divide a bancada com um elenco rotativo de comentaristas. No dia 1° de novembro, Daniela comandou mais uma edição do F90 ao lado dos jornalistas Raphael Prates, Vitor Birner, Eduardo de Meneses e o ex-jogador de futebol Fábio Luciano. No programa, são discutidos os jogos da semana, as movimentações no mercado de transferências, declarações polêmicas, entre outros assuntos futebolísticos.
Diante da dificuldade das mulheres no meio, incluindo o jornalismo, figuras como Daniela Boaventura, Mariana Spinelli, Ana Thais Matos e Renata Silveira vêm se destacando cada vez mais, trazendo importantes conquistas para o público feminino. Jornalista da Rede Globo, Renata será a primeira mulher a narrar uma Copa do Mundo, nesta edição de 2022 no Catar. A presença feminina nos bastidores esportivos é fundamental para o fim de discursos machistas e dos assédios sofridos tanto fisicamente quanto no mundo digital.
Mergulhando nos bastidores de programas esportivos, pode-se perceber que as mulheres exercem um papel muito necessário em todas as etapas do desenvolvimento e, consequentemente, do sucesso das apresentações. Presente desde a discussão das pautas, Daniela participa de todos os processos da produção do debate, que é conduzido por ela. O editor-chefe dita apenas alguns toques no ponto eletrônico, e todo o resto, inclusive as perguntas para os comentaristas, são decididos na hora pela apresentadora. Até mesmo nas propagandas exibidas durante o programa, o texto é desenvolvido por ela, as falas não são decoradas e não há uso de teleprompter.
Por trás das câmeras, o switcher é essencial durante a transmissão de um programa. Em uma sala localizada perto do estúdio, ficam os editores, todos homens, e os responsáveis pelos bastidores, que tem informações sobre tudo que será falado durante o ao vivo, caso seja necessário durante a apresentação. Além disso, é lá que todos os cortes de câmera são controlados, e onde são adicionados os cortes com trechos dos jogos ou entrevistas.
Apesar do meio esportivo ser predominantemente masculino e machista, o ambiente de trabalho entre homens e mulheres aparenta estar em sintonia. Nos estúdios da ESPN, são comuns transmissões envolvendo profissionais dos dois gêneros, além de um dia a dia harmônico e saudável entre todos. Um bom exemplo seria o SportsCenter, programa exibido pela manhã, apresentado por Mariana Spinelli e Bruno Vicari. A dupla transmite uma boa relação, tanto nas redes sociais, com direito à troca de brincadeiras, quanto ao vivo, durante o SC – o que evidencia essa harmonia.
Mesmo com a notória melhoria nas relações de trabalho entre homens e mulheres, nos bastidores do meio dos esportes, especialmente nos estádios de futebol, casos de assédio ainda são muito recorrentes. Em setembro deste ano, a repórter da ESPN no Rio de Janeiro, Jéssica Dias, foi vítima de importunação sexual. Enquanto estava ao vivo nos arredores do Maracanã cobrindo um jogo do Flamengo, Jéssica recebeu um beijo na bochecha de um torcedor rubro-negro. Após o caso, a repórter desabafou em uma rede social: “Eu não queria beijo, não queria carinho, não queria passar três horas em uma delegacia. Eu só queria trabalhar.”
O protagonismo feminino nos bastidores esportivos vem se tornando mais evidente nos últimos anos, com o crescimento do número de mulheres no jornalismo, nas mais diversas áreas. Funções que antes eram majoritariamente desempenhadas por homens, agora tem um maior equilíbrio em relação à participação feminina, o que inspira novas jornalistas que almejam seguir no meio esportivo e que tem esperança de um ambiente mais igualitário, em que prevaleça o respeito.