O Memorial da Resistência, localizado no centro antigo da cidade de São Paulo, apresenta exposições que ressalvam a memória da repressão violenta da ditadura civil-militar brasileira. Contando com registros escritos, cartas, imagens, obras de arte e depoimentos em vídeo, o espaço se dedica a enaltecer a luta militante e denunciar os horrores do regime.
O antigo “DEOPS” foi um dos maiores centros de tortura do Estado de São Paulo. A curadoria do museu manteve algumas celas que foram, em partes, restauradas, mas as portas e grades são as mesmas desde a época do regime; as paredes, agora, contam com manifestações manuscritas por autoria dos sobreviventes da tortura, familiares e amigos de pessoas mortas no período.
O Memorial estreou, recentemente, um andar dedicado ao papel feminino que foi crucial para o fim do regime, além de dar enfoque ao terror da violência sexual absurda e demasiada que as mulheres raptadas pelos militares eram submetidas. “Mulheres em Luta! Arquivos de Memória Política”, com curadoria de Ana Pato, reúne relatos em texto e em audiovisual, que são posicionados de uma maneira que nos aproximam do que foi, realmente, ser uma mulher na luta contra a ditadura. O “Clube da Mães da Zona Sul”, que foi um grande centro de apoio e ação política para as mulheres das periferias de São Paulo durante as décadas de 1970 em diante, ganha um enfoque especial, trazendo à tangência os escassos registros da luta das mulheres periféricas.
Além desse enquadramento, há um ambiente dedicado à história e memória de Inês Etienne Romeu, a única sobrevivente da casa de tortura clandestina, “Casa da Morte”, localizada Petrópolis, Rio de Janeiro. Há, nesse caso, um olhar muito delicado em relação à perspectiva de gênero e à vulnerabilidade extrema de corpo das presas políticas. A integrante da luta armada e de diversos núcleos de enfrentamento do banho de sangue ditatorial é protagonista de uma amostra que é repleta de imagens, cartas e de escritos oficiais da difícil luta jurídica pela sua liberdade. Para além disso, é realizada a exibição do protesto cinematográfico Inês (1974), de Delphine Seyrig, que engloba conteúdos sensíveis, mas que trazem um abeiramento importante.