O movimento estudantil está presente na rotina do ambiente universitário. Ao entrar em qualquer universidade do país, pública ou privada, é possível encontrar grupos que se reúnem e lutam por suas diversas ideologias, porém nem sempre essa foi a realidade, esse tipo de organização já sofreu com censuras e dura repressão.
Os estudantes conquistaram vários direitos a partir de lutas lideradas por esses movimentos, como o voto aos dezesseis anos, a lei de cotas, em conjunto com o movimento negro, o passe livre estudantil, entre outras que impactaram a rotina de estudantes e mudaram a realidade das universidades brasileiras.
Mesmo com esses resultados, muitos governantes ignoram a participação dessa parcela da sociedade em decisões políticas. Governos mais conservadores tendem a excluir os estudantes de discussões por medo de uma resposta mais radical e pensamentos que diferem de sua ideologia. O atual presidente Jair Bolsonaro já se mostrou desfavorável a essas lutas diversas vezes.
Em 2019, no primeiro ano de governo, estudantes estavam lutando contra cortes na educação promovidos pelo governo federal. Bolsonaro se referiu a eles como o “movimento do pessoalzinho que eu cortei verba” em tom irônico.
As falas de Jair Bolsonaro para os estudantes lembram os xingamentos sofridos por esse grupo durante o período de maior luta deles contra a opressão, a ditadura militar brasileira, momento histórico do qual o presidente é saudoso. Onde os estudantes tiveram o papel fundamental de lutar contra a opressão e ajudaram a derrubar o poder vigente e trazer a democracia de volta ao país.
Nos trinta e sete anos desde dessa redemocratização conquistada por eles, a luta dos estudantes parece ser a mesma, derrubar um governo autoritário que não aceita escutá-los e não garante os seus direitos. Théo Brandão, estudante de direito da PUC-SP e militante do coletivo Afronte, discursa sobre os objetivos dos alunos para as eleições presidenciais de 2022, “No segundo semestre a gente tem uma tarefa histórica da um geração, que é derrotar o Bolsonaro. Estamos diante do governo mais antidemocrático e brutal desde o fim da ditadura, e a tarefa número um de toda a juventude e de movimentos sociais junto com a classe trabalhadora é derrotar o Bolsonaro”.
Inúmeros movimentos estudantis têm se unido com o objetivo de somar forças políticas para derrotar um governo antidemocrático que não aceita ouvir a juventude que é o futuro da nação, com isso, vem juntando forças para reeleger o ex-presidente Lula, principalmente por seu histórico de lutas e criação de leis durante o seu governo que auxiliam na democratização da educação.
Outros governantes começaram a perceber a influência dessa juventude para as eleições e seus mandatos, o pré-candidato a governador e ex-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos foca sua campanha política para esse público e os inclui na tomada de decisões, “a gente foi o coletivo que mais fez campanha para o Boulos e participamos do programa de elaboração da juventude de seu governo”, contou Theo.
O movimento estudantil também cumpre outro papel para a maior participação política dos jovens. Muitos políticos tiveram o primeiro contato com lutas e movimentos sociais através desse movimento, caso da vereadora da denominada bancada feminista Paula Nunes que era militante do afronte e teve no coletivo o primeiro contato com a política.
O ativista e estudante Theo presenciou momentos como esse “o movimento estudantil dá uma oportunidade, é muito comum que jovens que entram no ambiente universitário encontrem no movimento estudantil o primeiro contato com espaço político, o movimento sempre teve uma capacidade muito grande de angariar politicamente muitas pessoas e estudantes”
Porém mesmo ganhando forças e dando poder e voz a milhares de estudantes, os movimentos encontram dificuldade de crescer diante as críticas de pessoas que não conhecem sua realidade, pois se tornou comum no Brasil movimentos sociais sofrerem com a opinião pública.
A luta pela permanência e por uma universidade democratizada parece incomodar aqueles que são privilegiados pelas condições atuais, que tentam de qualquer derrotar as vitórias conquistas por esse povo, como as cotas que estão sempre em perigo constante de críticas e abolição.
O movimento estudantil mudou desde a sua criação, passando por momentos de turbulência como a ditadura militar e o governo Bolsonaro, e por diversas vitórias, porém uma coisa continua constante, o poder desse povo em mudar a realidade e eleger seus candidatos.