Mulher Semente Reflorestando Mentes

O caminho do reflorestar, mulheres indígenas doam suas vidas pela Terra.
por
Vitor Simas
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09/11/2021 - 12h

Vanuza Kaimbé, filha das terras do sertão baiano é uma das milhares de indígenas espalhadas por Pindorama, é guiada por forças ancestrais que lhe concedem coragem para curar a Terra e reflorestar mentes. Atravessou o sertão até a capital de São Paulo para estudar enfermagem e também graduar-se em Serviço Social. Liderança indígena que auxiliou na criação da aldeia Filhos Dessa Terra, participou das duas marchas das mulheres indígenas em Brasília e ganhou destaque na mídia por ser a primeira mulher indígena a tomar a vacina da Covid-19 no Brasil. Enfrenta discriminação, resiste ao descaso do sistema e luta por seu povo e por um mundo igualitário.


Vanuza Kaimbé

 


 

ilustração da Marcha das Mulheres Indígenas É uma das milhares de mulheres originarias que germinam na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Pampa, atravessam matas, rios e estradas para retomar tudo aquilo que lhe foi roubado, invadido. Mulheres originárias que não se contentam com a marginalização causada por um sistema capitalista. Guardiãs das florestas e dos rios, são elas, mulheres sementes que doam suas vidas para curar e regenerar a Terra para que ela possa continuar florescendo a vida.

“Reflorestando mentes para a cura da terra” é o lema da mobilização das mulheres originarias do Brasil, que traz como símbolo uma mulher indígena gestante, que também pode ser lida como uma árvore, cheia de raízes e folhas. A luta pela demarcação das terras indígenas vai muito além da delimitação de um território, é sobre preservar a ancestralidade, a identidade e a biodiversidade. “Nós (povos indígenas) não cuidamos só das terras cuidamos da vida de todo o planeta porque não há vida sem floresta, não há vida sem água, os rios estão poluídos, estão secando. nós somos os guardiões da vida.” Salienta Vanuza Kaimbé.

A ativista nos convida a sermos todos guardiões e guardiãs das florestas, das poucas árvores que sobreviveram nas cidades, dos animais; sermos defensores da diversidade de existências e a sabermos escutar e a sentir Abya Yala (Terra Fértil), pois todos temos esse potencial.


O Caminho do Reflorestar:

 

 

•	Foto: mulher indígena com roupa em uma árvore anciã
Foto 1: Germinar – Onde o solo é fértil há a chance de germinar, florescer para perpetuar a vida. Não há vida em terras oprimidas, pois ganância e egoísmo sufocam as florestas.

 

•	Foto: centralização no rosto da indígena
Foto 2: Olhar – há muita expressão no olhar, o olho é boca que grita calado as emoções, são janelas que mesmo fechadas expressam tudo o que a alma está repleta, anseia e teme.

 

•	Foto:  corpo inteiro com a árvore de fundo
Foto 3: Corpos de pé – As mãos que executam as árvores, executam povos indígenas, executam biomas inteiros; excutam a vida. Corpo de pé é liberdade para viver.

 

pés e raizes
Foto 4: Raízes – Pés descalços no solo para ouvir os tambores e cantos que emanam do ventre da Terra. O corpo que menospreza suas raízes não se desenvolve.

 

mãos da indígena tocam a árvore
Foto 5: Conectar – Não existe o meio ambiente, existe o ambiente todo. Nossos corpos estão conectados, não desassociam, somos microcosmos do organismo Terra. 

 

mulher indigena toca e contempla a árvore
Foto 6: Reconhecer – Reconhecer a humanidade presente em cada ser, a sabedoria que cada um guarda é entender que não há espaço para individualismo, há muita vida além de nós.

 

 

Mulher indígena ao lado da árvore olhando para cima
Foto 7: Sonhar – Sonhos são locais de aprendizado, cura e de inspiração, através dos sonhos se acessa outros mundos que expandem o olhar sobre a percepção da vida. Estamos o tempo todo sonhando.

 

mulher indígena de braços abertos, árvore de fundo
Foto 8: Voar – Voar para expandir o horizonte, resgatar a liberdade roubada; escancarar nas asas o apagamento histórico, cantar para denunciar os gritos abafados pelo colonialismo.

 

árvore anciã
Foto 9: Corpo Maduro – Anos de luta das guardiãs da floresta, fecundação e manutenção da terra mantiveram a Árvore preservada. A vida é livre para fluir, livre para existir não precisa mais resistir.