Machismo dificulta presença feminina nos esportes

A importância da mulher e a disparidade entre os sexos são assuntos pouco citados quando se trata de esportes americanos.
por
Davi Garcia
Rodolfo Soares Dias
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30/06/2022 - 12h

Mia Mastrocolo já vivenciou o machismo como Jornalista e em seus cinco anos trabalhando com esportes americanos, sabe das dificuldades presentes no meio, “Sem dúvidas, já passei por várias situações chatas. Muita gente coloca em xeque só pelo fato de ser uma mulher falando, mesmo que tenha mais quatro homens na bancada concordando.”
 
A ausência de mulheres no ramo ainda incomoda, o número de comentaristas e apresentadoras na TV é pequeno e a mentalidade do telespectador associa o esporte como algo masculino, quando se trata de esportes americanos a grande maioria dos profissionais são homens com pouquíssimas exceções, como Alana Ambrosio, comentarista da ESPN, e Natália Lara, narradora do Sportv, que quebraram o padrão. Essa diferença é perceptível pelo alto crescimento da figura feminina no esporte da bola redonda.


Mia, 29, é formada em Economia, porém, sua verdadeira paixão pelos esportes americanos a fez lutar por espaço e, mesmo sem ter a formação no Jornalismo, adentrou no site The Playoffs em 2016 como apresentadora e redatora. Durante sua carreira, teve a oportunidade de acompanhar e participar de projetos focados na cobertura feminina da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), “Conheci muitas minas incríveis nesse meio, em 2018 tínhamos um projeto com quase 40 meninas só falando de NFL” e completa, “Sem dúvidas tem muita menina com conhecimento fantástico pra essas posições, mas como sempre, falta espaço”.


Camila é um exemplo de talento que não tem espaço, moradora do Rio de Janeiro Camila Fogueira já participou de diversos cursos focados no Jornalismo, mas ainda não teve a oportunidade desejada e acredita que a presença do machismo é um dos motivos de não trabalhar com esporte. “As mulheres sempre estão pressionadas, a preocupação de nunca ser suficiente não vai acabar do dia para a noite”. Fogueira cita, suas tentativas em entrevistas para o ramo, o número inferior de profissionais femininas e o desinteresse dos entrevistadores, “é nítido a diferença” comenta.

Quando comparados com o futebol, onde a presença de mulheres cresce cada vez mais, os esportes americanos são tratados como periféricos e são pouco discutidos por não terem grandes esportistas do país nas ligas e se mostra muito distante por ser taxado como “esportes norte-americanos", o que dificulta o crescimento de uma cultura mais forte no Brasil, diminuindo a presença do jornalismo feminino nessa área. Dentro do futebol por exemplo, a narradora Renata Silveira quebra tabus e escreve história no jornalismo brasileiro, além de ser a primeira mulher a narrar um jogo de futebol em TV aberta a jornalista também será a primeira mulher no Brasil a narrar uma Copa do Mundo, promovendo a força e a grandeza da mulher no futebol.

 

A presença da mulher no esporte tem um aumento lento e gradual, e a especialização do grupo feminino já é um fato, mas é uma via de mão dupla, a indústria do esporte na imprensa ainda enxerga a mulher como algo frágil que pode, em muitos casos, diminuir sua audiência. “Apesar da falta de espaço, então abrindo os olhos para a importância da mulher, e a gente pode tudo, mas temos que se dedicar em qualquer área que estivermos” afirma Mia ao ser perguntada que tipo de dica daria para jovens que sonham em trabalhar com esporte.