Por Lais Romagnoli (texto) e Khadijah Calil (audiovisual)
Caio Silva atua na área da educação há 3 anos e atualmente é professor de duas escolas estaduais localizadas em São Paulo. Ele que foi estudante do ensino particular, sempre trabalhou em escolas públicas e percebe que o governo de São Paulo está intensificando o uso de tecnologias dentro das salas de aula, mas considera que os recursos não são implantados para que isso ocorra de maneira satisfatória, sobretudo pela quantidade de equipamentos disponíveis.
Em meio a sala de aula vazia, ele afirma que mesmo com a distribuição de tablets e computadores, os prazos costumam ser curtos para as realizações de provas e trabalhos. Além da quantidade de aparelhos não ser condizente com o número de alunos, parte deles não realizam suas tarefas a tempo nas datas solicitadas.
Com um olhar de indignação ele acredita que esse tipo de situação não deve ocorrer em centros educacionais particulares, uma vez que há um cuidado muito rigoroso a essas questões. Alunos do ensino particular já possuem a tecnologia inserida na educação há muito tempo, já estão acostumados com salas de aula repletas de computadores e tablets.
Em relação ao uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula, Caio acredita que a tecnologia pode auxiliar na compreensão dos conteúdos e na superação das dificuldades dos alunos além de proporcionar uma aula mais dinâmica do modelo tradicional. Ele também enfatiza que as ferramentas oferecidas pela escola e pelo governo são essenciais, mas aponta questões negativas sobre o uso.
Caio confessa que mesmo com a utilização em massa do celular em sala de aula para uso pessoal, como acessar o Instagram ou assistir vídeos de assuntos variados no Tiktok, muitos alunos ainda demonstram um desinteresse pelo uso da tecnologia quando atrelada a educação, principalmente os do ensino médio.
Caio conta que os alunos entre 11 a 18 anos costumam aceitar a inserção da tecnologia em sala de aula. Ele acredita que cabe ao profissional uma reflexão com os estudantes para que compreendam aquilo como algo positivo. No entanto, o professor muitas vezes esbarra em uma cultura escolar, que já vem de décadas, que dificulta essa sensibilização por parte dos estudantes.
Questionado sobre a influência da era digital na educação, o profissional enfatiza que a tecnologia possibilita um acesso a informações que nunca tivemos em nossa história, mas é necessário pensar na forma que utilizamos essa ferramenta. É preciso um olhar crítico acerca da qualidade desses materiais que os jovens que estão saindo do Ensino Médio terão acesso.
A Internet pode sim ser positiva, com várias formas de se adquirir e transmitir conhecimento, conta. Mas também, com o advento das redes sociais, muitos estudantes acabam por perder o interesse em questões que realmente podem mudar a sua vida. A realidade é transportada para as redes sociais e tudo que se almeja é um cumprimento de padrões impostos pelas redes. Ele enfatiza que o fator principal para se entender o lado positivo e negativo é compreender com qual finalidade esse jovem vai utilizar a Internet e seus aparelhos eletrônicos.
Os avanços tecnológicos passaram a ter domínio da sociedade de forma que os equipamentos se tornaram essenciais para o cotidiano, com benefícios e malefícios. Essa modernização atingiu o âmbito educacional, trazendo a tona um debate sobre a maneira que celulares e computadores podem ser contribuintes ou não na formação dos estudantes.