Lollapalooza Brasil 2022 é marcado por grandes shows e atos políticos
Após dois anos, o evento marcou a volta dos festivais em São Paulo após a flexibilização das medidas contra a Covid-19
Por: Cecília Mayrink O’Kuinghttons, Diogo Moreno Pereira, Giuliana Nardi e Juliana Mello
O Lollapalooza Brasil é um dos maiores e mais esperados festivais de São Paulo. Suspenso desde 2020, em decorrência da pandemia da Covid-19, no ano passado foi remarcado e ocorreu neste final de semana, nos dias 25, 26 e 27 de março, no Autódromo de Interlagos, inaugurando assim, a volta dos grandes eventos na cidade. Segundo a organização do festival, ao longo das três datas, 302.235 pessoas estiveram presentes no local, sendo o sábado o dia que mais concentrou o público.
Primeiro dia do Lollapalooza - Reprodução: Arquivo Pessoal
O festival contou com diversas atrações, tanto nacionais, quanto internacionais. Na sexta-feira (25) o headliner da noite foi a banda norte-americana The Strokes, donos dos hits Reptilia e Last Nite. No mesmo dia, ocorreram shows de Pabllo Vittar, após a pausa no cronograma devido às condições meteorológicas e a forte chuva que caiu em Interlagos e a consequente paralisação das apresentações por mais de duas horas. Pabllo fez um show cheio de atos políticos e presença de palco. O dia também teve apresentações dos artistas Machine Gun Kelly, Doja Cat e o DJ Alan Walker.
Julian Casablancas, vocalista do The Strokes - Reprodução: Instagram (@aradiorock)
No sábado (26), não ocorreu nenhum imprevisto de paralisação dos shows devido ao clima, então não houve cancelamento de apresentações. A headliner da noite era a cantora Miley Cyrus, ídola da geração 2000 a 2010, performando suas músicas acompanhada por um público apaixonado. Seu show contou com a presença da brasileira Anitta, cantando seu sucesso “Boys don’t cry” junto com a plateia. O dia contou com shows dos brasileiros Jão, Emicida e Alok e também, da canadense Alessia Cara e do norte-americado ASAP Rocky.
Miley Cyrus - Reprodução: Instagram (@mileycyrus)
Chegando no domingo (27), último dia de festival, o clima não foi favorável com Interlagos, pois as ameaças de tempestade fizeram com que a organização paralisasse as apresentações novamente por quase duas horas. Por conta dessa interrupção, o show da banda Planta e Raiz e do cantor Rashid foram cancelados. A programação foi retomada com a banda Fresno, um grupo de rock muito presente nos anos 2000. O headliner da noite seria a banda Foo Fighters. Entretanto, com a morte do baterista Taylor Hawkins, na Colômbia, dois dias antes de tocarem no Brasil, a banda teve que cancelar o restante da turnê. Para substituí-los, a organização conseguiu artistas como Emicida, Mano Brown, a banda de rock Ego Kill Talent e outros para fazer um show em homenagem ao artista falecido. Lagum, Cat Dealers, Martin Garrix e Gloria Groove também fizeram apresentações incríveis durante o dia.
Show de Homenagem ao Taylor Hawkins - Reprodução - Instagram (@aradiorock)
Além dos brasileiros citados acima, o Palco Adidas, recebeu a participação de Djonga, um rapper super engajado em causas sociais, tais como o racismo e a violência policial nas favelas. O show foi um espetáculo de muita indignação com a atual situação política do Brasil.
O evento acompanhou os decretos estabelecidos pelo Estado de São Paulo em relação aos protocolos de segurança contra a Covid-19 e decidiu que não seria obrigatório o uso de máscara durante o festival, apesar de o recomendarem. Entretanto, foi exigido na entrada do autódromo o comprovante de vacinação contra a doença com ao menos duas doses e um documento com foto.
Isabella de Marco compareceram sábado no festival para assistir a Miley Cyrus e conta que na entrada do evento lhe solicitaram a carteira de vacinação, o que ela considerou prudente e importante, levando em conta o atual momento da pandemia no país: "Esperamos dois anos pelo dia de hoje e estou muito feliz de finalmente estar aqui. Achei a fiscalização das doses da vacina muito bem feita e checaram com cuidado os documentos de forma efetiva”. Já em relação ao uso das máscaras, de Marco observou que poucas pessoas as estavam usando: “Pelo que vi, a maioria dos que adotaram seu uso foram os funcionários dos estabelecimentos de comida, os vendedores ambulantes e algumas pessoas dos guichês da bilheteria”. Apesar de ser uma aglomeração de tal dimensão, a entrevistada diz se sentir mais segura para ir agora aos shows por já estar imunizada e que valeu a pena comparecer ao festival.
Um dos marcos dessa edição do festival foram as infundadas tentativas de censura impostas pelo partido de Jair Bolsonaro (PL), que após ser criticado pela grande maioria dos artistas que se apresentaram entre sexta e sábado, resolveu acionar o TSE com o intuito de barrar quaisquer manifestações contrárias à atual administração do governo. O que desencadeou essa ação foi a declaração aberta da cantora Pabllo Vittar de preferência de voto ao ex-presidente Lula, nas já não tão distantes eleições presidenciais de 2022. A artista desfilou com uma bandeira estampada com o rosto do político no final de sua apresentação e gritou “Fora Bolsonaro”, que ecoou em toda a multidão de seu público.
Pabllo Vittar levantando a bandeira com o rosto do ex-presidente Lula - Reprodução: Instagram @ptsaopaulo
No domingo de manhã já circulava a notícia da ameaça aberta ao direito de expressão dos artistas, que, por sua parte, fizeram questão de rebater o ato, mesmo sob a recente ameaça de multas e problemas legais. Lulu Santos, Fresno e Djonga iniciaram o último dia do festival utilizando seu espaço, voz e influência para protestarem contra o governo, puxando coros e palavras de ordem contundentes. Tais atitudes culminaram em uma impressionante e organizada resposta dos artistas no especial e emocionante show de fechamento da noite. A mensagem passada era simples e foi ouvida por todo o país na noite de domingo: votar e incentivar uma mudança a um país possível e melhor.