Morreu nesta quinta-feira, 21, a ex-jogadora e campeã olímpica de vôlei Walewska Moreira de Oliveira, aos 43 anos, em São Paulo. A ex-central se aposentou em 2022, no final do Campeonato Sul-Americano, quando defendeu o Praia Clube, time de Uberlândia, no estado de Minas Gerais, onde nasceu. A informação da morte foi confirmada pelo clube em publicação nas redes sociais.
Com passagem por diversos clubes, Walewska defendeu as cores da seleção brasileira nas Olimpíadas de 2000, em Sydney, quando foi medalhista de bronze, e fez parte do time histórico que conquistou a inédita medalha de ouro para o vôlei brasileiro em 2008, nas Olimpíadas de Pequim. Após o anúncio da aposentadoria, o Praia Clube decidiu aposentar a camisa número 1 em sua homenagem. Neste ano, Wal lançou sua biografia “Outras redes”, no qual conta toda sua trajetória. Desde os primeiros testes de vôlei até suas maiores conquistas, a medalha de ouro olímpica.
Segundo informações do boletim de ocorrência, a ex-jogadora caiu do 17º andar do condomínio em que mora, na zona oeste de São Paulo. Ainda de acordo com a polícia, o resgate chegou a ser acionado, mas a morte foi constatada ainda no local. As circunstâncias do acidente ainda estão sendo apuradas.
CARREIRA:
Walewska atuou em times de vôlei como Minas, Osasco, São Caetano, Praia Clube, além de jogar em times internacionais como Itália e Rússia.
A primeira convocação da Central para a seleção brasileira foi em 1998, com o técnico Bernardinho. Em 1999, veio a primeira medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos no Canadá e medalha de bronze nas Olimpíadas de Sydney em 2000.No ano de 2002, pediu dispensa por não concordar com o trabalho do técnico Marco Aurélio Motta.
Sob novo comando, agora com José Roberto Guimarães, atual técnico da seleção brasileira, foi convocada para compor o time, garantindo vaga nas Olimpíadas de Atenas, ano do qual o Brasil foi eliminado pela Rússia na semifinal e perdeu na disputa do terceiro lugar para Cuba.
Já em 2008, ganhou o Grand Prix, sendo a melhor bloqueadora do torneio, e nas olimpíadas de Pequim foi medalha de ouro. Logo após a conquista do ouro, anunciou que não jogaria mais pela seleção, porém, mudou de decisão e retornou em 2013 para a disputa da Copa dos Campeões, quando também levou o título.
Pelo Praia Clube, time onde se aposentou, se tornou ídolo de muitos durante as seis temporadas em que defendeu o clube. Chegou para jogar a temporada de 2015/16, e consigo trouxe notoriedade ao time, sendo umas das jogadoras de maior relevância para a história do time. Também esteve no time na conquista da inédita Superliga Feminina de vôlei.
Em 2020, aos 39 anos passou pela primeira cirurgia, uma artroscopia no joelho. Em recuperação, desfalcou a equipe que contou com a dominicana Jineiry Martínez. Mas se recuperou e voltou a titularidade nas finais da Superliga, contra o rival Minas.
Após anunciar a aposentadoria, recebeu muitas homenagens, como da Federação Mineira de Vôlei (FMV) e se tornou uma “embaixadora” do Praia Clube. No ano de sua aposentadoria, a capitã do time fechou com chave de ouro a temporada 2021/22 com três títulos: Campeonato Mineiro, Sul-Americano 2021 e a Supercopa.
Em maio de 2022, a diretoria do Praia Clube anunciou que a camisa número 1 seria eternizada e não seria mais utilizada por nenhuma outra jogadora, como forma de reverenciar e demonstrar a importância de Walewska.
"A partir de agora, ninguém mais jogará com a camisa número 1 no Praia Clube, em homenagem ao que a Walewska representa para este projeto”, anunciou André Lélis, gerente de esportes do Praia.
HOMENAGENS:
Antes da partida entre Brasil e Turquia, pelo pré-olímpico feminino, competição classificatória para as Olimpíadas de Paris, em 2024, entre Brasil e Turquia (atual campeã da liga das nações de vôlei, VNL), foi respeitado um minuto de silêncio. No confronto, as brasileiras perderam por 3 sets a 0. Desde o começo o semblante de tristeza era visível. Ao entrarem em quadra, as atletas brasileiras estavam usando uma fita no braço escrito “W#1 🖤”, em homenagem a amiga e colega de seleção. A notícia da morte veio momentos antes da preparação para o jogo.
"Ela era excepcional. Todo técnico, toda comissão gostaria de ter uma atleta como ela. Madura, tranquila, mas com uma vontade incrível de fazer e realizar as coisas. A gente fica sem chão. A gente perde a noção de muita coisa. Eu perdi uma filha. Eu perdi uma Filha. É muito duro. É um momento para nós muito difícil.”, diz Zé Roberto Guimarães em entrevista ao canal Sportv, depois da partida.
"Ela deixou um legado na vida dela como atleta, um dos maiores exemplos que eu já vi, que eu pude vivenciar com ela. Com todos os momentos que nós tivemos juntos no clube e na seleção. Ela vai deixar muita saudade. Saudade para essas meninas que jogaram com ela, que participaram com ela de várias etapas, caminhadas e jornadas. E vai deixar o exemplo para essas meninas mais novas, o significado de ser uma grande atleta, uma atleta campeã olímpica. Uma atleta que faz a melhor coisa para o seu país, que trouxe uma medalha de ouro, que cantava o hino bem alto, que tinha maior orgulho de representar e estar ali o tempo inteiro brigando e fazendo o seu melhor. Nós vamos sentir muita saudade. É um pecado”, concluiu o treinador que comandou Walewska no ouro olímpico em Pequim.
A atual capitã da seleção, Gabi Guimarães, e a bicampeã olímpica Thaísa, que atuou junto de Wal, também falaram após o jogo contra a Turquia.
"É inacreditável uma mulher tão forte, tão incrível, que para mim representou tanto, acontecer dessa forma. A gente nunca imagina, nunca espera, acho que o vôlei perde um grande ícone [..] Ela era um espelho para mim, aprendi muito com ela, com a postura dela, com a elegância, com o charme, educação, com tudo, com a resiliência de estar sempre buscando, sempre querendo mais, representou o Brasil tão lindamente", disse Thaísa bastante abalada.
"É um exemplo de coragem, resiliência, uma mulher forte, uma grande líder, uma grande capitã e exatamente naquela geração de 2008 foi quando eu realmente gostaria de ser uma atleta profissional, gostaria de representar a seleção brasileira. E ela sempre fez parte desse sonho. Uma mulher incrível. Como eu disse, a pouco esteve com ela. Ela passou toda coragem, força pra gente. E a gente quer continuar esse legado que ela deixou pra gente e fazer nosso melhor na competição”, comentou a capitã da seleção com a voz embargada.
Pelas redes sociais, atletas e os clubes pelos quais a central passou se pronunciaram lamentando a morte de Walewska.
Pronunciamento do Praia Clube