Mães Passam a Trabalhar mais Durante a Pandemia

Com a falta de empregadas domesticas, a divisão de tarefas domesticas caem apenas sobre as mães.
por
Paula Moraes
|
27/11/2020 - 12h

Com a pandemia, as mães de família se sentem sobrecarregadas, tendo que se desdobrar para cuidar de forma desigual dos filhos, da casa e do trabalho, enquanto os maridos e filhos não sofreram com a carga extra de tarefas domesticas.

Cristina Sousa
Cristina Sousa

            A mudança repentina do dia a dia fez com que as famílias tivessem que se adaptar, entretanto isso não significa uma adaptação justa. “A divisão do trabalho doméstico não foi tão justa, eu acabava trabalhando mais” relata a Gerente de Eventos e Suporte Infield da empresa Takeda, Cristina Sousa.

    Sousa, que está passando a pandemia com o marido e a filha de 13 anos, se encontrou em uma posição de injustiça, onde toda a carga domestica caiu sobre seus ombros, já que teve que dispensar a ajudante domestica para prevenir a família de se infectar.

            Segundo dados da ONU Mulheres, antes da pandemia a mulheres faziam em média o triplo de trabalho domestico que os homens, sendo estes cozinhar, limpar e ir as compras, e com a pandemia eles estimulam que este número pelo menos duplicou. A matéria também relata que as filhas tem mais probabilidade de ajudar nas tarefas do que os filhos, entretanto isso não é aplicado na família de Souza.

            A mesma pesquisa relata que o tempo em que as mulheres passaram a cuidar dos filhos aumentou, devido a proximidade do dia a dia. Esta atitude foi adotada na família de Sousa, que tomou a dianteira para ajudar a filha com os estudos quando necessário.

            Com um inicio de ano difícil, repleto de grandes cargas horarias de trabalho domestico e da empresa, com as fases de isolamento social melhorando, Sousa optou pela volta da ajudante para diminuir sua carga de trabalho, o que gerou na diminuição de estresse e de trabalho diário.

            Já na casa de Cristina Rigatto, Gerente de Relacionamento com o Terceiro Setor da empresa Pfizer, a vinda de uma empregada para ajuda-la com as tarefas domesticas não foi uma opção em nenhum momento, o que fez com que ela continuasse sobrecarregada de trabalho.

            Ao contrario de Souza, Rigatto é divorciada então só poderia dividir as tarefas domesticas com os filhos. Mesmo com dois filhos, um com 14 e o outro com 18, que ficaram encarregados de algumas tarefas mais fáceis, como lavar a louça, a maior carga de trabalho domestico ainda é dela.

            Mesmo tendo um espaço só para si em casa, a mudança física de ambiente de trabalhando, indo de um escritório formal para um quarto em casa, fez com que Rigatto não se sentisse totalmente satisfeita com seu desemprenho de trabalho. “Muitas vezes a concentração no trabalho é prejudicada”.

            Parte dessa dificuldade de concentração também vem da atenção redobrada com os filhos, para garantir especialmente que estivessem se dedicando com os estudos. “Tive que monitorar o mais novo, que demorou para entender que a demanda escolar continuava a mesma.”

            Para conseguir se organizar melhor e ter menos estresse durante a semana, Rigatto optou por deixar a maioria das refeições pronta no final de semana, eliminando uma carga horaria que demandaria muito tempo. Por conta dessa mudança, Rigatto conseguiu encaixar tempo duas vezes na semana para ir a academia de manha.

            Mesmo sendo um período tão complicado e repleto de medos e incertezas, Rigatto aprecia os benefícios que a pandemia trouxe para si, que foi a oportunidade de aumentar e melhorar a convivência com os filhos.

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