Morre Quincy Jones, aos 91 anos

Referência no mundo musical e da cultura pop, o produtor faleceu em sua residência na Califórnia
por
João Pedro Lindolfo
Fabricio De Biasi
|
11/11/2024 - 12h

 

O compositor, empresário e ativista social Quincy Jones morreu no último domingo, 3 de novembro, em sua residência em Bel Air, Califórnia, aos 91 anos de idade. Sua carreira, que se estendeu por mais de sete décadas, foi marcada por uma série de colaborações históricas com nomes relevantes da música, como Frank Sinatra, Michael Jackson, Ray Charles, Sarah Vaughan, entre outros. Até o momento, a causa da morte ainda não foi divulgada.

A jornada musical de Quincy Jones começou no jazz, gênero em que ele deu seus primeiros passos como trompetista e arranjador para Lionel Hampton. Seu envolvimento com esse tipo musical moldou seu olhar para a música, servindo de base para ele se aventurar e dominar outros estilos ao longo da vida.

Jones também quebrou barreiras na indústria musical ao se tornar um dos primeiros afro-americanos em posição executiva em uma grande gravadora, a Mercury Records. Em uma época com poucas oportunidades para negros no setor, essa conquista marcou um avanço significativo na luta por representatividade. Como pioneiro, ele abriu portas para que outros artistas e produtores afro-americanos também pudessem ocupar espaços importantes na indústria fonográfica.

Quincy Jones e Michael Jackson
Michael Jackson e Quincy Jones(Foto:Getty images)

O arranjador inovou ao reunir talentos diversos para suas produções, incluindo o icônico guitarrista Eddie Van Halen e o ator Vincent Price. Sua capacidade de combinar sons e estilos diferentes criou uma experiência envolvente para os ouvintes, solidificando sua reputação como um mestre na produção musical. Os álbuns “Off the Wall,” “Thriller” e “Bad,” de Michael Jackson e produção de Jones, não apenas moldaram o pop da década de 80, mas também quebraram barreiras culturais, integrando elementos de vários gêneros musicais. Em especial, “Thriller” se destacou ao vender milhões de cópias e estabelecer novos marcos para a indústria musical.

Além de sua carreira musical, Quincy Jones também se aventurou no cinema e no entretenimento, contribuindo com mais de 35 trilhas sonoras ao longo de sua trajetória. Ele produziu filmes como “A Cor Púrpura”, que recebeu várias indicações ao Oscar, e o programa de televisão “Um Maluco no Pedaço”, que revelou o ator Will Smith ao mundo e trouxe uma nova abordagem à representação afro-americana na TV. 

Embora alguns prêmios tenham escapado, seu impacto cultural foi inegável. Jones via a composição de trilhas sonoras como uma fusão de ciência e emoção, oferecendo profundidade e atmosferas aos filmes e programas que produzia. Sua adaptabilidade e colaboração em diferentes projetos cinematográficos demonstraram sua versatilidade e visão inovadora.

Com uma carreira repleta de conquistas, o produtor acumulou 28 prêmios Grammy e mais de 80 indicações, tornando-se um dos artistas mais premiados da história. Além dos Grammys, ele recebeu honrarias como o Kennedy Center Honors e a Legião de Honra da França, consolidando-se como uma figura de enorme impacto cultural e artístico no cenário mundial.

Cena do documentário "Quincy"
Cena do documentário "Quincy"


Na esfera pessoal, Quincy Jones foi um defensor ativo de diversas causas sociais. Ele fundou a “Quincy Jones Listen Up! Foundation”, voltada a conectar jovens com música, cultura e tecnologia. Esse envolvimento filantrópico foi motivado pela convicção de que a fama deve ser utilizada como um meio para ajudar os necessitados.

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