Malala ajuda diminuir desistência escolar na rede pública

Pamela Andrade encontrou na trajetória da ativista paquistanesa o incentivo para seguir estudando, mesmo com os desafios pessoais e sociais que a cercam
por
Rebeka Garzon Nunes
Millene Gomes de Souza Araujo
|
24/06/2025 - 12h

Pamela Andrade, 17 anos, estudante de escola pública em São Paulo (SP), pensou em deixar a escola
mais de uma vez. O desânimo vinha da falta de apoio, do desinteresse pelas aulas e das dificuldades
sociais ao seu redor. Mas tudo mudou quando, ainda no ensino fundamental, conheceu a história de
Malala Yousafzai durante uma aula de história. “A professora falou sobre ela e depois assistimos a um
documentário. Fiquei impressionada”, lembra a jovem.
Desde então, Pamela passou a ver a educação de outra forma. “Ela foi corajosa, enfrentou homens
horríveis para ter o direito de estudar e continuou ajudando meninas no mundo todo. Isso me motivou a
terminar os estudos e querer fazer faculdade também. Um dia, quero ser importante como a Malala”,
afirma a jovem, que atualmente possui uma das melhores notas de sua turma.
A trajetória da jovem paquistanesa que sobreviveu a um atentado do Talibã por defender o direito de
meninas estudarem, atravessou fronteiras e hoje serve de inspiração para milhares de adolescentes
como Pamela.
Nascida em 1997, no Vale do Swat, no Paquistão, Malala Yousafzai cresceu sob forte influência do pai,
Ziauddin Yousafzai, educador e ativista. Em 2009, aos 11 anos, passou a relatar o cotidiano escolar das
meninas em seu país por meio de um blog da BBC, sob o pseudônimo Gul Makai. O conteúdo, que
denunciava a repressão do Talibã, chamou atenção internacional — e também dos extremistas.

Em 9 de outubro de 2012, Malala foi alvo de um atentado. Militantes armados interceptaram o ônibus
escolar em que ela estava e dispararam três vezes contra sua cabeça. Um dos tiros a atingiu, mas ela
sobreviveu. A tentativa de silenciá-la, no entanto, teve o efeito contrário. O mundo parou para ver e
aplaudir tamanha bravura
Já em 2013, lançou o livro Eu Sou Malala, onde relata sua infância, o atentado e os desafios enfrentados
pelas meninas em regiões dominadas pelo extremismo. A obra tornou-se um best-seller internacional.
Em 2014, aos 17 anos, Malala recebeu o Prêmio Nobel da Paz, tornando-se a pessoa mais jovem da
história a conquistar a honraria. Em seu discurso, defendeu a educação como ferramenta de combate ao
terrorismo: “Com armas, você pode matar terroristas. Com educação, você pode acabar com o
terrorismo”.
A ativista concluiu, em 2020, a graduação em Filosofia, Política e Economia pela Universidade de Oxford,
no Reino Unido. Atualmente, comanda o Malala Fund, fundação que apoia projetos educacionais em
países como Paquistão, Nigéria, Etiópia e Afeganistão, e participa de fóruns internacionais sobre direitos
humanos e igualdade de gênero. Ela também atua com governos para incentivar criação de mais
projetos na educação.
Para Pamela, Malala Yousafzai representa mais do que uma história bonita: é um exemplo real de que
vale a pena persistir. A jovem paulistana sonha em ser a primeira da família a fazer faculdade e deseja
trabalhar com causas sociais. “Ela não desistiu nem depois de ser atacada. Eu pensei: se ela teve
coragem, eu também posso ter. Se eu continuar, posso conquistar muita coisa.”
A história da estudante ilustra como o legado de Malala ultrapassa fronteiras. Seu impacto vai além dos
prêmios: chega às salas de aula, toca meninas em situação de vulnerabilidade e mostra que educação é,
sim, um caminho de transformação. Para muitas, ela é a prova de que nenhuma ideia pode ser destruída ou silenciada à força.

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