Na noite de sábado (04) Madonna transformou Copacabana na maior pista de dança do mundo. A cantora realizou o encerramento da The Celebration Tour na cidade do Rio de Janeiro. O evento patrocinado pelo Itaú comemorou 100 anos do banco e 40 anos de carreira da artista. Em um palco com o dobro do tamanho original, 812 metros quadrados, o show gratuito celebrou a história da rainha do pop.
A cidade maravilhosa sentiu o efeito Madonna. Em dados publicados pelo governo do estado, a cidade recebeu cerca de 150 mil turistas nacionais e internacionais. Houve 96% de ocupação dos hotéis.
O investimento para que o evento ocorresse chegou a R$60 milhões. O valor foi compartilhado entre o Itaú, Heineken, a prefeitura e o governo do Rio de Janeiro. "O show faz parte da política de atração de grandes eventos para a cidade, como ocorre com a realização do Rock In Rio, ou no Carnaval e Réveillon", explica a gestão. O retorno para a economia local foi de mais de R$300 milhões, segundo Cláudio Castro, governador do estado.
Em sete atos, a lenda da música revive momentos de sua história e ressurge com discussões importantes. Ela extraiu 25 canções dos seus 14 álbuns de estúdio para setlist. Durante “Live To Tell” surgem fotos nos telões de personalidades internacionais - e brasileiras - que faleceram em decorrência da AIDS.
Em “Vogue ", Anitta subiu ao palco para celebrar a cultura LGBT+. Na apresentação, há um desfile de dançarinos executando o estilo que inspirou a música. O número teve a presença de Estere, filha de Madonna, que ganhou nota 10 da artista brasileira com seus passos. Este momento e outros contam com a participação dos filhos adotivos de Madonna. Mercy James, de 18 anos, David Banda, também de 18, e as gêmeas Stella e Estere, de 11, abrilhantaram o palco em diferentes momentos da performance.
Pabllo Vittar subiu ao palco ao som de “Music” com instrumental feito por Pretinho da Serrinha e os jovens ritmistas da "Tropa do Little Black". Com camisa do Brasil as duas estrelas pop dançaram e Madonna fez o famoso passo de dança ‘quadradinho’ na cara de Pabllo. Com o verso “Música faz as pessoas se unirem”. A artista deixou claro que além de honrar sua própria trajetória estava exaltando a cultura brasileira.
Eu vivi pra ver esse momento! Muito BFF's, né, @pabllovittar? #MadonnaNaGlô pic.twitter.com/yPMK7KFC3p
— TV Globo 📺 (@tvglobo) May 5, 2024
No estilo mais Madonna possível, ela beijou seus dançarinos em “Open Your Heart” e em “Hung Up” sua bailarina transexual Jal Joshua. Na música “Fever”, a diva interagiu com uma representação sua dos anos 90 em referência ao documentário “Na cama com Madonna” e simulou uma masturbação. O espetáculo teve desde flerte com “Jesus” até bailarinos apenas de calcinha.
A face provocativa de Madonna a tornou revolucionária para a música, usando a sexualidade como forma de resistência, ela conseguiu se consagrar no mercado musical em tempos onde a expectativa era a feminilidade pura para as mulheres. Sua carreira abriu espaço para a voz das mulheres que vieram após dela. “A coisa mais controversa que já fiz foi permanecer.”, ela replica sua fala durante a aceitação do prêmio de mulher do ano pela revista Billboard no concerto.
Em duas horas de show, aos 65 anos, Madonna mostra o porque é considerada a rainha do pop. As discussões propostas pela artista ultrapassam o mundo da música e os palcos. A identificação com os movimentos prol LGBT+ e feminista são representação disso. Após ser obrigada a adiar a turnê devido a infecção bacteriana em 2023 e ter ficado em coma induzido por quatro dias, a estrela é um símbolo de sobrevivência, resiliência e resistência. Ela se tornou atemporal, desafiando a finitude do tempo. Neste espetáculo ela uniu o presente, o passado e o futuro com confiança de que imortalizou seu nome na história.